Baixando a Guarda

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A curiosa luz verde emanava da mão de Sakura, causando um pouco de cócegas enquanto acelerava a cicatrização de forma impressionante. Saber que Neji tivera a coragem de atacar a garota com uma shuriken quando deveria protegê-la de pessoas que pensassem o mesmo a deixou enfurecida, não interessa quantas desculpas ele inventaria.

― Por que deu essa ideia maluca, Dakota? ― Abaixou a mão para verificar o braço da garota sentada na maca. Ela deveria estar cabisbaixa ou envergonhada, mas por algum motivo, mantinha os olhos nos seus. ― Se fosse outra pessoa, você poderia ter morrido...

― Eu já disse. ― Bufou, revirando os olhos. ― Precisava ter certeza que podia me defender sozinha enquanto ficasse aqui. E de qualquer forma, foi só um arranhão. ― Olhou de relance para Neji, que fitou o braço com uma pequena cicatriz.

Levantou-se da maca e dispensou a faixa para cobrir a cicatriz, pegando sua bolsa e verificando se a varinha ainda estava lá. Querendo evitar um novo discurso (tanto para ela quanto para o rapaz), agradeceu a kunoichi pelos cuidados e saiu do hospital o mais rápido que pôde.

― Duas vezes no hospital em três dias ― disse mais para si mesma do que para Hyūga. ― Deve ser um novo recorde.

― Você ainda não conhece o Naruto ― respondeu, começando a caminhar.

Sentia-se um pouco mal por tê-la ferido, mesmo não tendo coragem de se desculpar. Pelo pouco que conhecia, ela odiaria ouvir suas desculpas, de qualquer modo. Só topou porque era sua chance de provar para a Hokage que não precisava protegê-la, que ela daria conta sozinha.

Tudo foi por água abaixo no momento em que se defendeu do feitiço e quando a acertou com a shuriken. Nem se daria ao trabalho de ir até o escritório da senhora Tsunade, pois já sabia que, agora, mais do que nunca, a resposta seria não.

― Então qualquer um que souber jogar aquele negócio em mim... ― sussurrou, enquanto o alcançava para andarem lado a lado.

― Shuriken ― replicou.

Whatever. ― Revirou os olhos, vendo o olhar confuso lançado a ela. ― Significa "tanto faz", no meu idioma. Então qualquer um que saiba manusear uma shuriken e me pegar desprevenida, pode até mesmo me matar? É isso? ― Riu de nervosismo só de pensar na possibilidade. Quem diria, o País do Fogo era mais perigoso do que parecia!

― Sim. Aparentemente sim, a não ser que tenha outras estratégias de defesa.

O vento frio e úmido do fim de tarde os atingiu com tudo, trazendo poeira e algumas folhas verdes com ele. Um trovão foi ouvido logo em seguida, deixando Dakota preocupada.

― Tinha um mais forte. ― Apressou o passo quando Neji apertou o dele. ― Mas eu achei que aquele ia funcionar, então...

Outro trovão, seguido por dois raios. As tempestades de primavera em Konoha costumavam ser brutais, e ele sabia disso. Se apressou o máximo que se atreveu, sem começar a correr.

― Se você tem algo forte, use-o ― respondeu, sentindo as primeiras gotas caírem do céu. ― Vamos correr, pelo visto vai chover a noite toda.

Sem esperar resposta, Hyūga correu o máximo que pôde, tendo sempre a certeza de que Dakota estava próxima. Mesmo sem pausas para respirar e mantendo um bom ritmo, a chuva os atingiu em cheio, forte e muito bem acompanhada de raios e trovões. Alguns minutos depois (e por um caminho que a inglesa não conhecia), chegaram na pousada. Crouch apoiou as mãos nos joelhos para respirar, havia muito tempo que não corria daquele jeito e com toda certeza estava acabada. Precisava entrar para sair logo da chuva, mas também precisava de ar.

Estava completamente encharcada, dos pés à cabeça. Lama no par de tênis, que respingou na calça jeans clara, e a água grudou a blusa bordô em seu corpo, limitando seus movimentos. O shinobi não estava muito melhor que ela, na verdade. Os cabelos escuros grudaram em seu rosto e a mochila que ele levava consigo para todo canto que fosse também estava completamente molhada. A roupa branca colou em algumas partes de seu corpo, detalhe que Dakota detestou por ter reparado enquanto retirava alguns fios loiros da testa.

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