Capítulo 3 - Fragmentos

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悪夢

O que foram essas lembranças? Por que sinto como se já tivesse conhecido Alice? Desde meus ocorridos, minha vida parece estar tão diferente e sem sentido, como se estivesse me faltando memórias. Odeio a mim mesmo por não conseguir lembrar, no fundo sei que estou onde eu não deveria estar.

- Isso realmente deveria ser uma coincidência, Alice? - Digo espontaneamente.

- Deveríamos perguntar nós mesmos ao meu pai. - Ela responde apontando a cabeça para a esquina da rua, no meio das sombras, onde surgira o homem que me esperava recuperar do coma.

- Você nunca soube do meu coma por um jornal, não é?

- Pois é, você está certo, estive com o meu pai em seu quarto de hospital, porém me retirei ao perceber que você estava prestes a acordar. Não queria que você pensasse coisas ruins sobre mim, além do mais, nós não nos conhecemos direito.

- Mas agora parece que você me conhece bastant-

Sem ao menos terminar a palavra, eu desmaio novamente e me vejo em um lugar escuro e frio, onde há apenas um grande vazio e uma criança de costas para mim.

- Ei, garoto. Quem é você? - Pergunto.

- Não me chame de garoto, Yuuto, afinal, nós somos a mesma pessoa.
- Mesmo que você tenha se tornado esse bastardo decepcionante.

Ele se vira a mim e eu me dou conta que sou eu mesmo durante a minha infância. A criança continua:

- Eu sou seu furacão de sofrimento, sua própria mente.

Por que este garoto está aqui? Como se já não bastava esse turbilhão de problemas e perguntas não respondidas.

- Por que estou neste lugar com você?
- Por que você está aqui?

A pequena criança responde:
- Foram suas dúvidas que lhe trouxeram a este lugar.
- Quer mesmo descobrir quem é você?

- Sim, eu quero.

De repente os olhos do garoto se enchem de lágrimas e ele diz:

- Ele já nos encontrou, mas não se preocupe, nos veremos de novo, Yuuto..

- Espere!

De repente uma onda de sombras passa entre mim e o garoto e no mesmo instante, o garoto é levado junto a uma vasta escuridão e no meio desse vazio que me rodeava, ouço uma voz em meus ouvidos:
- Acorde, você ainda está fraco demais para me saciar.

[...]

Algumas horas depois.

Acordo em um sofá de couro negro, com uma almofada debaixo de mim. Abro os olhos lentamente e vejo Alice do meu lado, cochilando sentada e com uma de suas mãos na minha cabeça, como se estivesse cuidando de mim esse tempo todo.
Respondo um pouco tonto pelo desmaio e confuso por tudo o que havia acontecido:
- Alice?

[...]

- Yuuto?

Digo um pouco constrangido com a situação:
- Você esteve cuidando de mim durante todo esse tempo em que estive desacordado?

- Não irei responder essa pergunta.
- Você desmaia o tempo todo?
- Enfim, meu pai e eu lhe trazemos até minha casa. - Sabemos que você mora sozinho.

- Vocês me vigiam o tempo todo? - Respondo em um tom sarcástico e calmo.

E então uma voz surge dos fundos da residência:
- Não seja tão frio, Yuuto. - Afinal lhe trouxe aqui para responder as suas perguntas e tratar do motivo dos seus desmaios frequentes.

O pai de Alice aparece. Um homem alto, com longos cabelos negros e com a cor de seus olhos da mesma tonalidade. Sua pele pálida é bem semelhante a de Alice, e também possuía uma enorme cicatriz em seu olho esquerdo, no qual não conseguia abri-lo.

Respondo assim que direciono meus olhos a ele:
- Quem fez essa coisa feia e enorme em seu olho esquerdo?

- Parece que teremos muita coisa para conversar, garoto. - Ele responde de um modo como se este assunto o incomodasse.

Ele senta em uma pequena poltrona e continua:
- Já ouviu falar de demônios internos?

- Claramente, são as nossas emoções em conflito. - Respondo já sabendo o óbvio.

- No seu caso, realmente é um demônio interno.

[...]

- Você acredita em anjos e demônios?

- Sim, eu acredito mesmo havendo minhas dúvidas sobre suas existências.

- Então parece que agora não terá mais suas dúvidas.

Respondo em um tom nervoso:
- O que você quer dizer com isso, estranho que eu nem sei sequer o nome?

- Perdoe minha falta de educação, meu nome é Mark, Mark Evans.

Sinto uma dor de cabeça espontânea ao ouvir esse nome e coloco minha mão na cabeça.
- Por que sinto que esse nome é familiar?

- Porque você já ouviu este nome.
- Você já leu sobre Érebo, o Deus do vazio e escuridão?

Sinto uma dor pior ainda.
- Não.

- Houve uma época em que um ser desconhecido e um Deus batalhavam entre si durante anos. Este desconhecido era denominado de cinético, alguém que possuía a manipulação ou domínio de uma habilidade. Ele tinha uma grande escuridão dentro de si e que pela primeira vez dentre os anos primordiais, um ser possuía um poder que se igualava a uma divindade, ele dominava a Umbrakinesis. Este Deus era o próprio criador da escuridão, o dono do vazio, no qual foi chamado de Érebo na mitologia grega. Érebo achava um absurdo um ser possuir a sua escuridão e ainda ser mais poderosa que a do mesmo. Depois de anos, o ser desconhecido se apaixonou por uma bela mulher e o Deus da escuridão havia descoberto. E então na sua outra batalha contra o inferior, Érebo assassinou sua mulher cruelmente na frente de seu inimigo, ele se aproveitou que seu rival estava enfraquecido, lhe jogando uma maldição eterna.

Mark termina de contar e logo em seguida, sinto uma dor que nunca havia sentido antes. De repente todos os cômodos da casa tremem e toda a residência escurece.
- O passado foi lembrado, eu lembro cada fragmento..
- Talvez eu não entenda essa criança na minha mente, eu sei que você sou eu só que de um tempo diferente.

Alice se preocupa e grita em meio a escuridão:
- Pai, o Yuuto está enlouquecendo!
- Yuuto, fique calmo!

Respondo em um tom de desespero:
- Eu não posso manter a calma enquanto eu quero gritar.

Mark diz:
- Você é este ser desconhecido, Yuuto.
- Você é filho de Érebo.

Umbrakinesis (reescrev.)Onde histórias criam vida. Descubra agora