A Terra das Sombras - Taekook Ver. - [REVISADO]

Você nunca sabe o que um fantasma pode fazer

~~Boa leitura~~

E como eu disse que as coisas estavam apenas começando, a espera para o pior não tardou.

Para ser mais exato, foi logo depois do almoço que o Félix veio atrás do Minho. Não foi como se ele soubesse ou percebesse, claro. Mas eu o vi quase que imediatamente entre a multidão que formou de gente que se encaminhavam para os armários. Como? Os seres que estão em plano espiritual exalam uma luminosidade que os diferencia dos vivos - e ainda bem viu, porque senão ia ser impossível eu diferenciar quem está vivo e quem está morto.

Enfim, lá estava ele com um olhar totalmente assustador e cheio de ódio, se mais alguém ali o visse, sentiria o frio subir pela espinha, mas as pessoas daqui tem sorte, elas simplesmente passavam através dele e isso até me dava certa inveja. Queria mil vezes que os fantasmas também fossem invisíveis para mim, mas também sei que se fosse assim, eu jamais teria aproveitado a companhia do meu pai durante esses anos. Mais também sei que se não os visse, não perceberia que Félix estava prestes a fazer algo horrível.

Você nunca sabe o que um fantasma pode fazer, afinal eles podem ser bem malzinhos quando querem.

Mas se comparar com aquele lance do espelho que o Jungkook fez nem chega aos pés de quando me atiraram objetos com tanta força que se eu não me esquivasse a tempo, eu seria mais um no mundo dos espíritos. Me admiro como eu ainda estou vivo, já quebrei quase todos os ossos do corpo, sofri várias concussões, para minha mãe, ela acha que eu atraio acidentes - clara mãe, os problemas realmente vão atrás de mim, quebrei o pulso caindo da escada, mas obviamente não foi sozinho. Só cai porque o fantasma maluco de um conquistador espanhol de mil e pouco anos me empurrou escada a baixo.

Eu poderia dizer que apenas pela cara que o Félix fazia, ele estava aprontando algo, mas aí eu estaria mentindo, eu apenas precisei observar para onde ele estava olhando e advinha a minha surpresa quando vi que não era para Minho? Pois é, foi então que eu segui o seu olhar que estava em um dos caibros da galeria por onde Minho estava passando. Percebi que a madeira estava tremendo bem ali, mas como o diabo é moleque (desculpe o trocadilho tosco) era apenas uma peça que estava mexendo e uma das mais pesadas, e a bendita cuja estava exatamente acima da cabeça do Minho.

Meu corpo já está tão acostumado com os espíritos fazendo essas maluquices que nem pensei duas vezes, me joguei contra o Minho usando toda a minha força, fazendo ambos voar pra longe, rolando pelo chão juntos. E no instante seguinte, ouvi uma enorme explosão, abaixei a cabeça e fechei os olhos a fim de me proteger de modo que não pude ver quando a peça de madeira explodiu. Mas senti. As lascas de madeira doeram à beça. Ainda bem que eu estava usando calças moletom.

Minho estava debaixo de mim tão quietinho que eu cheguei a pensar que um pedaço mais pesado da madeira podia tê-lo atingido entre os lobos frontais ou algo assim. Então, quando afastei meu rosto do seu peito eu vi que ele estava bem - mas a julgar pelos seus olhos arregalados, estava aterrorizado, encarando a tábua de mais de 50 centímetros de largura e quase 100 centímetros de comprimento que veio parar a poucos metros de nós dois. Ao nosso redor estavam espalhados pedaços de madeira de todos tamanhos. Acho que ele estava se dando conta de que, se aquele pedaço de madeira tivesse atingido seu crânio, também haveria agora pedacinhos dele espalhados por ali.

- Com licença, COM LICENÇA - dizia a voz assustada do padre Dominico.

Ele vinha abrindo caminho pela multidão que tinha se aglomerado e que se encontravam apavorados. Ele ficou congelado quando viu aquele pedação de madeira, mas ao ver Minho e eu jogados ali no chão, soltou:

- Minha virgem santíssima! - Exclamou, correndo até nós. - Crianças, vocês estão bem? Taehyung, você se feriu? Minho?

Lentamente eu fui me colocando sentado, como eu havia dito antes sobre minhas "aventuras", estava acostumado a me apalpar para ver se nada estava quebrado. Ao longo desses anos, fui descobrindo (e não das melhores formas) que quanto mais lentamente se levantar, mais vai perceber que algo quebrou, ou seja, é praticamente impossível apoiar o peso do corpo nessas áreas quebradas. Porém, com grande alívio nada estava fora do lugar e nem quebrado, então fiquei de pé.