Capítulo 2- Estrondos.

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Peter engoliu o comprimido e tomou um leve gole dágua. Seu olho estava inchado e sua cabeça latejava, pesada e dolorida por conta da falta de seus óculos. Os flashes apareciam constantemente, elevando sua tontura, como se ainda levasse seguidos socos na cabeça.

Peter não queria ter ido ao hospital. Ele detestava o cheiro de materiais hospitalar e desinfetante barato, parecia que seu corpo desejava ficar doente com o simples contato com uma maca de hospital. Porém, desta vez ele não teve escolha. Já estava meio abatido, e nem conseguia se concentrar nos apelos desesperados de sua mãe quando ela o pegou, ainda na rua da escola, partindo em alta velocidade como se ele tivesse perdido um braço. Era só um olho roxo, passaria em poucos dias, porém Betty não tratou isso como uma situação comum, porque não era de fato. Peter nunca havia entrado em uma briga ou havia chegado em casa machucado, não que ela tivesse conhecimento, já que na maioria das vezes ele escondia os hematomas de sua percepção. Possuía inexperiência em lidar com garotos encrenqueiros, pois seu primogênito nunca havia se envolvido em confusões do tipo, e até mesmo ele começava a estranhar as consequências.

Peter ouviu ainda calado os insistentes conselhos sobre juventude do médico que o atendeu, e então encontrou sua mãe, aflita no saguão. Ele continuava em silêncio por todo trajeto até o carro, não conseguia tirar de sua cabeça o que havia acontecido naquele beco, refletindo em como ele havia sido incapaz de controlar seu corpo no calor do duelo, como se um poder sobrenatural houvesse tomado o controle.

Elizabeth havia saído de imediato do trabalho quando recebeu a ligação. Peter havia se arrependido no momento em que deu o número de sua mãe para o padeiro que o havia encontrado, ele sabia que quando ela o encontrasse daquele jeito, fugir das perguntas iria ser impossível, por isso ele permaneceu apático e silencioso durante toda a viagem. Porém, Betty não deixou de resmungar consigo mesma, com receio de indagar ao próprio filho sobre o acontecimento. Ainda assim, mais cedo ou mais tarde ela finalmente teria que questiona-lo:

— Você vai me dizer o que aconteceu?

— Maldito poste não?– debochou Peter sarcástico.

— Olha Peter, eu já estou cansada disso. De você me empurrando pra longe. Toda vez que eu tento me aproximar você faz isso. Eu tenho o direito de saber o que aconteceu, eu sou mãe droga!

— Eu estou libertando você do fardo de se preocupar, devia agradecer.

— Eu disse chega Peter! Chega de falar assim comigo. Eu quero saber e quero saber agora... O que aconteceu?

— É sério, não precisa se preocupar, foi burrice. Eu me meti em uma briga estúpida, foi culpa minha.– respondeu aborrecido.

— E por isso eu não tenho o direito de saber?

— Disse que você não precisava se preocupar.

— Claro que preciso, você é meu filho. Você arruma briga na rua e acha que isso não é problema meu? Olha como você está, olhe seu rosto!– disse Betty, enquanto Peter permanecia encarando a rua pela janela do carro.— Quem fez isso?

— Eu já disse, foi culpa minha, porque você não pode simplesmente aceitar isso? Que eu posso não ser perfeito. Que pode ter sido mesmo algo pessoal. Você não me conhece...

— Realmente, você não conversa comigo, me evita, não compartilha nada comigo, parece que sou uma estranha.– Betty fez um curto silencio antes de continuar seu sermão, observando a reação do garoto— Não pode mais me tratar assim Pete, somos só nós dois. Precisamos nos ajudar, ficar um do lado do outro. Você precisa lutar junto comigo se não eu não consigo passar por isso sozinha.

— "Lutar com o que mãe"? Qual o grande problema familiar que estamos passando agora?– Perguntou Peter, já descontente com o decorrer da conversa.

WAR OF IMPERI - Uma guerra pela paz.Onde histórias criam vida. Descubra agora