EPÍLOGO

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Sete décadas depois. 




O Reino de Chamber estava lindo e quente como todos os verões. O festival de Samhain reuniu as quatro Ilhas. E o Rei da Ilha Lunne, os Príncipes e Reis reunidos para uma união. O filho mais novo do Rei vai se casar com uma Escolhida. Hatreu deixou de seguir os druidas para viver ao lado da sua amada, mesmo com as advertências do Conselho Real. 
O Rei Morfeu mantinha a sua serenidade de sempre. Ele estava feliz pelo filho mais novo, estava feliz pelo garoto que tanto ama. No entanto, Hatreu perdeu um casamento vantajoso com a filha de um grande Líder. Tristan já havia causado problemas na Corte, quase começando uma guerra com um Clã Principal do Rei dos Lobisomens, porque não soube controlar o próprio instinto sexual. Dian Brayan simplesmente desapareceu e misteriosamente a Lança de Kei também. Morfeu não queria acusar o próprio filho de traição, mas Dian não mandava notícias há décadas. Yasmine procurou a Curandeira Mayo por toda Capital e vilarejos próximos e distantes. A fazenda - que um dia serviu de moradia para a neta de olhos azuis-brilhantes - agora estava vazia e protegida por um poderoso feitiço ilusório. 
O Rei da Ilha Sul não pensou na morte. Ele sentia em cada pedaço da sua alma que seu primogênito não estava morto. Ele sabia que Dian Brayan permanecia vivo. E assim como Tristan, errou com o Reino de Chamber. Quebrou a confiança do pai e agora Morfeu precisa seguir ignorando a existência do filho mais velho. E Hatreu está começando a seguir os passos dos irmãos.

— Majestade; — Um empregado entrou no aposentos do Rei. — Yasmine…
 
— Yasmine, Savannah e Helled Brayan estão me aguardando no grande salão. Eu conheço as minhas esposas, não vou demorar.

— Mas… Mas se-senhor…

Morfeu terminou de arrumar os botões do seu colete.

— Diga de uma vez, não fique enrolando.

— Dian Brayan, Senhor. Ele retornou. E está com a Lança de Kei.

Morfeu sentiu o gosto amargo da traição e sem esperar um só segundo atravessou até o Salão. 
O Príncipe não era o mesmo. Dian estava completamente diferente, sua fisionomia mudou. A maneira do macho se comportar, até mesmo o olhar era diabólico. Ele segurava a Lança que poderia matar um Deus, Morfeu esqueceu como era respirar. Na verdade, todos no grande Salão estão prendendo a respiração. Não só pela aparência do Príncipe, mas por seus guerreiros. Dian era escoltado e protegido por uma garota de olhos azuis-cintilantes. Morfeu a reconheceria em qualquer lugar. Emmaline se tornou uma fêmea esplendorosa e formosa. 
Havia dois machos, um rapaz jovem de olhos verdes-esmeraldas. Cabelos negros como penas de corvo e uma porte físico muito forte. E um Anjo Negro que protegia o rosto com uma máscara.

— Dian Brayan. Vejo que roubou minha lança.

— Não roubei. A lança é minha. — ele ergueu os ombros. — Quem roubou foi Thuam.

Morfeu sentiu o cheiro da mentira, mas não queria questioná-lo agora. Dian não estava em desvantagem, ele conhecia o treinamento do filho. Dian jamais entraria no seu Reino sem um plano formidável em mente.

— E ele lhe entregou a Lança de presente, suponho.

Yasmine fez menção de se aproximar do filho, mas um único olhar de Morfeu fez a fêmea recuar. O filho que ela tanto procurou e implorou aos Deuses que estivesse vivo, estava parado na sua frente apenas alguns passos de distância. Ela queria abraçá-lo e dizer o quanto sentiu saudade. Perguntar da velha amiga que deixou Chamber para seguir Dian nas suas aventuras irresponsáveis.

— Hmm. Na verdade, eu matei o Rei Thuam.

Um murmuro transcendente ganhou o grande Salão. Todos falavam ao mesmo tempo. Alguns acreditaram no primogênito do Rei, outros diziam que ele era um grande traidor.

— SILÊNCIO. — Gritou Morfeu, calando a todos no salão. — Você matou Thuam o Rei da Ilha Cruachan?

— Sim; — Dian circulou uma mesa repleta de comida. — Meu nome é Dian Brayan, Rei dos Mortos. E estou aqui para estabelecer uma aliança, Rei de Chamber. Gostaria de ouvir minhas propostas?

Morfeu encheu-se de orgulho, e inclusive de precaução. Ele sabia que o macho na sua frente era o seu filho, mas também era um Rei. Um Rei que comandava os Mortos. Suas decisões deveriam ser calculistas.

— Está convidado a permanecer na minha Corte. E presenciar o casamento do Príncipe Hatreu.

Dian faz uma leve mesura. Aceitando a hospitalidade do Rei.

— Quero apresentar os meus filhos; Morfeu não conseguia controlar a felicidade que começou a crescer dentro do seu coração. — Acredito que se lembra da minha primogênita, Emmaline.

A fêmea deu um passo à frente, ela era um verdadeiro diamante lapidado. O Anjo da Morte permaneceu ao lado da fêmea como um guardião poderoso. 

— É uma honra revê-lo, majestade. — faz uma mesura.

Yasmine correu até neta, surpreendendo a garota com um abraço forte.
 
— Você está linda, uma fêmea adulta e maravilhosa.

— Rainha de Chamber, você continua linda.

Yasmine sorriu, as vantagens da imortalidade são impressionantes.
 
— Vantagens de ser uma mestiça.

As duas riram juntas.

— Quero apresentar Azrael, meu Escolhido. 
 
O macho manteve um comportamento cordial, cumprimentando a Rainha de Chamber. Yasmine recordava do Macho alado, quando Morgana a Senhora da Penitência chegou na Corte Real com um grave ferimento. 

— Esse é Kieran, meu filho com a Senhora da Penitência. — Disse Dian, ganhando atenção de todos. 

O macho aproximou-se do Rei quando o salão novamente ficou em silêncio. Eles ainda temiam o Mundo dos Mortos, mesmo o jovem Kieran amando o seu lar. Ele estava ciente que esse povo não tinha conhecimento das belezas de Cruachan. 
Morfeu estendeu a mão para um cumprimento formal e simplório. O garoto ficou observando a mão do Rei com desconfiança.

— É dessa forma que cumprimento guerreiros. — Anunciou, arrancando um riso sarcástico do jovem.

— É um prazer conhecê-lo. — Kieran aceitou o cumprimento do avô. — Você tem uma Corte muito interessante.

O jovem avaliou as belas fêmeas semi-nuas deitadas na grandes almofadas do salão. Morfeu riu, concordando com a cabeça.

— Rainha de Chamber; — Dian moveu-se na direção da mãe, que abraça e beijava Emmaline com muito carinho. — Mãe…

A Rainha de Chamber ficou analisando cada detalhe do filho. Por alguns minutos ela pensou que estava vivendo um sonho, mas quando Dian lhe cobriu com seus braços fortes. Ela soube que seu filho tão amado e querido encontrava-se na sua frente. Que não era uma simples ilusão ou um sonho. 

— Eu senti a sua falta, meu querido filho.

Sua voz já estava rouca por causa do nó que se formou na sua garganta.

— Eu estou em casa, mãe. E vou ficar por um tempo.

Yasmine chorou. Sentindo o abraço forte do filho. Ele voltou para casa.

— Seja bem-vindo ao lar. 



Dian - O Príncipe Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora