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01.09.19
Quarta-feira

Sadie se sentia fraca, mal conseguia levantar da cama. Não tinha comido muito desde que descobriu... aquela coisa. Não havia jantado quando Spencer colocou a comida na frente de sua porta, mas no outro dia, quando Jacey choramingou insistindo que ela deveria comer, a garota acabou por ceder e comeu um pouco.

-- Sadie -- diz Mitchell, seu outro irmão -- Tem alguém aqui que quer te ver.

-- Eu já falei que eu não quero ver ninguém! Não vou abrir a porta.

-- Você não precisa, porque eu tenho a chave -- Sadie se sentou na cama ao reconhecer a voz de Millie.

A morena entrou fechou a porta, colocou uma bandeja na cama e abraçou a amiga, afagando os cabelos ruivos e sussurrando que havia sentido saudades em seu ouvido. Após solta-lá pegou o rosto de Sadie nas mãos e percebeu o quão pálida a menina estava, as olheiras profundas.

-- Nossa, você está péssima.

-- Você é uma ótima amiga.

-- Eu sei, espera, seu irmão pediu para eu trazer algo para você comer.

-- Não precisa, eu não tô com fome.

-- Mas você precisa comer-- pegou a bandeja e colocou em cima do colo da amiga -- Por mim-- Fez um biquinho -- eu vim do Canadá até aqui para fazer você se sentir melhor.

-- Que mentira, você veio porquê já estava na hora de voltar.

-- E porque tava com saudade de você. Por favor, coma um pouco Sads.

A ruiva revirou os olhos e mordeu um pedaço do sanduíche. Comeu até metade do sanduíche, só conseguiu se forçar até aí.

-- Quer me contar o que houve? -- pediu Millie. Sadie bebeu um gole do suco de abacaxi.

-- Bem, não sei muito sobre o que houve, não ouvi muito, nem deixei eles se explicarem.

-- Eles?

-- Sim, espera -- Sadie afastou a bandeja para o fim da cama e ajeitou os travesseiros até que se sentisse confortável -- Depois que desliguei a ligação com você, tive a ideia de escrever uma carta pro Noah dizendo que queria conversar, mas percebi que talvez ele descobrisse que fui eu que escrevi as outras e então desisti. Mesmo assim fui comprar o papel e voltei pra cá para deixá-lo aqui e passar na casa do Noah pra falar com ele. Quando eu cheguei aqui, consegui escutar os gritos da porta de entrada. Nunca tinha visto meus pais brigaram daquele jeito. Nunca tinha visto a voz da minha mãe tão magoada.

-- Mas por quê? -- os olhos dela marejaram.

-- Ele traiu ela. O tempo inteiro que estávamos em Nova Iorque. E eu pensei que esse ano iria ser melhor, mas já começou com uma mentira.

-- Oh Sadie -- apoiou a cabeça da amiga em seu ombro e fez cafuné nela -- Eu sei como é.

-- Sabia que você iria entender -se suspirou tentando conter as lágrimas
-- Eu só não esperava isso dele.Você mais que ninguém sabe como meu pai é um grande exemplo pra mim, e ele fazer uma coisa dessas...

-- É inesperado, eu sei. Quem mais sabe?

-- Ele disse para não envolver a gente nisso, mas como eu descobri eles provavelmente vão contar. Como e quando eu não sei.

-- É melhor do que você ser a única a saber, é muito peso para carregar.

-- Eu nem imagino como você deve se sentir.

-- Eu sei que é bem errado, mas eu já me acostumei com a mentira, não é como se eu eu tivesse outra opção -- Millie deu um sorriso triste -- Mas do jeito que você é sincera, não conseguiria.

-- Provável.

-- Mas você não pode ficar aqui lamentando o erro dos teus pais. Vai tomar um banho, aí a gente chama as meninas lá pra casa e faz uma festinha só a gente -- Sadie gruniu, rejeitando a ideia. -- Você já está nesse quarto a dois dias que seu irmão me disse. Podemos levar a Jacey para brincar com a Ava, ela vai adorar.

-- Se eu não aceitar logo, você vai encher meu saco até eu aceitar, então vamos.

E assim fizeram. Enquanto Sadie tomava um banho, Millie avisava as amigas para irem pra casa dela por volta das 18 horas. Sadie arrumou uma mochila com roupas para mais ou menos quatro dias. Provavelmente não passaria todo esse tempo lá, mas deixou assim por precaução.

As duas desceram as escadas e foram até a sala, onde todos assistiam televisão.

-- Eu vou dormir na casa da Millie hoje, é uma festa do pijama -- Anunciou a menina. Todos se viraram para ela. Sua mãe abriu a boca mas não falou nada.

-- Mãe eu posso ir também? -- Pediu Jacey fazendo uma carinha de cachorrinho pidão para a mãe.

-- Se não for incômodo -- a mulher olhou para Millie.

-- Imagina! A Ava vai adorar a surpresa.

-- Vem filha, vamos arrumar a mochila -- disse Katherine e num piscar de olhos a ruiva menor havia saído saltitando até as escadas.

-- Por que o Caleb não viajou com a gente? -- perguntou Sadie olhando para os irmãos. Caleb era o mais velho entre eles, tem vinte e oito anos, depois vinha Spencer, com vinte e cinco e Mitchell, com dezoito, Sadie tem dezesseis e Jacey tem seis, faria sete naquele ano.

-- Ele estava ocupado com o trabalho -- respondeu o pai da menina.

-- Ele sempre tá... -- resmungou Mitchell.

Sadie sempre foi muito apegada com Caleb, ele era tipo um mentor pra ela e o que que tinha gostos mais parecidos com os seus. Ele cresceu e saiu de casa, indo morar na Califórnia, então nunca mais o viu. Ele não respondia suas mensagens e ligações. A última vez que o viu foi aos 10 anos no jantat de ação de graças.

A falta de contato a fazia imaginar muitas coisas sobre ele. Não conseguia imaginar Caleb sendo um adulto entediante, talvez dele fosse viciado em café, trabalhasse em um jornal, tivesse uma namorada e fumava quando estava estressado demais. Imaginar ajudava a se distrair da saudade do irmão. Graças a Deus tinha Mitchell e Spencer. Era próxima de Mitchell, ela gostava de ir as compras com ele. Não era muito chegada a Spencer, mas com a ausência de Caleb ele era o mais velho, então sempre pagava de super protetor. Spencer sempre se fingia de durão na frente dos amigos da irmã, mas a família sabia que ele era bem sensível, costumava chorar junto com Sadie nos filmes de romance. Ele só aparecia em casa no fim de ano e nas férias de verão, pois trabalhava e morava em Los Angeles.

-- Menos Mit -- repreendeu o pai. Mitchel revirou os olhos em resposta.

Não demorou muito para Jacey aparecer com uma mochilinha nas costas e já arrumada. Millie pediu um uber e elas foram.

As cartas de Sadie Sink Onde histórias criam vida. Descubra agora