Borboletas, Culhões e confiados

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Jungkook abriu a porta e deu de cara com seus pais. Seu corpo travou por um segundo. Eles só deveriam vir no mês seguinte.

- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou, confuso, embora não conseguisse disfarçar o sorriso. Já fazia meses que não os via, mesmo que... já estivesse acostumado com a ausência.

- "Oi" pra você também, meu filho - retrucou o Sr. Jeon, revirando os olhos com o típico tom irônico.

- Ai, meu menino... sua omma estava morrendo de saudades - disse a Sra. Jeon, abraçando-o com força.

Jungkook não retribuiu completamente. - Até parece... Nem ligou pra mim esses meses todos - resmungou, se soltando do abraço com um suspiro.

- É assim que fala com a sua omma, Jungkook? - o pai repreendeu com firmeza, arqueando uma sobrancelha.

Ele não respondeu. Apenas virou as costas e saiu, passos pesados, raiva pulsando no peito.

Desde pequeno, aprendera a lidar com a solidão. Enquanto os colegas tinham almoços de domingo em família, ele tinha uma babá, que sumira de sua vida quando ele completou 11 anos. Nunca mais soube dela. E hoje, mesmo com os pais ali... ele se sentia órfão do mesmo jeito.

Caminhou até a pracinha antiga, aquela onde costumava brincar sozinho. Estava abandonada agora, como suas memórias. Sentou-se num dos balanços e ficou lá, balançando lentamente, até ver uma silhueta conhecida sentada sob uma árvore.

Era S/N.

Ela lia concentrada, e ele não conseguia tirar os olhos dela. Uma presença serena, confortável... e linda. Jungkook sentiu o estômago revirar, como se estivesse prestes a saltar de paraquedas - ou de um penhasco.

Aproximou-se silenciosamente e soprou levemente no ouvido dela.
Ela se sobressaltou.

- Mas que...! - murmurou, virando-se num impulso. Esperava encontrar Bambam ou algum dos outros, mas ao ver Jungkook, fechou a cara imediatamente, a lembrança da noite anterior queimando em sua mente.

- E aí, nerdzinha... o que faz por aqui sozinha? - tentou soar casual, mas havia um tom preocupado escondido ali.

- Não te interessa, Jeon - respondeu, voltando a atenção ao livro.

Frustrado com a indiferença, ele tomou o livro das mãos dela.

- "Cinquenta Tons de Liberdade"? - leu o título, arqueando uma sobrancelha - Nossa... que gosto peculiar, hein?

- Me devolve, Jungkook! - exigiu, se levantando para tentar alcançar o livro, mas ele era muito mais alto. Ela esticava os braços, se esforçava, mas ele mantinha o livro fora de alcance com um sorriso malicioso.

- E se eu não devolver? Vai fazer o quê? - provocou, debochado.

- Isso! - Ela chutou a canela dele com força.

- AI! - gritou, largando o livro no chão enquanto se curvava de dor. - Tá louca, garota?

- Você sabe muito bem por que eu te chutei! - rebateu, abaixando-se para pegar o livro.

- Aish, você é chata demais... a gente nem pode brincar! - resmungou, cruzando os braços no peito, fazendo cara emburrada.

Ela o encarou, incrédula.

- Ah, claro! Porque arrastar alguém pra fora de uma festa como se fosse um saco de batatas é brincadeira agora?

- Eu salvei sua pele, sua ingrata - disse, tentando manter a seriedade, mas por dentro, a lembrança do sonho quente da noite passada estava deixando-o meio excitado e desconcentrado.

A SubmissaOnde histórias criam vida. Descubra agora