Clube do Chá · 01

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Após completar maioridade toda mulher passa a frequentar "clube do chá", onde se reúnem para discutir assuntos relacionados a organização de eventos nobres. Havia chegado a minha idade para debutar no clube, apesar de estar nervosa, não ouso comparar minha ansiedade com a da minha mãe. Era algo que ela não via a hora de acontecer, ter sua filha envolvida na classe nobre.

Como era de se esperar havia muitas mulheres totalmente exuberantes e refinadas, me olhando em silêncio como se estivesse esperando algum erro da minha parte.
— Permita dizer que sua filha é de fato a mais bela que há na sociedade. – disse uma senhora que transmitia um olhar assustador
— Obrigada pelo elogio, a Catalina sempre foi muito bonita, mesmo não fazendo esforço para tal. – respondeu minha mãe me lançando um olhar indicando que eu deveria responder
— Aceito seus elogios e me sinto muito grata por eles. Devo lhe dizer que sua neta também é dona de uma beleza avassaladora.
— Não é preciso dizer, sei disso. – respondeu Elisa arrogantemente, espero que ela não tenha se ofendido
— Não se importe, ela só está ofendida por que ouvimos comentários de que você é a única mulher que está ao agrado do Príncipe herdeiro Conrado. Acredito que deva estar prometida a ele.
— A Catalina acabou de completar maioridade, ainda não tivemos tempo para discutir este assunto. Mas o mensageiro dele já encontrou em contato para marcarmos uma reunião familiar. – antes mesmo que eu respondesse minha mãe fez isso por mim
— Está ansiosa pela reunião? – pergunta outra mulher com ar arrogante
— Não deveriam dar ouvidos a tais boatos, não há nada concreto nessas informações. O objetivo do clube não seria discutir sobre o baile que se aproxima? – respondi da forma mais delicada e sutil possível, mesmo assim fui atacada por olhares fulminantes inclusive o de minha mãe.
— Já que a dama sugere, vamos definir a lista. – uma criada cita nomes de familiares que serão e que não serão convidadas. – Há alguém que desejam incluir?
— Não! – respondem em coral
— É importante que a Duquesa Alexandra esteja presente, ela não foi uma das fundadoras do clube ao seu lado? – era como se tudo que eu falasse fosse incorreto ou inapropriado. Após causar um silêncio mórbido no salão a Duquesa Carola me responde com um sorriso gentil
— Concordo com a jovem, há tempos não convidamos a Duquesa Alexandra para um evento. Um convite depois de tanto tempo deve ser entregue pessoalmente, alguém disposto? – todas presentes se olham fazendo sinal de negação, estava para levantar minha mão quando minha mãe me impediu.
— Mãe! – sussurro
— Você já falou demais, fique quieta.
— Sendo assim, é justo que a pessoa que deu a ideia esteja disposta a isso. – pela primeira vez havia ficado feliz com o que Duquesa Carola havia dito
— É claro, será uma honra.

Após finalizar a reunião nos dirigimos para nossas respectivas casa. A caminho, minha mãe não consegue disfarçar o quão estava decepcionada com meu comportamento. Tentei por horas falar a respeito do tempo, de algum trecho que eu havia lido ou até mesmo da reunião, mas ela não me respondia.

Chegando na nossa residência, ela havia descido da charrete com passos rápidos e olhar furiosos a procura do meu pai. Seguir ela tentando amenizar a situação, mas logo o que ela viu havia despertado a mulher refinada que ela é.
— Me permita dizer que a Duquesa está cada vez mais bela, assim como a filha. – diz o Príncipe Conrado acompanhado do meu pai
— Vossa Alteza! É sempre uma honra te ver, irei providenciar aquele chá que tanto gosta. Enquanto isso Catalina te fará companhia, vamos querido sem dúvida eles tem muito que conversar
— Voltarei logo. – responde meu pai

Não sei ao certo o que sentir ao olhar para o Conrado, havia tempos que eu não o via e agora ele está aqui bem na minha frente para fazer aquela proposta que tanto me assusta. É esse mesmo o objetivo de nós mulheres? Casar, ter filhos e cuidar da casa. É sufocante pensar nisso. Por outro lado viver ao lado dele poderia tornar as coisas bem mais divertidas. O Conrado é muito bonito, lembro que brincávamos quando criança mas logo fomos separados para que ele ampliasse seus estudos e cuidasse do título que tanto impressiona a todos.
— Há quanto tempo milady.
— Há exatamente 13 anos, mas quem está contando? – reviro os olhos como fazia quando criança fazendo ele rir, mas dessa vez não escutei o som do seu riso.
— Vejo que ainda é a mesma.
— Algumas pessoas não mudam.
— Mudanças é sempre bom.
— Isso se for pra melhor.
— Veja por si próprio, acredito que saiba o motivo de eu estar aqui.
— Todos têm comentado sobre isso, não é uma surpresa.
— Perdoe-me a indiscrição, acredito que é tanta felicidade que não cabe em mim. Por isso todos sabem.
— Sua boca diz uma coisa mas seu rosto expressa outra. O que houve com você enquanto esteve fora? É como se aquele companheiro que tanto se aventurou comigo não estivesse aí.
— Ele está, e voltou para lhe pedir que seja minha companheira nessa nova aventura. Catalina, você aceita casar comigo?
— Dividir um trono não é algo que eu chame de aventura.
— Não é uma aventura, as pessoas falam sobre mim a todo instante por causa da responsabilidade que carrego, o que eles esquecem e o que você também está esquecendo, é que eu ainda não sou Rei​. Nosso Rei está vivo, governando muito bem e ficará assim por um longo tempo graças a boa saúde que carrega.
— Mas você não pode evitar o que vai acontecer um dia.
— Nem falharia com a nação ao desistir desse privilégio, o que estou querendo dizer Catalina é que ainda temos tempo para sermos o Rei e Rainha que esta nação merece.
— Acabo de debutar na sociedade e aparece a mim com esse pedido. Já que ainda temos um longo tempo pela frente, poderei lhe responder a esta pergunta com o decorrer do tempo?
— Neste passar do tempo eu poderia te perder para outro.
— E há outro?
— Me diz você, milady.
— Não quero ser injusta com você, não sinto nada além de um carinho enorme por ti. Ainda assim quer que eu aceite este pedido?
— Para isso servirá o tempo, ele nos aproximará.
— Não me sinto bem. – eu precisava pensar em algo rápido para evitar essa resposta
— Deseja um copo de água?

Me apoiei na escrivania ao fingir um desmaio, como um perfeito cavalheiro que era o Conrado me segurou chamando por ajuda. Minha ama estava muito preocupada, eu precisei dá uma piscada para ela disfarçada para a acalmar o que a deixou extremamente surpresa.
— Ela não tomou nada no clube, sem dúvida foi algo que você fez ama. – disse minha mãe
— Minha senhora, o que a Catalina consumiu foi o que é de costume. Provavelmente deve ter sido a emoção do dia, após o descanso ela estará melhor. – sinto a ama me beliscar por debaixo da manta, foi preciso esforço para não gritar
— A ama está certa, eu não deveria ter vindo hoje. Provavelmente contribuir para o desmaio.
— Não pense assim Vossa Alteza, logo acordará e verá que ela está bem.
— Sim eu acredito, a Catalina é uma mulher forte. Deixarei ela em paz para descansar, voltarei no fim de semana. – ele segura minha mão e a beija
— Obrigado pela visita, irei te acompanhar. – agradece meu pai

Quem matou o Rei?Onde histórias criam vida. Descubra agora