Eu esqueci você, tentei lembrar, não conseguia relembrar, mas no final não consegui te deixar.
Cada dia era uma tortura sem o cheiro do seu perfume no meu travesseiro, cada momento em que eu olhava pela casa e via suas peças de roupa largadas uma aqui, outra ali. Quando vejo que esqueci de jogar fora sua escova de dentes e lembro que prefiro esquecer de fazer isso. Quando lembro das suas risadas na cozinha porque pensou em uma piada sem graça que eu sempre acabo rindo quando você me conta.
No final das contas eu vejo que a vida deixa de ser uma escritora tão boa quando você está longe de mim, quando cada linha do meu dia fica vazia. Fico sempre olhando as fotos que estão na minha parede, perco a noção do tempo quando fico olhando para elas, fotos da vez que fomos na praia e você cortou o pé, as fotos de quando estávamos na cachoeira, as fotos da sua formatura. Não consigo fugir de você, não consigo parar de correr, de ir, de voltar e no final, sempre acabo no mesmo lugar, olhando em seus olhos e sentindo sua respiração enquanto ouvimos o barulho incessante da chuva que cai lá fora. Nesses momentos eu quero tanto ficar com você e esquecer de todo o resto.
No final das contas eu sempre acabo lembrando dos dias de sol na praia, dos dias de chuva enquanto assistimos filmes, das alegrias quando estamos juntos, das amarguras enquanto estamos separados, mas no final de cada lembrança, estamos nós, sempre alegres e confiantes. Não consigo ficar sem seus carinhos, sem seus beijos, sem seus sermões sobre quando eu fico comendo besteira o dia todo ou dos momentos em que ficamos olhando para a lua, abraçados, ouvindo o barulho dos ventos, das árvores e do mar nos dizendo no silêncio da noite o quanto nosso amor é lindo. Não consigo deixar tudo isso, não quero deixar nada disso. So pra você saber, eu nunca vou te esquecer.
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Pensamentos na chuva
Short StoryAqui alguns pensamentos concebidos em noites chuvosas são transformados em palavras para que todos possam imaginar, refletir, querer ou simplesmente se perder em meio ao imaginário da paixão e do fogo que sentimos sem que precisemos de explicações.