CAPÍTULO VINTE E TRÊS

9.4K 1.1K 24
                                    

Me recordo de asas negras destacam-se no céu azul. As palavras fortes e de uma voz decidida que me dizendo que tudo ficaria bem. Mas a dor… Eu não queria enfrentá-la novamente, eu só queria ficar presa num sono profundo pela eternidade. No entanto, uma luz estranha invadiu minha mente. Era pura e tão linda, tinha um brilho peculiar. Que conquistava minha escuridão, ela adentrava minha mente com carinho e amor. Pedindo licença com ternura, sem invadir minhas lembranças. Uma voz doce e conhecida sussurrou com ternura:

— Ele está esperando você.

Eu fiquei calada, não estava preparada para voltar. Meu filho estava morto, Thuam encontrou minha maior fracasse usou para me derrubar.

— Meu filho está morto; — solucei. — Ele matou o meu bebê.

Aquela luz tornou minhas dores as suas. Ela agarrou meu tormento, o sofrimento da minha alma e ninou com cuidado e compreensão.

— Eu estou aqui. Quero ajudá-la, mas não posso sozinha. Preciso que você lute e vença. Dian está aqui, ele está esperando por você.

Dian, o nome era familiar. Como um verão quente e feliz. No exato momento sinto uma imensa alegria só de pensar na fisionomia do macho chamado Dian.

— Meu bebê; — volto a dizer. — Está morto.
 
— E dentro do seu ventre está crescendo outra vida, mas você precisa reagir. Não quero perder ambas.

— Ele vai nos encontrar. Thuam, o Rei da Ilha Cruachan.

— Você está protegida, por favor… — A voz choramingou. — Volte!

— Não posso.

Minha escuridão começou a vencer aquela luz única e bela.

— Morgana, meu amor.

Solucei novamente, perdida naquele escuridão. Na minha própria escuridão.

— Volte; — uma luz azulada abriu caminho, lembrando as luzes da minha Corte. — Volte, por favor. Eu estou aqui, vou protegê-la. Eu te amo, eu te amo muito.

A luz explodiu, ganhando forma. 
Ele estava parado na minha frente. O corpo resplandecente e exuberante.

— Dian.

O Príncipe dos Mortos. Controlando uma legião de Espíritos de Luz. 
Bondade, amor e paz. 
Purificadores voavam na minha direção, com suas mil cores. 
Espíritos Guias puxando-me na sua direção, cantarolando canções de amor e preces esperançosas. 
Guardiões com sua presença forte e impactante caminhavam do lado do macho, repelindo qualquer energia ruim que aproxima-se dele. Dian venceu meus tormentos, meus demônios e quando o macho estendeu a sua mão. Eu despertei, deixando a luz entrar no meu corpo.
Abro meus olhos, estava deitada.
Sentia meu corpo leve e uma fome assustadora.

— Morgana! — tombei minha cabeça para o lado, fitando um par de olhos verdes-esmeraldas. Dian? As lágrimas chegam. Como? Eu não recordo-me de nada. — Oi amor; — o macho aproxima-se para beijar minha testa. — Como está se sentindo?

— Com fome. — murmurei, reparando no cômodo. Estava acomodada num quarto grande e muito bonito. A Rainha de Chamber estava sentada na beirada da cama. E Morfeu… Engulo em seco, quando o Rei da Ilha Sul moveu-se na minha direção.
 
— Consegue se sentar? — Pergunta-me com uma voz áspera. Eu apenas afirmei com minha cabeça, forçando meus músculos e sentando-me na cama.

— O que aconteceu? Como cheguei até a Capital?

A Rainha Yasmine olha-me preocupada, ela não estava com uma boa fisionomia. A Rainha tinha horríveis olheiras, a sua pele estava sem vida e muito pálida.

— Azrael o Anjo da Morte, ele lhe salvou. — Dian murmurou.

Azrael? Como é possível? Ele não serve o Rei Thuam. Um ser que está conectado com os sete Mundos. Que passa entre os véus, invadindo qualquer dimensão existente.
 
— Você ficou desacordada por três dias. O ferimento foi gravíssimo, mas agora está tudo bem. — Yasmine forçou um sorriso, a fêmea encontrava-se muito debilitada. — Curar uma mestiça forte e com uma magia negra tão poderosa não é fácil.

