CAPÍTULO QUINZE

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Emmaline contava para o pai tudo que aconteceu nos últimos meses. Ela era um armazém de informações, não parava de falar. Sempre dizendo como seus amiguinhos contavam o que acontecia no Mundo e nas redondezas.

— Emma, é hora de dormir… — Disse Senhor Hardy, sorrindo para a neta.

— Mas vovô…

— Não, é hora de dormir. Dian ficará um tempo na fazenda.

— É sério? — Ela transmitiu toda alegria que estava sentindo. A criança tinha o cheiro do Dian, o cheiro do macho é sempre mais forte. Nossos filhos nascem com um cheiro único, que só os pais conseguem identificar. O cheiro da criança para o Dian é um aroma tranquilizante e apaixonante. Lembro-me do cheiro do meu bebê, nunca vou esquecer.
— Filha; — Dian beijou a bochecha da criança. — É hora de dormir, eu vou ficar alguma semanas na fazenda. Não se preocupe, não vou embora.

A bela menina sorriu lindamente.

— Tudo bem, eu vou dormir. Boa noite vovô Hardy, boa noite Morgana.

— Boa noite princesa!

Dona Isolda levou a neta para o próximo andar, onde estava localizado os quartos. Hardy mudou sua expressão e uma preocupação ganhou aquele olhar pacífico.

— Dian, você só voltaria na próxima Lua Minguante; — Disse, acendendo um velho charuto. — O que aconteceu?

Meu Escolhido mantinha um semblante calmo, mas seu nervosismo era transmitido pela ligação. Ele não sabia como falar ou contar para os avós da criança sobre sua nova decisão: Levar Emmaline embora.

— Quero fazer uma proposta; — Diz, girando as pulseiras no pulso. — Minha família é contra minha união com Minha Escolhida.

O Senhor sorriu com carinho e não demonstrou desconfiança ou insegurança com a minha presença. Ele era um homem com idade avançada, tinha no máximo 70 anos. Em cada gesto, em cada palavra ou expressão. Eu conseguia reconhecer a expansão de todo o conhecimento que ele carregava dentro da sua mente.

— Uma jovem mulher na aparência, mas com séculos de vidas. E com um passado sombrio; — Hardy tragou o charuto, soltando uma excessiva fumaça esbranquiçada, voltando-se para mim. — Diga-me o que fez para o Rei renunciar essa união?

— Cometi alguns erros. — respondo com sinceridade. — Erros que não me orgulho.

O homem assentiu, olhando-me compenetrado como se conseguisse ler a minha alma.

— Erros são bons! Pode ser a melhor maneira de aprender lições com grande sabedoria.

— Eu estava envolvida no sequestra da Rainha e do Príncipe Dian.

Hardy gargalhou, batendo os pés no tapete felpudo. Ele resmungou algo sobre os deuses e disse com mais clareza:

— Dizem que Morfeu reuniu um grande exército para lutar contra um Clã de 300 imortais! Os boatos do sequestro chegaram até os vilarejos mais distantes.

— Eu era uma criança tinha apenas 8 anos. Morgana estava no Clã do Brennus quando tudo aconteceu. — Explicou Dian num tom áspero. — Ela presenciou tudo, o sofrimento da minha mãe e… — observou a mão repleta de cicatrizes, meu coração apertou-se. Eu queria abraçá-lo e pedir mil perdões se fosse necessário.

— O destino gosta de reviravoltas inusitadas. Não faz sentido você se agarrar num acontecimento do passado; — comentou Hardy, analisando a mão do meu Escolhido. — Viva intensamente cada minuto ao lado dela, das duas! — o homem suspirou, levantando-se. — Bom, eu vou me deitar. Dian, podemos conversar amanhã. Quero ter uma boa noite de sono e tenho certeza que você não traz boas notícias. — O senhor dá vários tapinhas no ombro do meu parceiro. — Durma bem, você está em casa. Pode usar o quarto de sempre e não temos sangue.

Dian - O Príncipe Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora