CAPÍTULO VINTE E DOIS

10K 1.2K 67
                                    

Eu fiquei observando o macho nas sombras. O príncipe estava com uma péssima fisionomia, ajudava Hardy na fazenda e passeava com Emmaline quando não tinha afazeres. Ele continuava esperando, chamando-me pelo linha que ligava nossas almas.
Eu decidi deixá-lo.
Minha irmã achou meu amor fraco, mas meu amor pelo Príncipe ultrapassa qualquer raciocínio lógico. Decidi deixá-lo para lembrar a mim mesma que não preciso do Dian para ser feliz. No entanto, o macho está bastante perturbado. Minhas escolhas estão mudando quando acordo a noite com o sofrimento do Dian, sinto a sua angústia pelo laço, os gritos e choros. Ele tem sonhado com tempos difíceis, com momentos perturbadores que me assombram até nos dias atuais.
Ficar na minha Corte sem pensar no sofrimento do macho está tornando-se um desafio, nunca imaginei que aquele garotinho de 8 anos que jurou me matar, um dia sofreria por minha ausência.

— Como você está? — Perguntou minha Dama de Companhia quando adentrou meu quarto.

— Cansada! Não quero conversar, Riwim.

Meu olhar estava preso na cidade, as luzes como sempre reluzentes e hipnotizantes.

— Eleonor voltou para o Castelo Real. Ela tem uma reunião com nosso Rei. — Disse, ignorando meu pedido como esperado. Riwim é conhecida por sua língua solta, mas nunca usou as palavras contra a Senhora da Penitência.

— É dever dela como minha sucessora. — Respondo, prestando atenção nos movimentos da fêmea. Minha Dama de Companhia que encobriu a maioria das minhas mentiras, pegou uma bolsa de pano. E tirou um pacote de seda, cuidadosamente dobrado.

— Trouxe um presente, minha Senhora.

Franzi a testa, um pouco intrigada quando ela me entregou o pacote de seda. Com cuidado comecei abrir os nós dos barbantes.

— É um presente que foi comprado com cuidado e bastante…

— Pela Deusa Mãe. — Digo sem controlar o tom da minha voz, dentro do pacote havia um pequeno macacão de bebê. Imediatamente dobrei, enrolando a seda novamente em volta da peça. — Riwim, ficou louca?

A fêmea que tinha a pele esverdeada, olhos enormes com cerca de 40 milímetros em diâmetro. Orelhas grandes e pontiagudas, lembrando as fisionomias dos Elfos e Ninfas, ela possui uma audição muito apurada graças a um córtex auditivo bem desenvolvido e também uma visão noturna extremamente perfeita, com um porte físico muito magro e dedos alongados. Não posso deixar de mencionar a imensa cauda escamosa.

— Eu senti o cheiro, minha Senhora.
— É loucura, não estou grávida.
A fêmea piscou aqueles enormes olhos amarronzados.

— Mas minha…

— Riwim, está dispensada. Pode tirar um ou dois dias de folga. Eu não me importo.

Minha Dama de Companhia assentiu com uma expressão triste. Eu queria agradecer, dizer que amei o presente, mas meu coração já estava preparado para o pior. Riwim saiu dos meus aposentos em silêncio, não questionando minha decisão.
Coloquei um das mãos em cima da minha barriga, pensando nas consequências das minhas escolhas. Quando meu Pai ordenou que arrancassem meu útero, Eleonor e Riwim encontraram uma fêmea no seu leito de morte, tirando o útero da imortal e levando até nosso Rei. Meu pai não desconfiou, nossa cicatrização no Mundo dos Mortos é acelerada, os ferimentos cicatrizam em menos de 20 minutos. O Rei Thuam não pediu uma prova apenas observou o útero com nojo e mandou queimá-lo. Nosso Rei pensa que sou estéril, que não posso mais gerar crias. Agora sinto essa vida dentro do meu ventre, como uma estrela pequenina que está ganhando seu destaque no céu, como um pedacinho que de um imenso infinito de amor e paz.
Meu coração disparou no meu peito, aquela sensação de euforia ganhou minha vida, meu ser e minha alma. Eu fiquei fascinada, relembrando uma certa visão…

Dian - O Príncipe Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora