Culpa

47 2 0
                                        

Dentro do quarto, a temperatura estava alta. O cheiro da chuva tomava conta do ar e as más lembranças tocavam sua mente assim como o vento gelado de inverno. Ela estava parada, em frente a janela, como quem olha para o horizonte, esperando ver algo fora do comum, ver algo fora do incomum. Mas via-se apenas a movimentação da chuva dentro da escura noite.

Sua preocupação, inquietude e culpa gritavam dentro daquele escuro e opaco quarto, em meio ao barulho das gotas que caíam e se chocavam contra o telhado. Então me levantei, calmamente, e sem que minha musa percebesse, fui andando sorrateiro, com os olhos fixos naquele corpo que estava imóvel em frente a janela, parado como uma estátua de mármore negro. Cheguei mais perto, coloquei minhas mãos em sua cintura e dei-lhe um beijo na nuca, senti sua pele arrepiar e suas mãos se entrelaçarem com as minhas. Logo colei em seu corpo e senti seu calor, o barulho da chuva que lá fora caia forte ainda continuava. Pude sentir seu coração bater ansioso, encostei meu rosto ao dela e logo senti suavemente um sorriso se formar.

Apesar de todos os pesos que estavam sobre seus ombros, naquele instante, ela sentia-se aliviada, sabia que ali tinha um coração, colado ao dela, que iria lhe aquecer nos dias de frio.

Pensamentos na chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora