Parte I: Atrasada para a Aula
Depois de receber o que pareceu ser o caloroso abraço da morte o silêncio se instaurou e tudo ao redor da garota sumiu e ela não mais sabia se já estava no além ou saindo de um sonho, nesse caso, o pior dos pesadelos.
Até que ela ouviu algumas conversas baixas que iam lentamente se misturando e aumentando de tom até que percebeu que eram vozes familiares, pelo jeito a morte tinha a poupado daquela vez.
Mas... Algo havia mudado em Yuna.
O som das vozes aumentou até que ela pudesse ouvir seu professor dizendo:
— Eu não posso esperar! O que ela teve? Quando vai ficar boa?
Outra voz surgiu naquele momento que parecia ser de um homem velho que com certeza era um médico, aquele que Yuna tinha visto de relance na sala de medicação:
— Não irá demorar.... Foi só uma queda de pressão.... Essas coisas acontecem com os jovens sempre, sabe? Ela já está medicada e logo, logo ela acorda.... Aliás, não sabia que tinha tanto apreço para com essa garota. A não ser que a queda de pressão tenha ocorrido por... A não ser que essa moça seja...
— Fala baixo... — O professor abaixou seu tom de voz. — Ainda bem que vai ficar boa logo e sim, é aquilo mesmo que conversamos mais cedo.... É minha candidata preferida para a apresentação então preciso dela bem e esse.... É seu papel. — Disse o professor, apontando o dedo ao doutor.
— Claro senhor, logo ela irá acordar.... Como já havia dito. Nada demais, ok?
— Você deveria prestar mais atenção para as coisas que acontecem ao seu redor senhor doutor...
Naquele momento a garota recuperou a consciência e abriu os olhos bem devagar, as imagens em sua vista estavam turvas de início, mas logo ela percebeu que estava na ala de enfermaria da agência, ou melhor, a sala de medicação.
Ao confirmar isso e que estava realmente viva suspirou aliviada.
Porém, por instinto, colocou a mão no coração e viu que ele ainda batia e não tinha nenhum ferimento, então provavelmente tinha sido mais um sonho.
Sabia que se não descobrisse o que estava acontecendo, logo aquelas coisas que aconteciam naquele "outro lado" iriam destruir sua sanidade mental.
"Mas para quem eu iria pedir ajuda?" A garota pensou apertando os punhos.
Enquanto ela ainda não chamava a atenção dos dois que estavam conversando a alguns metros de distância Yuna percebeu que tinham várias outras camas demarcadas por lonas de tom bege.
Não conseguia imaginar nada de bom que poderia acontecer naquele ambiente para ter tantos bloqueios.
Ainda se habituando ao ambiente a pequena olhou fixamente para os dois adultos, que olharam de volta e se aproximaram dela:
— Olha ela lá.... Já acordou. — Constatou o médico.
— Estava muito nervosa Yuna? O que aconteceu?
A jovem ficou com medo em dizer tudo que viu, afinal ninguém ia acreditar que ela entrou em uma espécie de inferno espelhado da realidade e que tinha uma criatura-fantasma que arrancou e comeu seu coração.
Soaria como uma história de terror, e ninguém gosta nelas.
Eram acontecimentos inexplicáveis que não deveriam ser compartilhados, talvez o ato de tentar contar a alguém mais cedo sobre a levou para aquele lugar escuro e estranho.
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Absoluta Sorte
HorrorOlá! Yuna aqui! Nossa, por onde eu começo? Vamos lá, eu sou uma jovem cantora que desde cedo fui acostumada a vencer e ser a melhor! Canto desde criança e te juro que treinei muito em toda a minha vida, tipo, muito mesmo! Assim que completei 1...