Capítulo 7

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Ele se viu novamente sozinho em Edom, a terra e o céu vermelho lhe trouxeram velhas lembranças, nada agradáveis. E ao notar que não fazia nenhum sentido ele estar ali, supôs ser um sonho, o que concluiu ao perceber que ali ele era uma criança.

O sentimento de insegurança ao olhar as criaturas que se espreitavam atrás das pedras daquela terra foi o tomando. Aos poucos sua memória foi distorcida, só havia em sua cabeça os acontecimentos até ali.

- O que uma criança tão bela como você faz aqui querido?

O loirinho se sobressaltou com a voz gentil que veio de uma mulher linda, e estranhamente assustadora.

- Meu pai me mandou pra cá.- ele respondeu encarando-a sem deixar ser intimidado, nunca demonstrar fraqueza.Seu pai sempre dizia, lembrou a si mesmo.

- Qual seu nome?
- Jonathan Christopher.

A mulher de brilhantes cabelos negros e vestido de seda, uma combinação estranha naquele lugar, se aproximou e ajoelhou-se na frente do menino.

Ele a olhou desconfiado, mas não recuou.

- Vou cuidar de você.
- Por que você cuidaria de mim? Quem é você?

Ela lhe mostrou um sorriso e afagou seu rosto.

- porque eu sou Lilith, sou sua mãe Jonathan.- a costa da mão de Lilith acariciou a bochecha de Jonathan, e sua sobrancelha se arqueou.- Mas você é muito bonito pra ficar aqui, nada tão perfeito deveria estar em Edom.Vamos resolver isso querido.

Então sem aviso prévio, as duas mãos dela seguraram seus ombros, e o som da carne sendo queimada foi ouvida, junto com os gritos de Jonathan. A dor em muito superava o ferro demoníaco usado como chicote por Valentim para o punir.

Jonathan estava assutado, queria sair dali, implorava mentalmente para que o pai o tirasse de lá, mas só o que conseguia distinguir era as mãos de Lilith o queimando, sua pele sendo desfigurada.

Outras criaturas se uniram aos dois, seus toques sendo tão destrutivos quanto os da mulher. Talvez não valesse a pena gritar, Jonathan ouvia o chiado da carne queimando, ele tentava desvencilhar-se mas era inútil.

Jonathan acordou sobressaltado, sentou na cama, acalmando a respiração. Levantando da cama, notou que eram 7:00h, então tomou um banho rápido, precisava resolver aquilo, aquele pesadelo. Nenhum demônio tinha permissão para entrar na sua cabeça, ele ia matar aquele, ou melhor, aquela.

Jonathan saiu de seu quarto e se encaminhou para o salão principal,onde provavelmente Azazel já deveria estar, cuidando de seus assuntos.

A surpresa no rosto do Demônio Maior foi grande ao notar o Shadowhunter ali tão cedo, era evidente que para interromper sua rotina de treinos, o motivo que levaria à isso deveria ser importante.

- É um prazer sua presença tão cedo Jonathan.

- Quero a cabeça da vadia que fica invadindo minha mente e colocando pesadelos.

A voz fria do garoto, junto com a aura sombria deixou Azazel em alerta, ele coçou o queixo e estalou os dedos. Então, Nergal, o chefe da polícia do inferno apareceu no centro. Jonathan continuou esperando calmamente.

Azazel desviou os olhos de Jonathan para o demonio.

- Traga Mara aqui. Ah, só não demore um século, como da última vez.- a ênfase de Azazel fez o demônio engolir em seco.

- Claro alteza.

E como apareceu, assim sumiu, então Jonathan descruzou os braços, e fitou o príncipe infernal.

- Já sabe o porquê de anjos caídos terem perseguido minha irmã?

Levantando do trono, Azazel andou despreocupadamente em sua frente.

- Não. Estou tão surpreso quanto você. Mas nada deveria surpreender um Morgenstern, sua irmã é especial, e pelo que você me disse, apenas vampiros estão sendo mortos. Talvez Clary tenha outro propósito para eles.

Um sorriso frio surgiu nos lábios de Jonathan, fez um estalo com a língua e falou:

- Poderia me dar umas duas setas estelares?

Azazel ponderou o pedido do garoto, e deu de ombros, estalou os dedos e duas setas brilhantes como diamante apareceram em suas mãos. Ele as jogou para Jonathan, o garoto as pegou e sorriu de lado.

- o que pretende fazer com essas setas?

- Feiticeiros não podem rastrear anjos caídos, mas você pode.- erguendo os olhos das flechas para o demônio, Jonathan viu o sorriso entendedor vindo do demônio.

- Você tem coragem Morgenstern. Vai caçar anjos caídos?Eles são perigosos, e imortais.Bom, nem tanto, não quero me gabar, visto que criei uma arma capaz de mata-los, mas se quer realmente ir lá, saiba que estará comprando uma guerra em que estou lutando à séculos.

- Minha irmã está presa em Idris, e acredite, no momento o lugar mais seguro pra ela é lá, até que eu possa descobrir o que está acontecendo.

Jonathan deu as costas se afastando,a voz de Azazel ecoou no salão:

- Só não morra, Lilith iria convocar todos os demônios pra me destruir.

Jonathan deixou uma risada escapar, nenhum traço de humor.

- Que ela convoque então os seis príncipes do inferno. Você merece a morte mais do que qualquer um. Eu mesmo o faria, mas temos por enquanto interesses em comum.

Jonathan continuou andando, mas então, uma ideia veio à sua mente, e respirando tranquilamente, retirou uma lâmina Serafim do cinto de armas e lançou na direção de azazel o pegando de surpresa, atingindo seu abdômen.

- Acho que minha mira não está comprometida.

Azazel retirou a lâmina, respirando fundo, um centímetro à cima e ele teria virado pó.

- As vezes me pergunto o que eu tinha na cabeça quando ensinei vocês à usarem armas.

- Devia se perguntar o que tinha na cabeça Azazel Grigori ao se envolver com os humanos, o motivo da sua queda. Agora tenho que ir, adoraria continuar aqui conversando sobre o quanto sua queda foi estúpida,mas não vai rolar.

- Garoto ousado.- resmungou Azazel fechando a cara.

- Obrigado.

- Cuidado com Asael.- alertou Azazel jogando a lâmina no chão.- Ele costuma trair os da própria espécie.

- Tá de brincadeira com minha cara né?- Jonathan indagou incrédulo, então resolveu sair logo de lá, ele tinha alguns assuntos pra resolver antes do próximo passo.

Os irmãos Morgenstern-Anjos Caídos (Talvez eu termine de escrever)Onde histórias criam vida. Descubra agora