Crise

41 4 30
                                    

Parte I: Um jogo de Cobras



A terça-feira ia passando lentamente de mais um dia em Seul, os ventos estavam ligeiramente mais fortes, algo comum do calor do pré-frontal que indicava que alguma onda de frio estava chegando do mar, tempestades eram normais naquela época do ano e até ajudavam a apartar o calor.

Yuna não teve muitas coisas para fazer enquanto esperava a aula de ensaios coreográficos, sua mente estava focada em duas coisas: Naquela mensagem misteriosa e na festa que ocorreria entre quarta e quinta-feira.

A pequena sentiu nojo de si por pensar naquele plano, impulsionada pelo misterioso sussurro que recebera mais cedo, ela não entendia como pôde ter sido tão facilmente controlada por uma sugestão tão vil.

Provavelmente graças a seu sentimento de raiva e inveja.

Uma vez que havia avisado Min-Jee acerca daquelas coisas terríveis que queria fazer não tinha mais volta. Na verdade, não tinha outro caminho em sua mente desde aquela aula de Hae-Kyung. O medo de ter seu posto de centro das atenções roubado a levou naquele ponto.

Uma festa é o momento perfeito para dopar pessoas inocentes, ela sabia disso.

Mesmo que ela tenha sido criada sob proteção de seus pais, praticamente isolada do resto do mundo, ela não era nada inocente. Yuna não era apenas uma garota esforçada e doce, seu psicótico sorriso quando contava seu plano mostrou que ela tinha algo mais, muito mais profundo em seu ser do que esses estereótipos de mulher perfeita do século XXI.

Algo misterioso em volta de seus olhos.

Quando estava olhando para o teto de seu quarto, relaxando depois de ficar tanto tempo sem conseguir descansar, uma outra mensagem apareceu exatamente na direção que olhava, surgindo letra por letra, lentamente.

— "O quê?" se assustou, tapando a boca para não gritar.

Porém sua curiosidade fez com que esperasse um pouco mais para que todas as letras se combinassem, grafadas à sangue e em seus desenhos os cantos eram retos de forma aguda, como se quem escrevesse no outro lado da realidade estivesse fazendo-o com força colossal:


"PRINCESA DA SORTE, ABRA O E-MAIL".


A pequena esbugalhou os olhos com o susto e quase se engasgou com a saliva acumulada na boca por estar deitada, levantou-se da cama na hora e ficou sentada olhando para aquela mensagem tentando entender o que raios estava acontecendo com o mundo ao seu redor, ao mesmo tempo que olhava de canto de olho para o seu computador.

"Não posso abrir essa mensagem, eu preciso resistir essa curiosidade...". Ela pensava apertando as mãos, que estava suando.

Algo sério iria acontecer.

Sem mais resistir à tentação, saiu da cama e colocou as pantufas já quase em prantos, em seguida andara até o computador, levantou e o tirou do modo de suspensão mexendo no mouse.

Viu que havia cinco notificações na barra lateral de avisos, pelo jeito quem queria falar com ela tinha estava realmente determinado a chamar sua atenção, além disso, todas aquelas mensagens vinham com o mesmo título.

A pequena então abriu a mais recente que havia sido mandada cinco minutos atrás e começou a ler esperando que fosse apenas uma maldita pegadinha vinda da sua mente:

"Olá Yuna, como vai?

Queria apenas te contar que estou aqui na agência, mas não exatamente no plano físico, sabe? É, essas burocracias das ligações entre o meu e seu mundo são sempre chatas... Então vamos combinar o seguinte: Quando for de noite, depois de suas aulas vá para a sala de Jung, naquele mesmo lugar onde tivemos nosso primeiro encontro e eu irei te mostrar a verdadeira natureza do mundo que você vive...

Absoluta SorteOnde histórias criam vida. Descubra agora