Capítulo 4- Montanha de Dragão.

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Peter permaneceu apático enquanto observava em silêncio Arranor  empilhando os corpos no canto da sala, arranhando no chão as rígidas armaduras negras. Peter olhou seus dedos sujos de cinzas e sangue, enquanto um sentimento de repulsa e nojo crescia dentro dele. O dia começava a ficar carregado de densas nuvens negras do lado de fora da cabana, e uma forte brisa fria percorria a montanha.

Cassandra reorganizava a casa, fazendo o que parecia ser mochilas de viagem contendo comida e armamentos. As humildes bolsas eram feitas de trapos e tecidos grossos, servindo bem sua função que era de guardar o mais importante.

Arranor finalmente terminou seu trabalho com os cadáveres, ele passou a mão na testa, secando o descreto suor, e então procurou seu velho arco entre o amontoado que preenchia a casa. Ele o pendurou nas costas e amarrou a aljava com suas longas flechas lotando o compartimento. Peter recuperou a consciência e finalmente se moveu até a pequena cadeira de madeira, onde se sentou e tentou restaurar suas idéias. Ele se recordou do desaparecimento de sua mãe e naquele momento foi a única coisa que ocupou sua cabeça. Ele precisava reencontra-la e resgata-la seja lá onde estivesse.

Arranor e Cassandra finalmente prepararam suas malas e as levaram até a porta, onde as deixaram, retornando para dentro da cabana logo depois.

Cassandra parou para recuperar o fôlego, quando encarou descontraída Peter em seus pensamentos. Ela se aproximou do garoto abalado, e puxou de seu bolso um pequeno frasco verde.

— O que você vai fazer com isso?

— Acalme-se, vou apenas tratar seu ferimento. – Apaziguou Cassandra o garoto, apontando seu rosto para cima ao tocar seu delicado queixo.

Cassandra ergueu o frasco e retirou a tampa com um movimento de dedos, deixando o líquido cair sobre o olho inchado de Peter. Desde que ele chegara ali ele nem mesmo reparou em seu machucado. O antibiótico havia cessado a dor do inchaço, e o tornado praticamente imperceptível. Quando o líquido gelado tocou seu rosto, era como se todas impurezas se derramassem pelo chão, seu rosto parecia novo e refrescado. Durante os poucos segundos que se passaram, o olho de Peter de repente começou a se abrir, o inchaço violento agora só existia em um singelo hematoma ao redor de seu olho. Peter tocou seu rosto límpido e transmitiu seu fascínio aquele ato milagroso com um tímido sorriso em seu rosto.

— Agora está bem melhor. Vamos andando, quanto antes partirmos mais vantagens ganharemos.– Interrompeu Arranor se aproximando discretamente.

— E pra onde vamos? Você sequer me explicou o que está acontecendo aqui. Eu não sairei desse lugar até me dizer como encontrar minha mãe! – Disse o rapaz levantando a voz.

— Sua mãe está fora de cogitação no momento garoto, precisamos ir até a campina aberta se quisermos sobreviver.

— Você não pode simplesmente me dizer que minha mãe está fora de cogitação. Me fale o por quê?

— Por favor garoto, não temos tempo.

— Eu salvei a vida de vocês minutos atrás. Matei aquele homem por vocês e nem sequer os conheço, mereço explicações.– Argumentou o garoto já aborrecido com o comportamento enigmático dos dois estranhos.

— Primeiro, não havia necessidade de sua intromissão, tínhamos um plano...– Cassandra disse com confiança.

— Não era o que parecia. Olha, eu estou morrendo aqui, esse é de longe um dos piores dias da minha vida. Por favor, pelo menos me digam o que está acontecendo.– Suplicou ele.

Arranor olhou frustado a determinação de Peter, ele parecia realmente ansioso e aflito. Ele relutou antes de se pronunciar, se virou para a porta e olhou nos olhos de Cassandra, até finalmente perceber que estava em desvantagens.

WAR OF IMPERI - Uma guerra pela paz.Onde histórias criam vida. Descubra agora