~A oração para um lobo ~

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Minha pele parecia queimar então abri os olhos e imediatamente fiquei confuso e assustado

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Minha pele parecia queimar então abri os olhos e imediatamente fiquei confuso e assustado. Não sabia onde estava e apenas enxergava o intenso brilho do sol em um céu limpo. Foram apenas alguns segundos de consciência até uma pontada de dor na cabeça me levar embora da realidade.

Na segunda vez que acordei foi por culpa de uma sensação fria no meu rosto. Havia uma figura contra a luz, encapuzada com uma túnica verde escura, arcada sobre mim e silenciosamente passando um tecido úmido em minha bochecha. Levei um susto na situação estranha e tentei me levantar, instantaneamente ficando cheio de perguntas. Onde eu estava? Quem era aquela pessoa? O que havia acontecido? E, principalmente, onde estava Fiel?!

Para que fui me desesperar? Fui rendido por cãibras e dores por todo meu corpo e me deitei novamente, grunhindo. Meus músculos pareciam exaustos, fazendo-me sentir pesado e sem força. Era como se minha carne tivesse sido moída e posta de volta dentro do meu couro. Ofeguei, resistindo aos ecos de agonia e a uma tontura desanimadora.

— Não se mova tão rápido — a voz feminina e rouca veio das sombras do capuz. Encarei-a sem reconhecer. — Precisa de cuidados com seus ferimentos e é certo que teve uma pancada feia na testa — depois apoiou o tecido frio no lugar, fiz uma careta com a pontada de dor que gerou.

— Quem... — e tossi, percebendo como minha garganta estava seca como farinha. — Quem é você?

— Uma samaritana. Encontrei o senhor hoje cedo, estava imundo de sangue e, já que estava vivo, precisei limpá-lo — ela levantou-se e andou pela praia de areia suja até um rio nada longe.

Eu não me lembrava de rio algum! O que tinha acontecido? E onde estava Fiel?

Não pude me mexer, então tentei me concentrar no que recordava da noite anterior... Ou será que havia sido há mais tempo, talvez dias? Suspirei frustrado, porque tudo o que tinha na cabeça era a dor pungente na testa. De repente, tive uma crise de tosse pela secura na garganta e quase expeli os pulmões, mas graças a isso notei uma movimentação sobre minhas partes íntimas enquanto o resto de meu corpo estava livre ao sol e ao vento. Sentei-me surpreso por estar nu no meio do nada e sem lembranças, e me cobri direto com o tecido de algodão. Novamente: Pra que fiz isso? Uma dor explodiu próxima do meu ombro, o que me fez deixar de usá-lo imediatamente, e fiquei tonto, com direito a sensação de ânsia, e pior era que meu estomago parecia cheio. Ativei meu autocontrole e inspirei várias vezes para superar essas reações, depois olhei em volta e não obtive pista do que estava fazendo ali ou de minhas roupas.

A mulher voltou, já tinha os olhos em mim a um tempo:

— Não é dos piores homens que já fui obrigada a ver. Mesmo assim, foi melhor lhe cobrir — seu tom era sempre quase indiferente. Depois puxou de debaixo das roupas uma cumbuca com rolha e ofereceu: — Beba, é água pura.

Aceitei, encarando a sombra que ocultava seu rosto e me criava mistério suficiente para esquecer dos problemas principais. O liquido desceu gerando alivio até o estomago e melhorando meu enjôo.

O Lobo-Homem e o Feiticeiro MestiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora