capítulo 6- Filhos do sal.

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Peter cavalgava mais acelerado pelo caís, passando pela multidão desatenta enquanto desviava das caixas de madeira que ocupavam a passagem da ponte de madeira, boiando sobre a água. Ele seguia excitado para sua próxima missão, olhando o mar com um expressão sonsa em seu rosto. O cheiro da água salgada e os gritos confusos dos marinheiros o trouxeram uma alegria espontânea. Ele encarava toda situação agora com extrema animação, era como um sonho de criança realizado, viver em um mundo fantástico com pessoas usando armadura e camponeses oprimidos, carregando peixes frescos em carroças de madeira. Peter ficou hipnotizado quando contemplou o maior navio que já havia visto em sua vida, ancorado sobre a água um pouca a sua frente no mar. A grande embarcação de madeira abaixava as velas brancas lentamente enquanto a tripulação saia em botes precários pelo mar até a margem. Os marinheiros soltavam suspiros de esforço em um grande coro, em sincronia com suas remadas impulsionados pela maré até as pontes de madeira do caís. Peter soltou uma contagiante risada observando o navio ainda bobo como uma criança.

Cassandra observava ele cambalear meio atrapalhado com o cavalo em meio a multidão, com um pequeno sorriso no canto da boca enquanto Arranor mantinha a seriedade no caís, a procura seu barco.

Lá estava ele, uma velha embarcação de carcaça negra e pequenas velas brancas, encostado no caís, titubeando com a força das ondas que batiam em sua parte lateral. Arranor olhou com decepção para o navio enquanto se aproximava, ele orou aos deuses para que aquele não fosse o que procurava, mas perdeu todas esperanças quando avistou o símbolo da casa Zymer na popa do pequeno barco. Ele gritou para que Peter parasse com suas exibições aos populares, e voltasse indo pela ponte de madeira até o barco ancorado no final no porto.

Arranor desceu do cavalo, passando a mão com leves tapinhas no pelo grosso de sua montaria–ao qual chamava de Cavalieri. Ele se aproximou do barco olhando com frustração as velhas madeiras do casco. Quando o arqueiro esticou a mão para tocar o navio um profundo assobio percorreu o caís até seus ouvidos. Ao se virar Arranor deu de cara com um menino baixinho de pele pálida e olhos azuis, sua pele tinha uma cor áspera, seus cabelos platinados caiam sobre seus olhos, onde uma tatuagem azulada contracenava com suas vestes negras e sujas, junto com grande placas de ferro em seus pulsos e pernas.

Peter notou que o garoto se vestia exatamente como os outros membros do porto, suas roupas negras pareciam ser uma espécie de uniforme, assim como se assemelhavam na aparência.
O garoto atrevido se aproximou balançando os dedos em negação em direção a Arranor.

— Não pode tocar forasteiro, é uma relíquia de família. Se quiseres navegar, 10 pepitas de Iper é o preço.– Disse o rapaz simpático, acariciando a madeira mofa da embarcação.

— Relíquia? É um carcaça boiando no mar.– O arqueiro analisava o barco em desaprovação, sem tirar a expressão de nojo da face.

— Não fale assim compadre, nossa... Esse arco! Eu já vi ele antes. Você é...

— Zamir?!!– Gritou Cassandra, interrompendo o garoto enquanto descia da montaria, o reconhecendo com entusiasmo.

— Cassandra!

Os dois se abraçaram fortemente em meio a comemorações singelas. Peter observou tudo ainda montado em Mísera, meio desconfortável com a situação.

Cassandra passou a mão nos cabelos prata do garoto, esbanjando um delicado sorriso no rosto enquanto o rapaz passava de pálido para vermelho, corando de nervosismo.

— Como você está grande. A quanto tempo não vejo você?

— À muito tempo. Eu agora sou um membro da baixa guarda, um homem usando preto, um digno filho do sal.– Anunciou o rapaz com orgulho— E você deve ser Arranor. Nossa como meu pai falava de tu!

WAR OF IMPERI - Uma guerra pela paz.Onde histórias criam vida. Descubra agora