Primeiro ato

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Parte I: Armadilha Simples



Como Yuna havia dito para Min-Jee, ela precisava convencer Park Mi-hi a aceitar o convite à festa, o que seria muito mais complicado graças ao fato delas nunca terem se falado antes, além de faltar apenas um dia e algumas horas para o começo do evento.

Tal como um predador procura sua vítima a garota pródiga desceu os andares pelas rampas até o térreo.

Não conseguia tirar o pesadelo de sua cabeça toda vez que passava pelo vão do prédio principal, mas precisava fazer coisas mais importantes do que relembrar o que se passou.

E isto fez com que ela entrasse em um poço cada mais profundo de maldade, pensava em seus pais enquanto percorria os suntuosos jardins exteriores da agência, engoliu seus sentimentos e decidiu: Seria tudo por eles.

Tudo por eles.

Desviando seus pensamentos depois de sua conclusão, a pequena prestou atenção no mundo externo do qual fazia tempo que não admirava.

Para realinhar seus pensamentos confusos e acelerados deu um grande suspiro, sentindo o ar quente e úmido entrar por suas narinas, o vento também estava mais intenso de modo que parecia que algo estava vindo do sul.

"Talvez uma frente fria? Não, algo está para acontecer e sinto que serei a protagonista nisso, bom... Sempre achei que seria especial de alguma forma" Yuna pensou.

Deixando isso de lado Yuna procurou por Mi-hi por todos os lados do jardim, andou pelas pistas principais de pedestres em sua caça, por alguns momentos sua facilidade de se distrair atacou e ela ficou admirando o centro do jardim, onde havia aqueles trevos de quatro folhas amontoados, vívidos e bem cuidados tal como se fossem as plantas mais importantes do lugar:

"Dali que vem o sucesso da agência né? Patético. A Terra inteira é a porra de um teatro! Religião, lei da atração, simpatias... Tudo falso!" — Pensou.

Retomando seu foco, a pequena encontrou Park Mi-hi sentada em um banco de frente ao prédio secundário virada para o auditório à leste, onde tudo havia começado.

Como uma pessoa bem-intencionada, Yuna se sentou no banco ao lado e preparou alguma estratégia para chamar atenção daquela garota sem dar muito na cara que estava forçando.

Sua estratégia foi fingir estar com dificuldades ao mexer no celular e falava sozinha para dar a entender que não tinha notado a presença de Mi-hi por perto:

— Droga.... Isso não funciona, tinha que ter um manual para interioranas sobreviverem nessa cidade, merda de celular!

Enquanto reclamava ao vento, certificou-se de que a garota que estava no outro banco a ouvisse perfeitamente, a pequena ficou checando se fora notada, olhando de canto de olho. Logo, viu que a garota percebeu a presença de Yuna, mas logo desviou o olhar como se não quisesse ajudar ou começar uma conversa. Então, deveria mudar sua estratégia, chamando diretamente a garota a seu lado:

— Senhorita? Como que faço para acessar o Wi-fi daqui? Você sabe?

Mi-hi olhou para Yuna por uns momentos sem vontade alguma de conversar ou interagir com a pequena, mas Yuna ignorou isso para analisar aquela garota e a primeira coisa que ela ficou estranhada era como ela parecia muito mais magra vista de perto e como o sol queimava sua pele branca, parecia uma boneca de plástico.

Mi-hi sentiu-se sem opções senão responder a pequena:

— É... É meio complicado de entrar na internet daqui... Colocaram uma senha bem difícil de decorar. Como se alguém fosse roubar internet daqui, sendo que a coisa mais próxima deste lugar é a escola secundária e já tem internet por lá... Muito mais rápida do que a daqui por sinal. — Ela olhava para a escola distante, suspirando.

Absoluta SorteOnde histórias criam vida. Descubra agora