Capítulo 7- O livro de Zymer.

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A noite era escura, e sob a água do mar a densa névoa marítima flutuava, obscurecendo a visão do caís. Era quase impossível enxergar naquele breu intenso, e Arranor já estava cansado, seus braços começavam a doer de tanto remar o bote de madeira. Ele estava molhado, com frio e ferido, e a escuridão da noite começou a aborrece-lo.

Por que tudo tem ser tão difícil? Se perguntou o arqueiro, desistindo de remar e deixando o bote seguir sozinho com a força da água.

Cassandra viu nos olhos do companheiro sua completa exaustão, ela quis ajuda-lo, por isso tomou coragem de se levantar e conjurar um feitiço. Cassandra fez uma movimento rápido com as duas mãos, seus olhos brilharam novamente em uma cor púrpura enquanto recitava algo, quase inaudível em um dialeto incompreensível. Quando a feiticeira estendeu uma das mãos para cima, um globo de luz surgiu na palma de sua mão, afastando a névoa violentamente, abrindo uma espécie de clareira, livre da densidade da nuvem baixa e da escuridão da noite.

Peter se encolhia no fundo do bote, tentando se aquecer da brisa gelada do mar, acariciando seu peito por cima da camisa ensopada. O garoto choramingava de cabeça baixa, deixando as gotas de água descerem lentamente por sua testa até seus olhos fechados. Quando Cassandra invocou o globo de luz, o efeito foi tão potente que Peter acordou de seu murmúrio e levantou a cabeça apenas para ver a visão majestosa do truque de sua companheira.

Com o caminho iluminado, tanto Peter quando Arranor conseguiram ver no horizonte a imagem da grande cidade portuária. Sem a névoa em seu caminho, as luzes da cidade pontuaram a paisagem assim como as luzes das tochas, iluminando o alto da grande torre no centro.

Arranor pela primeira vez deu um pequeno sorriso espontâneo, repleto de alívio e alegria ao ver aquela imagem. Ele pegou novamente os remos e com toda força que lhe restava começou a guiar o bote ao porto de madeira afrente.

Quando perto da margem, a corrente do mar era tão forte que o arqueiro pode até parar de dirigir seu refúgio. Ele desceu do bote, caindo na água rasa e gelada da madrugada. Cassandra cancelou seu globo luminoso, que flutuava sozinho acima de sua cabeça. O arqueiro segurou o bote e o puxou até a praia com a feiticeira e o garoto ainda dentro.

Quando finalmente chegaram ao caís, o trio estava completamente exaurido. Cassandra estava ensopada com seu vestido colado no corpo, o dando um tremendo desconforto junto com o frio intenso que a torturava na praia. Peter estava ainda em choque pelo acontecimento, ele teve um momento de reflexão quando se afastaram do barco naufragado. Peter notou que a qualquer momento naquela jornada, sua vida podia ser tirada, até pela coisa mais simples que ocupava aquele mundo desconhecido. Se Peter morresse quem iria salva sua mãe? Quem a tiraria das garras do inimigo quando uma guerra parece quase inevitável?

O jovem sentou na areia fina da praia, inerte, desligado do mundo, apenas agradecendo baixinho por estar vivo. Arranor por outro lado não descansou. Ele começou a andar em círculos, examinando o ambiente, observando o horizonte até que descobrisse onde estavam. Rodeou a praia com seus olhos castanhos, tirou o cabelo molhado que grudava em seu rosto e então observou o caís, e partiu, indo em direção ao porto enquanto chamava seus companheiros.

Peter andou mais isolado, seguindo um pouco atrás, tentando acompanhar o grupo enquanto balançava seus braços no ar em exaustão. O porto estava completamente vazio durante a madrugada, não havia mais aquela alegria típica de quando chegaram, porém o garoto ainda podia ouvir gritos entusiasmados vindo mais a fundo na cidade. Podia ser uma taverna, uma celebração talvez? Em momentos como aquele, só bebida podia repor a alegria que se esvaía.

Arranor continou guiando o grupo até parar em frente à uma pequena porta de madeira, de uma singela cabana construída na ponte do caís, de costas para o mar. Estava escuro, e a única fonte de luz eram as poucas tochas acessas, pregadas nas faixadas das casas. Peter não percebeu logo que chegaram em frente à cabana, porém alguns segundos depois um sentimento de déjà vu o dominou, e logo notou que a cabana se tratava da casa de Zymer, o simpático Emoro ao qual Arranor pediu o barco aquela tarde.

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