A Caminho · 22

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Apesar de não saber exatamente onde era a propriedade do grão duque Lorenzo, estava confiante que chegaria com êxito. Muitas coisas você aprende no campo de batalha, entre eles está a precisão e habilidade em território desconhecido. Eu amava estar em campo, mas abrir mão disso pelo Conrado. Poucas pessoas acreditavam que uma mulher seria capaz de ser bem sucedida em uma atividade como essa, mas o Conrado não era preconceituoso quanto a isto. Em uma viagem de estudos, tive a oportunidade de conhecê-lo. Eu era apenas a bibliotecária encantada pelo trabalho de campo, e ele me fez acreditar que eu poderia estar em campo. Por isso abandonei a minha antiga função para crescer na área que eu amava e que o meu pai tanto estimava antes de falecer em campo.

Não foi fácil conquistar o meu trabalho, por causa da minha escolha o meu marido havia me deixado. Afinal de contas, para ele lugar de mulher era em casa cuidando dos afazeres. Ele nunca foi a favor que eu trabalhasse na biblioteca, que diria estar em campo.

Após o fim do nosso relacionamento me concentrei em dar meu melhor na função que eu amava. Até que decidi retribuir ao Conrado o bem que ele havia me feito, por concordar em cuidar da Catalina. Não pensei que eu poderia me apegar a alguém tão rápido, mas perceber o quanto eles se gostam me fez acreditar que nem todos os relacionamentos tendem a ser um fiasco. Eu e a Catalina temos muitas coisas em comum, corremos atrás dos nossos sonhos mesmo que isso signifique quebrar regras. É uma pena que o meu marido não tenha me aceitado dessa maneira, eu sentia falta dele de uma forma dolorosa até que decidi não focar apenas em mim, mas no meu próximo. Me sinto bem ao colocar o interesses de outros a minha frente.

 Em pouco tempo que a conheci, Catalina me colocou a frente dela. Por isso não posso deixar-la para trás como o meu marido fez.

Ao chegar na propriedade do Grão duque Lorenzo, percebi uma movimentação incomum. Alguns soldados circulava pela terra, seria impossível que fosse pela ordem do primeiro ministro, em tão pouco tempo. Mas mesmo assim não poderia arriscar. Coloquei uma roupa que complicasse o meu reconhecimento, e seguir para o celeiro que estava sem vigilância. 

O lugar que eu acreditava estar vazio, não estava. A pessoa que eu procurava estava tirando o que chamo de “uma boa soneca”. Eu deveria acordá-lo, mas ele estava encantador. Nunca o tinha visto dessa maneira, sereno. Talvez após ter passado por tantos problemas, finalmente ele estava dormindo em paz. A última vez que eu o tinha visto foi no dia em que a Catalina havia virado a vida de todos de cabeça para baixo, aquele dia ela havia colocado não somente a mim mas também a ele a frente dela. A cada segundo meu senso de dever aumentava por ela.

Estava prestes a tocá-lo quando ele me puxou jogando ao chão e colocando contra ele. Eu havia ficado surpresa, nunca tinha abaixado minha guarda desta maneira.
— Hadassa? – perguntou ele ao me reconhecer
— O que pensa que está fazendo? – o chutei para longe de mim.
— Me explica você. – ele tossiu tentando se recuperar
— Você me atacou!
— Não sabia que era você.
— Não importa, vim porque preciso da sua ajuda.
— Espero que não seja como algo dá última vez.
— Talvez seja pior, o Conrado não é mais o rei 
— Quer dizer que posso expulsar esses babacas da minha terra? – disse ele se referindo aos guardas
— Eles estão aqui sob ordem do Conrado?
— De quem mais seria?
— Isso que dá viver isolado da civilização.
— Está me ofendendo?
— E se?
— Só poderia ser uma guarda costas dá Catalina.
— Não temos tempo para isso. Catalina está em perigo. – expliquei para o Lorenzo tudo que havia acontecido 
— Nem ferrando acredito nisso.
— Não acha que vir até aqui para te ver.
— Aquela mulher só se mete em confusão.
— E então, vai nos ajudar?
— De que forma faria isso?
— Aceitando o cargo que o primeiro ministro vai te oferecer. Assim ficará a par do que ele tem feito, e vamos descobrir rastros de onde ela poderia estar.
— Não sei se você sabe mas colocarei minha avó em risco se eu fizer isso.
— Está enganado, temos tudo sobre controle. com você no palácio, ele não irá se preocupar com o que vamos estar fazendo. 
 — Não acho que será fácil assim, todos sabem que eu desejo ter o mínimo envolvimento possível com o reino. Será bastante suspeito.
— A não ser que você impor uma condição.
— Ele jamais deixaria eu  encontrar Catalina. 
— Acontece que ele só será rei se você aceitar o cargo.
— És uma mulher ousada.
— Vai ajudar ou não?
— Se está planejando nos seguir, desista. Seria muito arriscado fazer isso, colocaria a todos em perigo. Temos que fazer ele descartar a Catalina.
— Só se ela estivesse morta. – finalmente me dei conta do que ele planejava fazer – De jeito nenhum, é muito perigoso.
— Catalina não é nenhuma criança, ela mesmo irá digerir o veneno.
— Não concordo com isso.
— Mas deveria. Sabe bem que ao pensar que ela está morta, o primeiro ministro vai fazer com que sumam com ela. Ele ficará apavorado com o que a população ou até mesmo eu como general poderia fazer.
— É perigoso.
— É a única maneira, confie em mim. Não desejo fazer mal a Catalina. – disse olhando em meus olhos
— Mas já desejou isso um dia.
— Tínhamos nossas diferenças, mas está no passado.
— Tudo bem, vamos fazer isso.
— Tenho uma condição.
— O que? – pergunto irritada
— Você está pessoalmente encarregada pela segurança da minha avó.
— Não se preocupe. – disse antes de sair
— Para onde vai?
— Onde mais? Voltarei ao reino.
— Está louca? A viagem até aqui é demorada, a volta pode ser perigosa até mesmo para um soldado como você. Sugiro que fique aqui.
— Somente está noite, não precisa se preocupar com a minha estadia ficarei aqui no celeiro. Só preciso de um lugar para dormir.
— Então terá que dividi-lo comigo.
— Como ousa?
— Não me entenda mal, após os acontecimentos minha avó não tem permitido que eu entre na propriedade. Explicar a ela o que você está fazendo aqui a uma hora dessa será tão ruim quanto contar a verdade.
— Espero que não esteja brincando comigo.
— Não me atreveria.

