A Submissa

~ Punição ~

SEGUNDA-FEIRA | 06:00

O quarto ainda estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca que atravessava a cortina. O silêncio era cortado apenas pelo som suave da respiração de Jungkook, que dormia profundamente com o braço enlaçado na cintura de S/N. O corpo dela estava colado ao dele, mas a dor de cabeça latejante a despertou.

Com delicadeza, ela deslizou o braço do rapaz para o lado, tentando não acordá-lo. Levantou-se com cuidado, caminhando até o banheiro. Lá, pegou uma escova de dentes ainda lacrada, retirou-a da embalagem e escovou os dentes, depois a língua.

Tirou a camisa social que vestia — que ainda trazia o perfume dele — e a calcinha. Entrou no box e deixou a água morna cair sobre seu corpo, tentando lavar não apenas os vestígios da noite anterior, mas também os pensamentos que a perseguiam. Era errado sentir o que sentia por Jungkook. Aquilo era só um contrato… certo?

Ela já o amava desde a escola, mas agora tudo estava envolto em limites e obrigações. Precisava manter o foco. Era seu primeiro dia na faculdade, no curso de Literatura. Talvez escrever um livro fosse o que precisava, mas ultimamente sua mente estava bloqueada… talvez pelo próprio Jungkook.

Saindo do banho, enrolou-se em uma toalha, foi até o closet de Jungkook — que ainda dormia feito um anjo — e pegou uma cueca box dele. Vestiu como se fosse sua, depois pegou o vestido jogado no chão, calçou os saltos e pegou a bolsa. Iria sair sem acordá-lo.

Descendo as escadas em silêncio, ela bebeu um copo d’água na cozinha e se aproximou da porta da sala. Mas antes que a maçaneta girasse por completo, uma voz rouca ecoou atrás dela:

— Onde pensa que vai? — a voz de Jungkook era firme, e o olhar dele a atravessou como uma corrente elétrica.

S/N se virou devagar, um sorriso envergonhado escapando involuntariamente.

— Tenho aula hoje… é o meu primeiro dia, não posso faltar.

Jungkook cruzou os braços, sem se mover.

— Você não vai hoje. Amanhã eu vou com você e explico.

— Não acredito que você está querendo me impedir de ir — rebateu ela, incrédula.

Sem esperar mais uma palavra, abriu a porta e saiu batendo com força. Correu até o elevador, apertando o botão várias vezes. Jungkook apareceu no final do corredor, mas já era tarde: as portas se fecharam diante dele. S/N suspirou fundo.

Lá fora, entrou no táxi que já a aguardava.

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ALGUMAS HORAS DEPOIS

S/N estava exausta. O dia na faculdade fora intenso, e ela ainda duvidava se literatura era mesmo o caminho. Amava ler, mas... será que era o suficiente?

Com fome e cansada, foi direto para o trabalho. Chegou ao restaurante onde era garçonete e entrou pela porta dos fundos. Seu melhor amigo e chefe, Miho, apareceu logo com um sorriso debochado.

— Olha só como tá estiloso hoje! — disse ela, girando o dedo e pedindo uma voltinha.

— Eu sei que sou irresistível — ele brincou, abraçando-a.

— Cadê a Hioryn? Não vi a doida desde ontem.

— Ressaca brava — ele riu.

As horas passaram rapidamente entre pedidos, mesas, conversas, e sorrisos. Quando finalmente terminou o expediente, S/N saiu sentindo a brisa fria da noite. Seus pensamentos, inevitavelmente, voltaram para Jungkook. Ele era um enigma. Tinha momentos de doçura e outros de frieza.