Absoluta Sorte

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Parte Final: Eu sou o princípio e o fim de todas as coisas



Enquanto descia as escadas percebi que por onde quer que eu olhasse não encontrava nenhuma referência de distância, havia apenas o vazio.

Depois de muito tempo, olhei para baixo e vi uma grande concentração de fogo, e uma plataforma acima desse fogo e o lugar se entregava: Havia um imenso círculo desenhado ali.

Aquele era o meu destino, estava ansiosa para chegar logo na plataforma, mas como não havia um caminho mais rápido eu apenas seguia, degrau por degrau.

Quando terminei a descida, toquei os pés na plataforma gradeada, não tinha como não observar aquele imenso fogo.

Olhei para os lados e vi que o ambiente era iluminado por tochas enormes suspensas no ar.

Também havia uma espécie de rampa na minha frente, que dava para o altar do ritual, senti um frio na barriga e todos os meus medos voltando de uma vez só.

Eu finalmente cheguei.

Naquele momento meu celular descarregou, mas eu sentia que não iria mais precisar, afinal não faltava luz naquele lugar incompreensível.

Não fazia ideia do que esperar dentro daquela plataforma, mas segui em frente em direção à rampa escondida dentre as sombras e quando cheguei perto o suficiente do altar...

Eu o vi.

A Sorte estava de costas para mim, golpeando com as próprias mãos uma criatura escura, que provavelmente já estava morta, mas que mesmo assim ele partia aquela coisa em múltiplos pedaços.

Depois de um tempo ele se acalmou e disse, sem me ver ainda:

─ Essa foi a última dessas criaturas desgraçadas. É ridículo imaginar que meu pai preparou uma armadilha tão idiota para me impedir... Enfim, preciso manter esse local limpo até que eu decida trazer Yuna para cá terminar o ritual...

A Sorte estava na minha frente, aquele demônio estúpido com suas pretensões estúpidas, tudo que eu fizesse a partir daquele momento seria o que determinaria o meu futuro e o da Terra.

Era agora ou nunca, depois de todo aquele tempo, todo o sofrimento que passei, absolutamente tudo se convergia para aquele momento.

A partir dali eu precisaria ser o mais falsa possível, além de qualquer limite humano, era hora de deixar os maiores mentirosos que o planeta já conheceu no chinelo, eu não tinha alternativas.

Respirei fundo e tentei acalmei meu corpo, relaxar era difícil, mas necessário.

Então... Andei na direção da criatura, deixando que as tochas me iluminassem e quando estava perto do demônio, ele se virou.

E sua reação foi engraçada.

Ele tomou um susto tão grande que deu passos para trás, chegando perto da borda do abismo entre as bordas da plataforma, além disso, eu ria da cara daquele demônio, repleto de medo. Voltado em minha direção, começou a dizer, sem acreditar no que via:

— Yuna?! Impossível! Como... Como você saiu da minha prisão? Aquele pesadelo era perfeito. Não existe uma saída! Não existe uma ponte ou algo do tipo! Não é possível que esteja aqui! NÃO É POSSÍVEL!

— Tinha uma saída de emergência. — Ironizei, tal como ele sempre fazia comigo, mas agora as situações estavam invertidas.

— Em apenas seis meses... Em apenas seis meses você conseguiu sair de tudo... Tudo, eu preparei por tantos milênios, cada detalhe, cada porta...

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