A Terra das Sombras - Taekook Ver. - [REVISADO]

Carmel, Cheguei...

E lá estava eu naquele avião, com minha típica camisa social folgada, que me deixava com ar despojado, vendo as palmeiras pela janela ao aterrissar. E pensei: genial. Camisa social e palmeiras?! Com certeza eu sabia do lugar para onde eu estava indo, exatamente como achava que ia mesmo...

Para não dizer o contrário.

Minha mãe não gosta muito das minhas roupas "folgadas" e piercings – por enquanto só os tenho nas orelhas – mas eu juro que não me visto assim para deixá-la furiosa, ou algo assim. Não fiquei aborrecido com o fato de ela ter decidido casar com um sujeito que vive a 5.784 quilômetros de distância, me obrigando a sair do colégio no meio do Terceiro ano; a abandonar o melhor - no fundo, o único - amigo que tive desde que mudei para Seoul; a deixar o país onde vivi todos os meus 17 anos.

Não mesmo. Não fiquei nem um pingo aborrecido.

Pois o fato é que eu realmente gosto do Andy, meu novo padrasto. Ele é bom para a minha mãe. Ele a deixa feliz. E é um cara super bacana comigo – e detalhe, não é um macho escroto por saber que sou gay, e nem mesmo os filhos o são, ou eu acho que não. Aliás, se fossem homofóbicos, tenho absoluta certeza que minha mãe não se envolveria.

Foi essa história de mudar para a Califórnia é que me deixou meio fora lugar.

E além disso, ainda os três filhos do Andy.

Estavam todos lá para me receber quando desci do avião. Minha mãe, Andy e os três filhos dele: Jake, Brad e David. São os meus novos meios-irmãos.

- Taetae!

Mesmo se eu não tivesse ouvido minha mãe berrando meu nome quando passei pelo portão, não tinha como deixar de vê-los - minha nova família. Andy fazia com que os dois menores segurassem aquele enorme cartaz dizendo "Seja bem-vindo, Taehyung!".

Todos os passageiros que saíam do avião passavam por ali e ficavam dizendo "Olha só que gracinha!" E sorrindo para mim com aquele olhar enjoativo.

É isso aí. Não podia mesmo estar acertando mais. Estou acertando horrores. Palmas para mim.

- Tudo bem – fui dizendo, enquanto me aproximava rapidamente da minha nova família. - Agora podem abaixar isso aí.

Mas a minha mãe estava preocupada demais em me abraçar para prestar atenção.

Ficava dizendo: "Meu Taezinho!" Eu odeio quando alguém que não seja minha mãe me chama de Taezinho, então fui logo tratando de fulminar os garotos com um olhar bem malvado, para que não alimentassem qualquer esperança. Eles ficaram só rindo para mim por cima daquele cartaz imbecil, Brad por ser bobo demais, David porquê ... bem, ele até que podia estar contente mesmo de me ver, ele tem dessas esquisitices. Jake, o mais velho, ficava lá parado, com ar de ... de nada, só parado.

- Como foi de viagem, guri? Já mudou a cor do cabelo, pelo visto hem. Gostei.

Eu já disse que o Andy é muito gentil? Esse deve ser um dos motivos que não me fez ser contra o casamento dele e da minha mãe. 

Ele se aproximou e tirou a mochila do meu ombro e botou no dele. Logo estranhando o peso:

- Uau! O que é que você está trazendo aqui? Não sabia que é considerado crime contrabandear miojo da Coreia do Sul para outros países?

Então dei meu sorriso tipicamente quadrado em sua direção. Andy é aquele tipo de pateta grandalhão, mas é um pateta legal.

Não sabia a menor ideia do que é crime na Coreia do Sul, pois só esteve lá umas cinco vezes no máximo. E por sinal foi o suficiente para convencer minha mãe a se casar com ele.