CAPÍTULO VINTE E QUATRO

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O Rei de Chamber aceitou minha estadia no Castelo. O conselho Real não questionou a decisão do Rei, principalmente agora que os boatos sobre minha gravidez está voando nos corredores como espíritos livres. Entretanto guardas ficavam postos no corredor, esperando minha saída. Dian ficava maior parte do tempo com os membros do conselho, suponho que a volta do primogênito do Rei despertou uma nova esperança no Reino. 
Eu não poderia perder tempo, minha irmã e minha Corte precisavam da minha força. Mas agora… 
Levei minha mão até minha barriga. 
Tenho que agir com cuidado e cautela. Um plano, eu precisava pensar num plano perfeito para queda do Rei Thuam. Tenho que invocar o Anjo da Morte, necessito de respostas. Quando levanto-me para sair do meu quarto, Mayo abriu a porta. A Curandeira mantinha um semblante calmo. Ela estava acompanhada por duas fêmeas, que traziam roupas e lençóis limpos.
 
— Estou aqui para iniciar os exames? — anunciou com a voz seca.

— Exames?
 
— Tenho ordens do Príncipe Dian para certificar se o bebê está desenvolvendo bem.

— É claro que ele está; — disparei altiva. — Não preciso da sua ajuda, curandeira.

Mayo olha-me com desprezo.

— Não, você não necessita de ajuda. No entanto, tem uma vida dentro de você que precisa de cuidados, de uma boa alimentação e de vitaminas.

Rosnei, quando as mãos da fêmea irradiam uma luz esverdeada.

— Curandeira, você está testando a minha paciência?

Uma névoa começou a materializar no cômodo. Tristan surgiu, como uma brisa de verão, uma expressão de divertimento estampava o seu rosto.

— Que bonitinho; — resmungou. — As Escolhidas do meu irmão estão mantendo a paz e a harmonia no Castelo.

— Tristan, você não deveria estar no gabinete? Como futuro Rei de Chamber…

Ele levantou a mão fazendo Mayo se calar.

— Estou pensando se aceito as condições.

A fêmea revirou os olhos, voltando a sua atenção na minha direção.
Aceitar as condições? Um Príncipe precisa agir com responsabilidade e comprometimento. Governar um Reino não é um jogo de crianças, Tristan não reconhece os compromissos com seu povo.

— Morgana, você precisa se deitar na cama. Tudo bem?

— Não!

— Pela Mãe Abnegada, eu estou tentando ajudá-la. Você quase me matou, sou eu quem deveria estar receosa e revoltada aqui.
 
— Você estava nos braços do meu Escolhido. — Retruquei, cerrando os punhos.

Tristan observava nossa discussão com total divertimento. As fêmeas que acompanharam a Curandeira, trocaram os lençóis da cama e saíram rapidamente do quarto, sem olhar para trás.

— O quê? Eu nunca desejei o Dian. Ele é como um sobrinho amado, que quero bem.

Todos sabemos como funciona uma ligação. Ela é forte, não consigo acreditar nas palavras da fêmea.

— É verdade; — Tristan joga-se na cama. — Mayo sempre rejeitou o Dian.

Olhei para o Príncipe depois para a fêmea que não mudou sua expressão forte e decidida.

— Eu só quero cuidar do bebê. Está bem? Eu não quero o Dian Brayan. — Disse sem rodeios. — Sou a Curandeira Chefe do Castelo Real, uma das melhores curandeiras de Chamber. Vou cuidar bem do bebê, eu prometo.

Encarei o irmão do meu Escolhido, ele assentiu sutilmente com a cabeça.

— Tudo bem, mas nunca será minha amiga.
 
A fêmea ergueu os ombros, fazendo uma careta de desdém.
Minha vontade foi esmurrar aquele rostinho de Curandeira Metida. Por ora, só quero saber como está minha cria depois de ferimento que sofri.

***

Mayo sentiu tudo com aquelas mãos que irradiavam luz. Meu bebê ainda é tão pequeno e já está enfrentando grandes lutas do meu lado. 
Minha presença na Corte não está sendo ignorada, o Conselho segue com medo de uma Guerra. Thuam pode emergir do Mundo dos Mortos e causar danos irreversíveis. 
Dian estava mais preocupado com a presença do Irmão no meu aposento, ele não gostou da surpresa. Tristan estava mantendo-me informada, fiquei desacordada por dias. Precisava de uma relatório, o Príncipe foi compreensivo e respondeu todas as minhas perguntas sem hesitar. 
Dian sentou-se na beirada da cama para abrir os cordões do coturno. O macho ficou em silêncio, mas conseguia sentir sua irritação, medo e desconfiança pela nossa ligação.