Mesmo que fosse desconfortável, eu não teria condição de voltar ao reino após viajar direto até a propriedade do grão duque. Ajeitei um canto para dormir até que amanhecesse. Pensei que acordaria antes que ele para poder retornar, mas fui surpreendida quando encontrei o desjejum acompanhado de um pequeno bilhete.
— “Estou cumprindo com a minha parte, certifique-se de fazer o mesmo.” 

Acreditei que seria preciso contar os acontecimentos para a arquiduquesa, mas não foi necessário. Ela já estava pronta a ir onde eu dissesse.
— O que faremos senhorita? – perguntou ela, com uma ar elegante e preocupado
— Vai ficar tudo bem senhora, por hora peço que me acompanhe de volta ao reino.
— Não deveríamos ficar afastada de lá?
— Para onde vamos não há perigo.
— Se meu neto confiou minha vida a você, te seguirei cegamente.

Retornamos em segredo ao reino. A propriedade dá Catalina estava com um ar sombrio e desabrigado. Assim que me avisou Arena correu para me cumprimentar.
— Hadassa, onde está a minha menina? Se fizeram algum mal a ela não poderia me perdoar. – disse ela em prantos
— Por favor se acalme, vamos trazer ela de volta.
— Onde está o Lorenzo? – perguntou a arquiduquesa
— Esses garotos são muito impulsivos, tentei convencê-lo a esperar você chegar, mas ele aceitou acompanhar o ministro imediatamente. – disse a matriarca – Sinto muito termos nos conhecido em uma situação como essa.  
— Ouvir falar sobre você, parece que temos problemas em comuns causados pela mesma pessoa.
— Felizmente ela pagou por todo mal de nos fez. 
— Por favor vamos evitar falar desse assunto. – disse Conrado – Em especial na frente dá Catalina.
— Não precisa se preocupar, Catalina provou de várias maneiras ser diferente da mãe.
— Ela será uma maravilhosa nora. – disse a arquiduquesa pensando na Catalina como uma possível pretendente para o Lorenzo
— Não esqueça que é do Conrado que ela foi noiva. – disse a matriarca 
— Mas não é mais. – a arquiduquesa sabia ser uma mulher refinada e fria
— Por favor, por hora vamos nos concentrar em trazê-la de volta. – dei um fim nessa discussão necessária antes que ela se estourasse
— Escuta Hadassa, combinei com o Lorenzo de o encontrar daqui há algumas horas. Ele concordou que seria melhor você ficar para garantir a segurança da nossa família.
— Impossível! Vocês precisam de mim, não vão conseguir sozinhos.
— Vamos sim, ainda tenho seguidores leais no reino. A coroação ainda não foi feita, temos a ajuda necessária para trazê-la.
— Mas…
— Por favor Hadassa, eu e o Lorenzo confiamos em você. 
— Então traga ela de volta em segurança.
— Farei isso.
— Espere um momento filho, você está desconsiderando algo. – disse a matriarca nos deixando curiosos

Quem matou o Rei?Onde histórias criam vida. Descubra agora