. capítulo 03

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Com o coração já fora do peito eu pude tomar coragem de virar para observar o pequeno (grande) garoto que descia as escadas trajando roupas um tanto quanto diferentes da ultima vez em que eu o vi.

O silêncio finalmente se fez presente naquele cômodo e nem as respirações foram possíveis de se ouvir. Observo aqueles olhos lindos e curiosos que me analisavam enquanto Regina se aproximava para provavelmente mandá-lo de volta ao quarto.

— Mamãe? — Seu timbre mais forte e confiante agora me fizeram soltar todo o ar dos pulmões.

— Mike? — Solto seu nome como um tesouro.

Não tive tempo de dizer mais nada, vejo o garoto se soltar dos braços da avó e correr em minha direção para cair de joelhos e receber o melhor abraço de todos naquele mundo. Mike chora em meu ombro enquanto eu noto como ele está mais alto do que eu posso imaginar. Afasto meu rosto de seu pescoço e tenho as lágrimas limpas assim como retiro as que molhavam seu rosto.

— Senti tanto sua falta, guerreiro! — Sussurro apenas entre nós, o mundo ao nosso redor parecia ter sumido.

Ele junta nossas testas enquanto sorri.

— Eu também senti, mãe!

Longos minutos assim e eu me levanto, nunca tinha sido considerada tão alta assim mas ele estava gigante, sua cabeça acima do meu ombro me deixava impressionada. Cinco meses apenas e esse garoto já estava enorme.

Foram mais ou menos duas horas explicando, conversando e tentando não levar uma surra de qualquer que fosse a pessoa daquele apê. David e meu pai estavam tranquilos comigo mas ainda pareciam querer matar Killian. Emma e o mesmo finalmente tomaram seus rumos para a lanchonete da vovó e nunca mais os vi, irônico não.

— Você é definitivamente louca! — Blaer toma lugar ao meu lado junto de seu noivo, exato, noivo, saí daqui com eles noivos e voltei a tempo de ser madrinha.

— Nada de novo sob o sol! — Empurro a mesma com o ombro. Henry não estava por ali, pelo que entendi ele teria pegado uma moto para sumir pelos reinos, conflitos para outras histórias.

Mike se deliciava com uma xícara de chocolate quente e marshmallow enquanto brincava com Neal. O irmão da salvadora estava enorme.

— Como foram as coisas por lá? — Will solta sua voz pela primeira vez, ele me deu um abraço apertado quando as coisas finalmente estavam explicadas.

— Cansativas... — Solto o ar que segurava nos pulmões. — Ganhei umas cicatrizes novas, novas dúvidas, novos problemas.

Quando finalmente eu ia explicar, o casal que sumiu nessas horas volta com sorrisos nos rostos mas assim que Emma me olha eu posso notar que ela sabia do motivo da minha volta repentina. Ela indica o andar de cima com a cabeça e peço licença aos meus amigos para seguir rumo.

Profecia? — Ela tinha o corpo apoiado na parede do corredor.

— Pois é...

— Já contou para eles? — Ela coça a nuca ao me ver negar. — Isso vai dar trabalho, sabe a duração disso? Na verdade, como você soube disso?

— O Smee, nosso imediato, recebeu uma carta quando estava viajando, de início a carta alegava existir um precioso tesouro que precisava ser encontrado pela dupla de piratas que tinha viajado os mares por esses anos. Fomos na intensão de demorar apenas duas semanas mas foi aí que deu errado, os caminhos começaram a ter obstáculos demais. Um dos empecilhos foi quando nosso barco simplesmente não quis sair do lugar, ficamos parados no meio do oceano sem saber o que fazer por uma semana, os ventos fortes não ajudavam já que o barco não queria se mover. E simplesmente do nada ele voltou a se movimentar sozinho em direção a uma ilha de bruxas. — Emma ouvia atentamente. — Nessa ilha repleta de bruxas eu fui reconhecida como "heredis pythonissam" que traduzido para nós é "A Bruxa Herdeira". Durante esses anos viajando eu nunca fui chamada daquela maneira mas todas se recusaram a me contar todo o significado, dizem que ainda não estaria na hora.

— Killian me contou o resto, também me contou que você anda tendo problemas depois dessa visita a ilha das bruxas. — Mudo o peso das pernas me mostrando tensa.

— Meus poderes andam um pouco descontrolados depois dessa visita, ando tendo visões, pesadelos, lembranças. Tudo rápido e as vezes dolorosos. Parece que falta alguma coisa que eu não sei o que é. — Sussurro essas partes pois só Jones sabia, afinal foi ele quem passou por tudo ao meu lado. — E eu não sei se o Killian contou mas nós não...

— Não se preocupe, Gals! Ele explicou tudo e também disse que tiveram coisas entre vocês, assim como disse que você tem ajudado ele a me reconquistar, ele está bem melhor em comunicação. — Ela ri parecendo lembrar das horas que passou com ele.

— Ele te ama, Emma! — Ela me observa com mais atenção depois disso. — O que tivemos e temos é algo lindo, a amizade dele me prende com segurança. Ele ama Michael de uma maneira incondicional e eu estava louca para voltar e te dizer que, ele quer muito um filho... — Ela parece surpresa e sem o que dizer, quando vi já estávamos nos abraçando e só com a voz de David que nos soltamos e descemos.

• • • •

— Acho que está na hora de certas pessoas irem para cama! — Mary Margaret anuncia por cima das vozes. Já estava noite e todos estavam reunidos -como sempre- comendo pizza.

— Neal, vamos. — David ergue a mão para o filho e logo somem para o andar de cima.

— Venha, Michael! — Regina toma frente, ela ainda parecia magoada comigo e eu não a culpo. Abaixo a cabeça para brincar com a barra da minha camisa limpa que coloquei após meu banho.

— Desculpe, vovó... — O timbre seguro de Mike foi ouvido. — Eu quero a mãe hoje, de preferência para sempre. — Sinto ele levantar meu rosto e sorrir, meus olhos se enchem de lágrimas e eu apenas consigo concordar e seguir para o andar de cima com ele.

Ele se troca e logo está com seu pijama, calças quadriculadas nas cores azul e preta e uma blusa de mangas na cor branca.

— Eu tenho dez anos já, mas gosto de te ter comigo para dormir. — Mike se deita e me dá espaço para deitar ao seu lado.

— Me desculpa por sumir...

— Você não sumiu, você saiu para salvar o mundo. Como sempre! — Seus lindos olhos azuis e seu sorriso animado me deixavam de coração aquecido.

Alguns minutos conversando e fazendo afagos nos cabelos do mais novo eu pude notar seus traços. Ele agora tinha seus braços ao redor da minha cintura e a cabeça sob meu braço, iluminados pela pouca luz eu consigo ver uma cordinha em seu pescoço, assim como o cordão que tinha de meu pai. Puxo o mesmo delicadamente até ter em mãos algo que me arrepiou completamente.

— Mike...?

— Sim? — Ele responde em um fio de voz por estar quase dormindo.

— Onde conseguiu isso? — Observo o pingente com atenção.

— Um menino me deu de presente, disse que estava guardado apenas para mim... — Meu corpo arrepia.

— Como ele era, filho? — Meus batimentos estavam mais fortes agora.

— Alto, magro, olhos verdes...

— Merda! — Dou sorte por conta de ele já ter dormido pois assim eu consegui xingar até mesmo em três línguas diferentes.

ᴛʜᴇ ᴘʀᴏᴘʜᴇᴄʏ • ᴘᴇᴛᴇʀ ᴘᴀɴ [ᴏᴜᴀᴛ]Onde histórias criam vida. Descubra agora