O Mito da Criação

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Parte I: A mulher de domingo

Imediatamente após abrir a porta dei de cara com algo que me fez não prestar atenção nem no lugar que tinha acabado de entrar.

Havia uma criatura de costas para mim, a dois metros de distância, e de qualquer característica que eu poderia mencionar, nenhuma era mais importante do fato dela ter a minha aparência... Eu estava paralisada vendo aquela cópia minha, pelo menos de costas era idêntica.

Então percebi que ela estava cortando alguma coisa, minha presença nem tinha chamado sua atenção pelo fato de aquela coisa estar muito ocupada.

Aquela mulher que vi no domingo passado, no início disso tudo... Era ela...

Aproveitando daquela distração que poderia durar um ou dois segundos, olhei para todos os lados e na minha direita encontrei um armário, guarda-roupa, ou um closet, meu terror não me permitiu discernir com precisão.

Tranquei-me lá sem pensar duas vezes, minhas mãos estavam tão geladas que nem as sentia mais.

Tudo que eu queria era sumir ou colocar a cabeça em buraco para que aquela coisa não me visse e a partir daquele momento, fiquei olhando pela fresta do armário na direção do monstro para entender o que estava acontecendo: Ela estava encostada em uma mesa, dilacerando uma criatura que tinha braços e pernas de plástico.

Em cada divisão de seus membros, ou seja, nos ombros, quadris e pescoço, havia costuras feitas por pontos cirúrgicos.

Então, aquela coisa gritou algo ininteligível como se tivesse ou comemorado em sua própria linguagem. Em seguida, olhou para os cantos da mesa, pegou uma faca de quase dois metros e começou a serrar sua vítima, que parecia uma boneca amarrada por pontos cirúrgicos.

Entendi que ela deveria estar fazendo aquilo a dias, meses ou anos, costurando a boneca em seis pedaços e depois juntando depois, aquilo parecia a divertir.

Esquartejando e colocando no lugar,

Esquartejando e colocando no lugar.

Eu quis vomitar ao ver aquilo, via cenas rápidas em minha mente, o número 4 aparecia na minha visão, me lembrando do meu assassinato mais cruel...

Depois de alguns instantes cortando a boneca, a criatura separou todos os pedaços, pegou bisturis e enfiou no nariz da boneca com tanta força que rachou a mesa.

Satisfeita, se moveu lentamente para longe de minha visão.

Porém, quando passou de lado no lugar onde eu estava, consegui vê-la por completo: Parecíamos gêmeas... O mesmo cabelo, a mesma altura, a mesma cor de pele.

Ela usava um vestido branco manchado de sangue e bile humana eu não tenho nem palavras para descrever o quanto aquilo fedia e era nojento.

O que me fez confirmar que era a criatura que fez com que toda aquela loucura começasse foi aquele detalhe sórdido, que fez tudo se encaixar: Seu rosto era dividido em dois, no lado esquerdo havia apenas carne muscular junto de vários vermes que saíam de seu olho e sua expressão facial estava congelada em um sorriso.

No outro lado da face estava tudo em perfeito estado, e seu sorriso era ausente, era inexplicável. Sua presença me fez chorar involuntariamente de medo.

Ali, tão perto eu pude até sentir seu cheiro de metal e sangue, a cada passo que ela dava em minha direção o meu coração acelerava, tinha certeza de que, daquela situação eu não escaparia de modo algum.

Quando ficou apenas a menos de um metro do armário a criatura parou, olhou para os lados, como se procurasse alguém, provavelmente eu.

Aqueles foram os segundos mais agonizantes de minha vida inteira, já estava me preparando para a morte, era a terceira ou quarta vez que eu estava em um perigo tão agudo para minha vida.

Absoluta SorteOnde histórias criam vida. Descubra agora