— Eu sinto muito.

Não queria causar desconfortos ou transtornos. Morfeu não está feliz com minha presença. Eu compreendo, três décadas não é tempo suficiente para um macho esquecer uma certa inimiga que causou sofrimento e ferimentos profundos na sua Escolhida de Alma.

— Tsc, tsc. Está tudo bem, não se preocupe. Pode ficar o tempo que precisar.

— Minha Rainha, vamos voltar para a fazenda. Não posso deixar Emmaline sozinha. — Dian afastou o cabelo do meu rosto. — Morgana, pode me nos contar o que aconteceu?

Morfeu enrijeceu, o macho ficou em alerta quando Dian formou a pergunta. Eu queria evitar um assunto tão doloroso, mas agora não posso me intimidar. Meu pai invadiu minha Corte, atacando-me na frente da minha irmã mais nova. Eleonor, minha querida irmã. Fique forte, aguente. Eu vou voltar e lutar por você, por mim. Por todos nós.

— A história é longa. Não quero importuná-los com meus problemas.

— Não irá; — garantiu a Rainha. — Conte-nos o que aconteceu.

Eu molhei os lábios secos e comecei minha história: Quando era uma fêmea jovem que estava aproveitando a imortalidade conheci o novo general dos exércitos do Rei Thuam. Ele era conhecido por vários nomes. Era um guerreiro forte, chamado por nosso povo de "Tenebris", um macho forte que ganhou destaque na Corte Real. As fêmeas da cidade ficaram apaixonadas e encantadas com novo general. Foi nos grandes salões do Castelo, conheci o pai do meu filho. Alam não era um macho adorável e carinhoso, ele recebeu a ordem de treinar Eleonor. Eu não queria minha irmãzinha mais nova treinando com um macho arrogante, que estava conquistando o coração das fêmeas da nossa Corte. Eu queria proteger minha irmã. Decidi que participaria dos Treinos. 
Alam não contestou minha decisão, todos os dias treinamos juntos, o macho nunca agiu de maneira desrespeitosa ou cruel nos treinamentos. Na verdade, o General era extrovertido e engraçado quando desejava. 
Eleonor ficou encantada, mas era muito nova para entender os sentimentos que estava florescendo entre nós. No entanto, eu tinha conhecimento das sensações que o Alam me fazia sentir. Não era desejo, não era uma simples atração sexual. Eu o queria só para mim, pegava-me rosnando feito um animal selvagem quando uma fêmea se aproximava dele. Dentro do meu peito começou pulsar um amor genuíno e verdadeiro. Alam não correspondeu meus sentimentos de imediato, para ser honesta o General pensava na diferença das nossas idades. Ele era um Guerreiro com séculos de vida, que tinha ganhado um lugar na Corte Real. Alam não queria problemas com o Rei, mas eu não desisto fácil. Fiquei três décadas esperando pelo Príncipe Dian, passaria séculos esperando por Alam se nosso destino fosse realmente ligado. 
Com o tempo consegui ultrapassar suas barreiras e conquistá-lo. O Rei Thuam abençoou nossa união, uma benção falsa e com inúmeras mentiras. Meu pai sempre pensou na consequência, ele nunca desejou que suas filhas constituíssem uma família. 
O Rei da Ilha Cruachan queria manter o controle, queria poder absoluto. E quando engravidei, ele alertou sobre sua decisão. 
— Uma fêmea será aceita na Corte. Um macho encontrará a Morte. 
Alam não discutiu, meu companheiro acreditava que nosso bebê seria uma fêmea. Mas dentro do meu coração eu sabia que estava gerando um macho, o futuro Rei da Ilha Cruachan. 
Não foi fácil chegar em uma decisão aceitável, em uma decisão que meu companheiro acreditasse certa. Eu não poderia fugir com eles, Thuam nos encontraria em qualquer Mundo, em qualquer dimensão. Só para matar o meu bebê, ele faria de tudo para matar futuros herdeiros. E agora tudo está perdido, Alam está morto, meu filho está morto e minhas perdas são imensuráveis. 










Dian - O Príncipe Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora