Muito longe

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20:18 pm
09.02.19
Segunda-feira

Sadie estava sentada em sua escrivaninha, fazendo o dever de casa quando seu celular tocou. Viu o nome de Noah na tela e sorriu involuntariamente.

-- Oi amor -- ele disse.

-- Oi, como você tá?

-- Cansado, mandaram muito dever de física, e isso no primeiro dia. E você?

-- Passando raiva fazendo o dever de física -- os dois deram uma risadinha.

-- O primeiro dia de aula foi bom pra você? Mal pude conversar contigo no almoço, e na saída Chloe me arrastou pra casa.

-- No almoço ninguém conseguiu falar com ninguém -- ele riu nasalmente -- Não foi o pior dia de todos, mas não foi o melhor. E foi tão bom voltar pro teatro.

-- Nem imagino. Você tá melhor agora? Teve outra crise?

-- Relaxa, eu tô bem.

-- Que bom... Ei, tem um negócio que eu preciso te falar, sei que deveria falar pessoalmente mas tô muito animado -- o tom dele mudou, parecia uma criança falando do brinquedo novo que ganhou.

-- Pode dizer.

-- Eu decidi que carreira que seguir.

-- Sério?

-- Aham.

-- Que legal amor!

-- Quero ser médico.

-- Noah, isso é incrível. Você já decidiu pra onde quer ir?

-- Minha mãe quer que eu vá pra Havard, não é incrível?

-- Havard? -- seu tom não saiu tão animado quanto deveria, mas estava feliz por ele, o único problema era que é muito longe.

-- Sim.

-- Meu Deus... é realmente incrível -- fingiu emoção, e nunca se sentiu mal por isso.

-- Vou ver o conselheiro amanhã pra começar a me preparar logo, melhorar minhas notas, me empenhar mais.

-- Sei que vai conseguir, é inteligente.

-- E você? Já decidiu? Sem pressão, claro.

-- Eu pensei bastante nisso e acho que eu sempre soube. Quero ser atriz.

-- Você tem jeito pra isso. Hollywood vai ser sortuda de te ter.

-- E... eu também tô vendo universidades, eu não, minha avó. Ela tá procurando alguma em Nova Iorque. -- ficaram em silêncio por um tempo. -- Noah?

-- D-desculpa, o sinal tá péssimo -- era óbvio que estava mentindo, Noah era péssimo em mentir -- Putz, Nova Iorque.

-- É.

-- Você tem cara de Nova iorquina.

-- Eu sou Nova iorquina Noah.

-- Ah, verdade -- ele riu.

-- Lá vai ser melhor pra minha família. Meus avós tem um apartamento bem centralizado lá, tá pra alugar mas eles disseram que vão me dar de presente de aniversário.

-- Wow... isso é... incrível.

Sabia que ele estava tentando o máximo que podia parecer animado, igual ela também estava, mesmo que naquele momento estivesse se esforçando para engolir o choro. Ambos sabiam que ele não iria pra faculdade por mais um ano.

-- Boston não é longe de lá, acho que ainda vamos nos ver bastante -- ela disse tentando não só convencê-lo, mas a si mesma também. -- São três horas de trem.

-- Eu sei.

O silêncio durou um tempo, e aqueles segundos pareceram horas.

-- A gente pode dar um jeito ano que vem. Eu sempre vou vir pros feriados, e pelo menos uma vez no mês.

-- Sadie.

-- Oi.

-- Quero que você se foque na sua faculdade, o máximo que puder. Sei o quanto você ama atuar.

"Não mais do que amo você", se passou na mente dela.

-- Tudo bem. Mas vou vir sempre que der.

-- Eu sei. Posso ir contigo pra lá no verão. É sempre melhor passar o verão com você. -- ela riu, que garoto clichê.

-- Obrigada. Eu te amo.

-- Eu também te amo. Agora termina o seu dever, e não dorme tarde. Boa noite.

-- Boa noite.

Talvez aquilo desse certo, talvez desse errado. Um medo subiu quando lembrou o que a distância fez com Finn e Millie, e logo eles! O que será que faria com ela?

Eles nunca tinham conversado sobre o futuro, sobre como seria depois do ensino médio. Sadie odiava pensar no futuro, a deixava ansiosa, mas naquele momento foi difícil evitar.

As cartas de Sadie Sink Onde histórias criam vida. Descubra agora