— Ele só estava me mantendo informada; — digo, aproximando-me com receio. — Mayo ficou conosco por horas, não aconteceu nada.

Dian soltou um riso descrente, ele abriu a camisa tirando a peça de roupa e jogando no chão.

— Informada? — balançou a cabeça. — Você ficou afastada por dois meses. Eu tentei chamá-la, mas você recusava qualquer aproximação. Evitando nossa ligação, tornando nosso laço sombrio e silencioso. E depois… — abre a calça. — um Anjo da Morte lhe traz até o Castelo Real com um ferimento gravíssimo…

— Dian, por favor… 

— Eu estou falando; — rosnou, movendo com raiva na minha direção. — Você me escondeu uma gravidez, Morgana. Pelos Deuses, você quase perdeu a criança.

Senti um calafrio forte percorrer o meu corpo. Não poderia negar o medo que estou sentindo, Thuam pode começar uma guerra se descobrir que estou gerando uma criança.

— Você me pediu um tempo.

— Sim, eu pedi. Eu necessitava de um tempo para pensar. Para salvar Mayo, sem prejudicar nossa relação.

Fiquei em silêncio, observando a reação do macho. Dian andava pelo cômodo, procurando roupas nos grandes armários.

— Eu não queria causar transtornos. — Recordo-me das noites em que o macho acordou perturbado com minhas lembranças.

— Eu estava enlouquecendo, Morgana. Eu sonhava com você todas as noites. Eu implorava que voltasse, por quê ignorou nossa ligação?

— Me senti desprezada e magoada. Você foi insensível e horrível comigo.

O Príncipe ficou calado, analisando-me por alguns segundos.

— Acredito que ambos erramos. Eu não deveria me afastar de você. Sinto muito por tudo!

Eu concordo com a cabeça preparando-me para dormir. Meu dia foi estressante, Mayo ficou me importunando a tarde inteira. Perguntando-me da minha alimentação, para eles é novidade uma Sídhe Insetívora na Corte Real. Talvez, o medo do Reino das Fadas é maior do que poderia imaginar. 
Começo abrir os laços do meu espartilho, despreocupada com o ferimento que já estava cicatrizado e meu ombro ótimo.

— Como será o nome dele? — Viro-me surpresa, Dian estava encostado no armário cuidando de todos os meus movimentos.
 
— Não quero pensar, ainda é cedo para passar horas pensando em um simples nome.

— Simples? — Meu Escolhido riu, aproximando-se. — Morgana, está segura em Chamber. Ninguém vai machucá-la aqui, você terá uma gestação tranquila.

Engulo em seco, sentindo minha garganta fechar. Dian percebeu meu nervosismo, rapidamente o macho segurou no meu rosto com carinho. Olhando dentro da minha alma, com as íris verde-esmeraldas cintilantes e vivas.

— Eu te amo, Morgana. Ninguém vai machucar o nosso filho; — sinto os músculos das minhas pernas cedendo, o Príncipe agarra-me antes do tombo constrangedor. As palavras dele são capazes de me salvar, aquecer meu coração e principalmente destruir minhas barreiras. — Shh, calma. Respire. — ele percorre os lábios no meu pescoço. — Eu estava ficando doente sem tê-la comigo, sem sentir o seu cheiro. Eu queria estar dentro de você, fode-la com força e provar do seu sangue novamente.

— Dian. — gemi. — Amo você!

Os dedos fortes do macho agarraram o meu cabelo, puxando-me para um beijo repleto de saudade e desejo. 
Meu corpo reagiu imediatamente, minhas mãos tomam controle sentindo cada pedacinho do corpo do meu Escolhido.
Os músculos fortes. 
O cheiro da luxúria.
Os nossos corpos excitados, prontos para consumir o desejo que há meses estava preso. Eu não me importei com mais nada, esqueci minha Corte e afastei qualquer pensamento apreensivo para sentir meu Escolhido com toda a minha alma. 


Dian - O Príncipe Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora