Cruzei os dedos e esperei, todos os dias em que olhava pela janela, todos os momentos em que sentia que tudo estava erradamente certo.
Já perdi as contas de quantas vezes passei por isso, a ilusão do aconchego, cada sorriso que fica na memória e volta como o vento gelado de inverno. Cruzei os dedos e jurei que isso nunca mais iria acontecer, meu sangue já subiu tantas vezes, meu peito já ficou vazio tantas vezes, mas assim como todos procuro vícios por aí onde a noite ainda é nossa melhor amiga.
A esperança sempre nos leva onde não queremos ir, sempre acaba tapando nossos olhos, sempre acaba nos fazendo rir, mas no final das contas, sempre volto para o mesmo lugar, sem muito fôlego, olhando pela janela, de dedos cruzados, por muitas vezes olhando a chuva cair e não pensando em nada, não querendo pensar em mais nada, apenas no barulho amigável e incessante da chuva que cai, que sempre cai.
A cama vazia, os olhos mais ainda, a alma cheia, até demais. Meus ouvidos já não prestam mais atenção no barulho, meu corpo já não se move tanto, o brilho no olhar já não se encontrar mais, porém, eu sei que isso é apenas o início, nunca o fim, apenas mais um capítulo, apenas mais uma lembrança que irá se perder assim como todas as lágrimas em meio a chuva.
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Pensamentos na chuva
Short StoryAqui alguns pensamentos concebidos em noites chuvosas são transformados em palavras para que todos possam imaginar, refletir, querer ou simplesmente se perder em meio ao imaginário da paixão e do fogo que sentimos sem que precisemos de explicações.