As cartas de Sadie Sink

Futuro

Eu me lembro de que quando eu e Millie éramos pequenas fazíamos planos para o futuro. Já planejamos morar em vários lugares diferentes e como seria nossa vida em cada um deles.

Se fôssemos para Paris ou para Itália, iriamos morar em um apartamento bem ensolarado e com vista para algum parque ou área verde. Os móveis seriam claros e teríamos várias plantas. Eu faria faculdade de artes, e ela, curso de modelo. Mas essa ideia sempre esteve distante.

Nosso maior sonho era Nova Iorque. O apartamento seria parecido com o da Monica de Friends, teriamos uma porta roxa e tudo mais. Millie queria fazer curso de design, ser estilista, eu queria atuar na Brodway. Eu poderia virar vegetariana ao invés de vegana, ficaria mais fácil me alimentar, e nós sairiamos nos fins de semana para ouvir Finn tocar em algum bar. Seria incrível.

Eram sonhos, mas quando fomos crescendo, foram virando oportunidades, e elas nunca estiveram tão próximas quanto agora.

Meu email da Julliard chegou no dia do meu aniversário. Eu fui aceita. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Todos os meus amigos e minha família estavam no quintal da minha casa. E naquele dia, ganhei um presente dos meus avós. Me mandaram uma chave pelo correio, chave do meu apartamento.

Meu professor do teatro vibrou de felicidade, ia contar pra todo mundo que uma das alunas dele entrou para a Julliard.

Caleb me mandou uma carta. Pediu desculpas por não comparecer, explicou o que aconteceu na sua vida nos últimos anos. Ele teve muitos problemas em achar um emprego, e não teria coragem de olhar na nossa cara tendo fracassado desse jeito. Foram muitos anos de luta, mas atualmente estava noivo, tinha uma linda menininha e um trabalho instável. Disse que viria nos ver no fim de ano.

E dai vieram as provas. A esse ponto os professores só queriam se livrar da gente, passaram praticamente todo mundo. Os alunos nem estavam preocupados, estavam ocupados demais organizando a formatura.

Eu, Finn, Millie, Sophia, Lilia e Jaeden nos formamos, os outros só no ano que vem. Eu não gostava de pensar muito no fato de que isso aconteceu mesmo, ainda parecia meio surreal a ideia de 1) ter 18 anos e 2) ter terminado o ensino médio. 4 anos da minha vida.

É tão estranho quando uma fase da sua vida acaba, parece que não é real, principalmente depois de tudo que já aconteceu nos últimos anos, mesmo que essas coisas pareçam tão distantes agora.

Toda a história com a Annie, foi um drama desnecessário. Eu superei tudo isso, e pra falar a verdade, sinto pena dela. Annie deve ser muito sozinha, e é bem triste querer fazer os outros tristes para se sentir melhor vendo que eles estão piores que você.

As vezes eu esquecia do que aconteceu com Aidan, e de que o Chris gostava de mim. Tive uma longa conversa com ele depois que comecei a namorar com Noah, pedi desculpas e ele entendeu. Quando ele me contou, eu era imatura e meio besta, é até engraçado olhar pra eu mesma do passado, as vezes me pego rindo lembrando de certas atitudes, outras vezes fico extremamente constrangida.

Eu estava pensando nisso da última vez que andei pelos corredores da escola. Fui tomada por uma nostalgia naquele dia. Sei que quando vivenciava aquelas coisas parecia que era o meu próprio inferno pessoal, mas agora, tudo passou. Eu sentia saudades e um certo vazio.

Saudades de ter todo mundo na mesa no almoço, de ir na praia e escutar música alta até de noite, daqueles momentos em que nossa vida parecia um clichê adolescente. Vou sentir tanta saudade de todos eles.

Mas depois de uma adolescência conturbada, vai ser bom seguir em frente e "recomeçar", mesmo que essa ideia pareça angustiante.

Eu chorei muito na formatura, na verdade, todos choramos. A separação do grupo pelo mundo estava cada vez mais próxima, e isso era completamente assustador.

A despedida da minha família foi um pouco - bem - melancólica. Meus pais choraram juntamente a Jacey, e Spencer! Por mais que ele de fizesse de durão, era uma manteiga derretida. O grupo resolveu fazer uma festa de despedida surpresa, e novamente, todos choramos.

Enfim, o plano era o seguinte: eu e Noah iríamos passar o verão em Nova Iorque, iríamos arrumar o apartamente e etc. Finn e Millie resolveram viajar pelo mundo - e pra falar uma coisa meio fora do contexto, mesmo depois que nos reaproximamos, ainda não sei que tipo de relacionamento esses dois estão tendo, Finn me disse que ele também não sabe -. Eles vem pra NY no final das férias. Millie vai morar comigo, e Finn vai morar em tempo integral, quando não tiver ocupado com a banda, vai ficar com a gente.

Pra manter o apartamento obviamente teremos que trabalhar. Millie 'tá investindo em uma marca de cosméticos, e não quero que ela tenha que me bancar, então falei com minha avó e ela achou o lugar perfeito para eu trabalhar. Perto do apartamento tem uma livraria-cafeteria, então vou ter que ficar rondando pra ver se abre vagas.

Depois das férias, infelizmente Noah vai ter que voltar pra Tampa. Nós resolvemos não terminar e ver no que vai dar, vamos nos ver sempre que der. Fico angustiada em estar tão longe dele, e fico feliz de dizer que nosso problema não é desconfiança, é que por experiência própria, sei que um relacionamento a distância é difícil. Nós prometemos um ao outro a se focar nos estudos, e que mesmo que seja doloroso, se o namoro começar a atrapalhar de alguma forma, iríamos conversar sobre e tomar a melhor decisão para ambos. Prometemos honestidade sobre tudo, e sei que não vai ser difícil pra mim porque qualquer pequena coisinha que acontece no meu dia, eu conto pra ele, não porque acho que ele deveria saber, mas porque eu tenho a necessidade de contar até meus pensamentos mais bestas pras pessoas, guardar tudo pra mim parece tão pesado, e mesmo que eu fale demais, sei que ele não se incomoda. Noah é uma das poucas pessoas que realmente presta atenção no que falo.

Nesse exato momento, eu estou em um avião indo pra Nova Iorque. Noah está cochilando do meu lado, com a cabeça apoiada no meu ombro, e a cena é adorável.

A despedida no aeroporto foi dolorosa. Meus pais vieram, mas meus irmãos não puderam vir, e todos os meus amigos vieram. Ainda me sinto meio pesada, mas também tem um sentimento bom, de esperança e emoção em começar algo novo.

Eu sentia muita saudade de Nova Iorque, e lá era tão diferente de tudo que estou acostumada, vai ser bom sair da zona de conforto, mesmo que eu me incomode bastante no começo.

Eu espero ser feliz com minha decisão, e espero que as pessoas a minha volta também estejam.

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Então, esse é o último capítulo. Me desculpem por ter demorado muito pra acabar, foram uns 2/3 anos eu acho, mas finalmente acabou.

Tem tanta coisa nessa história que eu quero mudar então quem sabe algum dia eu não reescrevo. 

Obrigada por terem lido até aqui, espero que tenham gostado do final. Amo vocês ❤