Noites inquietas

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Sempre fico me perguntando se vai ser a ultima vez, se esse é o fim.
Eu quase posso sentir o calor da sua respiração na minha nuca, quase posso sentir o toque das suas mãos descendo levemente pela minha cintura, mas logo meus pensamentos são tomados pelos momentos turbulentos de brigas e gritos. Não gosto desses nossos momentos.
Passo a noite aqui na janela, olhando para os poucos carros que lá embaixo passam, reparo que logo uma fraca garoa começa a cair e a se tornar uma chuva gradativamente, assim como os pensamentos que vem como pequenas lembranças, mas que logo inundam meu coração e ao longo das horas percebo que estou tomado por esses sentimentos todos, de raiva, de saudade, de excitação.
Ouço sua voz baixa chamar meu nome, por um instante acho que são apenas meu ouvidos presos nos pensamentos, mas quando logo sou chamado novamente, me viro e vejo na porta a sua silhueta. Por um instante meu coração quase pula do peito, sinto vontade de correr e te agarrar, mas logo as sombrias lembranças tomam conta da minha cabeça. Fico parado, te olhando, a luz fraca que entra pela janela não é o suficiente para que eu veja suas expressões, mas ao invés de ver algo, apenas ouço o "estou indo". Meu coração se parte ao meio, minha alma desmorona assim como um castelo de areia que é abatido pelas fortes ondas do mar, sinto lágrimas se formando, mas seguro, firme, não deixo nada transparecer. Me aproximo, sinto sua relutância, mas continuo, em meio à luz fraca você pode ver meu corpo se aproximando devagar, pode sentir meu calor e minhas intenções, te agarrando como um tigre que alcança sua presa, toco seu rosto, sinto uma lágrima chegar ao meu dedo, fico ali olhando para suas expressões. Neste instante nada mais importa, minha cabeça não pensa em mais nada, se você perguntasse meu nome eu não saberia responder, a única coisa que quero, é você.
Minha boca toca suavemente a sua, assim como a luz da lua que cobre calmamente os agitados mares. Continuo sentindo sua relutância, que agora se transforma em desejo, você diz que não pode, mas não desgruda suas unhas da minha pele, eu vejo as lágrimas, mas também sinto suas mãos me puxando, continuo te beijando, abraço sua cintura e a levanto, suas pernas se entrelaçam em mim, nos beijamos como se o mundo fosse acabar naquele momento, me guio para a cama, deito você suavemente e permaneço de joelhos na cama, enquanto você, deitada a minha frente e sem que eu perceba começa a tirar meu cinto. Suas ágeis mãos abrem os botões da minha camisa, sinto suas unhas arranharem meu peito, fortes como as de uma águia, e seu olhar que agora entra em minha alma, fazendo com que meus desejos se tornem chamas.
Permaneço nu, ainda catatônico e ofegante com o momento, você começa a tirar suas roupas, quando eu coloco minhas mãos sobre as suas, quero eu mesmo fazer isso. Suavemente, como um violinistas que não erra uma nota tiro cada peça de sua roupa, sinto novamente suas unhas, cada vez mais fortes sempre que minha pele toca mais na sua, enquanto nós dois, sem roupas, sem medos, sem pressa, olhando profundamente um nos olhos do outro enquanto você recebe todo meu desejo manifestado e no mesmo instante faz uma cara de satisfação que me faz pegar fogo ainda mais.
Não sei mais quanto tempo está se passando, isso não me interessa mais, não quero saber do tempo ou do mundo, quero apenas sentir enquanto estou deitado e vejo seu corpo em cima do meu, vejo a fraca luz da lua iluminando seus seios, me mostrando seu lindo rosto, para que eu possa me fazer mais satisfeito, para que meu desejo por você se torne maior e possa penetrar profundamente. Você pega minhas mãos enquanto move seu quadril e faz com que elas corram pelo seu corpo, enquanto uma delas tocas sua pele, seus seios, você chupa um de meus dedos, logo em seguida faz com que eu segure seus cabelos com força, você gosta e me faz querer mais, me faz entrar em êxtase enquanto você está em cima de mim, enquanto nosso fogo agora está nos incendiando, enquanto a chuva que lá fora cai, com trovoadas, com raios, fazendo barulho, assim como a cama, assim como os seus gemidos e seus gritos de que me ama, assim como seus dedos se retraindo, seus olhos se fechando com força e sua boca soltando palavras desconexas enquanto eu lhe faço sentir o prazer máximo, enquanto você começa a me fazer sentir a mesma coisa, enquanto ambos sentimos todos os músculos do corpo se retraindo e logo em seguida abrimos os olhos, fixos um no outro, com os corpos que depois de retraírem todos os músculos, descansam. Você deixa seu corpo cair sobre o meu, morde minha orelha e com sua voz baixa e rouca me fala como foi bom eu ter lhe feito gozar, eu apenas te beijo, como se aquele momento nunca fosse acabar, como se tudo estivesse acabando agora, como se o nosso amor fosse arder por toda a eternidade.

Pensamentos na chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora