Em Terra Desconhecida · 03

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O dia amanheceu numa velocidade extraordinária. Ansiosa me arrumei para a ida a casa da Duquesa Alexandra, se tudo ocorrer bem chegaremos antes do anoitecer. Durante o café da manhã meus pais não pronunciavam uma palavra sequer, estavam decepcionados comigo.
— Está na hora de ir, a ama me acompanhará.
— Alguma preferência na escolha das flores para o casamento? – pergunta minha mãe certa de que eu não conseguirei ⠀
— Por favor escolha para mim mamãe, estou na dúvida entre as Rosas brancas e o Crisântemo. – levanto a deixando irritada
— Essas são flores usadas para velório. ⠀
— Com licença.
— Boa viagem filha. ⠀⠀
— Obrigada pai.

A caminho da terra da Duquesa quase não conseguir dormir, a estrada era muito rochosa e o tempo estava muito ruim, o que fazia o charrete balançar bastante. Diferente de mim a ama roncava, era como se tivesse balançando um berço para o bebê. Me distrair ao ler um contato quando um movimento desconfortável fez com que o charrete parasse.
— Senhorita. – disse o charreteiro
— Algum problema? – pergunta a ama ao acordar ⠀⠀
— Os parafusos da roda da charrete desmontou.
— Conserte-as, ainda está claro.
— Infelizmente não tenho as ferramentas, esqueci na residência.
— O que faremos? – pergunto
— É apropriado que continuemos a viagem a pé, assim conseguimos chegar antes que anoiteça e fique perigoso. ⠀⠀
— Quanto tempo aproximadamente?
— Cerca de uma hora.
— Impossível! Milady nunca andou por tanto tempo ela ficará exausta e resfriada neste tempo ruim.
— Se eu for buscar ajuda pode ser perigoso que as senhoritas ficarem aqui só.
— Tudo bem, então vamos. Quanto mais cedo ir, chegaremos mais rápido. – consenti
— Sim senhora.

A falta de costume me causou um cansaço enorme, a última vez que suei tanto foi no meu tempo de criança. Pensar nisso não me causa boas lembranças já que a maior parte brincava com o Conrado. Me pergunto se ele desistiria dessa casamento se eu pedisse, mas a resposta é imediata ele deixou claro que não abrirá mão disso. Me sinto sufocada ao pensar nisso e acelero meus passos irritada.
— Milady, espere um segundo. Essa é a entrada da residência da Duquesa Alexandra, aguarde um momento enquanto comunicarei a sua visita.
⠀⠀⠀⠀⠀
Dou uma boa olhada em volta do lugar e me admiro por ser tão enorme. A Duquesa tem muitas terras, será a distância que a fez parar de frequentar o clube? ⠀⠀
— Estou tão nervosa por estar aqui. – diz a ama
— Não há motivos, estou aqui não estou?
— Isso porque a senhorita não sabe o quão assustadora essa família é.
— Bobagem.

Ainda úmida por causa da caminhada, o charreteiro avisou que poderíamos entrar. Esperamos por horas na sala até que viessem nos atender, de fato ela era assustadora, porém absolutamente linda e refinada. O jeito que andava expressa o quão educada ela era, suas vestes eram muito bonitas mas não conseguir definir de qual alfaiate era, provavelmente são é vestes estrangeira.
— Duquesa Alexandra, obrigada por nos receber em sua residência. – ela lançou um olhar intimidador para mim. – Vim com um objetivo importante.
— O que aconteceu? – ela aponta para minhas vestimentas que estava sujas e rasgadas por causa da caminhada.
— A charrete quebrou no caminho, tivemos que fazer uma caminhada de uma hora para chegar.
— A que se da essa sua visita? – ela pergunta curiosa
— Neste fim de semana… ⠀⠀⠀
— Por gentileza, – ela me interrompe desinteressada pelo assunto – Leve isto para o estábulo.
— Desculpe? – observo alguns suplementos sobre a mesa ⠀
— Faria este favor? Entregue isso para o rapaz que está trabalhando. ⠀
— Permita me fazer isso, Duquesa. – diz a ama
— Obrigada pela disposição, mas não foi a você que pedir. – ela a silencia
— Tudo bem, farei isto. Ao voltar conversamos ⠀⠀⠀
⠀⠀
Se minha liberdade não dependesse disso, eu de fato responderia a altura. Como ousa fazer de mim sua empregada? Com tantos empregados na casa, ela tem que pedir isso logo a mim? Não devo reclamar, fui avisada pelos meus pais e a ama que não seria fácil.

Ao entrar no estábulo fiquei ainda mais irritada por ter pisado nas fezes de um animal, meus resmungos não despertou a atenção do rapaz que trabalhava. É uma brincadeira, só pode ser. Uma Duquesa ter que levar água para um empregado.
— Com licença. – tento chamá-lo, mas ele finge não escutar. – Rapaz, estou falando contigo.⠀⠀⠀⠀
— Coloque em qualquer canto.
— Tudo bem. – após colocar o jarro sob a mesa derrubei uma ferramenta no chão, com movimentos rápidos a peguei impedindo que ferisse o rapaz. Porém com reflexo rápido ele fez o mesmo, causando uma situação vergonhosa. – Não vai soltar minha mão? – pergunto olhando naqueles olhos profundos e esverdeados.
— Não vai pedir desculpas?
— Por que farei isso, o erro é seu de não organizar o local de trabalho.
— Meu erro?⠀
— A Duquesa Alexandra deve rever as pessoas a que tem contratado como empregado.
— Como é?
— Com licença. – me retiro irritada, não era só a família, os empregados também eram muito ousados e rabugentos.

Com os pés sujos e um mau cheiro forte entrei na residência sem me importar se estava fedendo ou não. Apesar de estar com o mau humor fiquei surpresa ao ver a ama aos risos com a Duquesa, a olhei intrigada. A definição de assustadora para a ama é bem diferente da minha.
— Ele bebeu? – pergunta a Duquesa Alexandra
— Não sei dizer, ele estava muito ocupado com o que estava fazendo. ⠀
— E então, vamos conversar?
— Com esse mau cheiro? Melhor você ir se banhar, podemos conversar depois. Ama traga as roupas para a senhorita.

Chateada procuro me lavar e me olho por um bom tempo no espelho. Nunca estive nessa condição, com essa aparência e esse mau cheiro. Tenho que me controlar, preciso agradar a essas pessoas porque minha liberdade depende disso.

Após um longo banho sair do lavabo, dando de encontro com aquele rapaz do estábulo. Ele conseguiu ficar mais sujo do que estava e mesmo assim aqueles olhos se destacava, em silêncio dou-lhe uma boa olhada, apesar de ser um ignorante tenho que admitir que é um empregado muito bonito. Minhas bochechas coram ao vê-lo sorrir intrigado.
— Vai sair da porta ou vai ficar me admirando?
— Sabe que não deve entrar aqui, procure a casinha dos empregados.
— Saia da minha frente. – ele me empurra, ao me desequilibrar caio no chão. – Você está bem? ⠀
— Você é louco? – ele me ajuda a levantar
— A senhorita que é lerda.
— Lerda? Vamos ver o que a Duquesa tem a dizer por causa do seu mau comportamento.⠀⠀⠀
— Vá! Pode dizer. Meu nome é Lorenzo.
— Espere e veja.

Quem matou o Rei?Onde histórias criam vida. Descubra agora