Como você mo....?

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~Boa leitura~~





Esse "Vamos para casa" que ele soltou, tinha um ar tão reconfortante...

Porém, primeiramente a casa na qual ambos estávamos voltando ainda não me era parecida exatamente como um lar e como poderia? Eu só estava vivendo lá há uns poucos dias...

E segundo, não querendo ser chato e já sendo, ele não tinha nada de estar vivendo lá...

De qualquer maneira, fantasma ou não fantasma, ele salvou a minha vida. Isto não se podia negar e talvez só o tivesse feito apenas para apelar ao meu lado bom, para que eu não acabasse por expulsá-lo completamente da casa.

Independentemente do motivo, o fato é que tinha sido muito legal da parte dele. Pois, até então ninguém nunca tomou a iniciativa de me ajudar - ainda mais, é claro, porque ninguém sabia que eu precisava de ajuda. Nem Jimin, que estava presente quando madame Sorah declarou que eu era um mediador sabia por que eu aparecia às vezes na escola com os olhos muito fundos, ou onde é que eu me metia quando faltava às aulas - coisa que eu fazia com bastante frequência. E eu não podia explicar o que estava acontecendo. Não que ele fosse pensar que eu estava maluco ou alguma coisa assim, mas ele acabaria dizendo a alguém mais, mas não que fosse de propósito, mas ele iria ficar eufórico (a gente só consegue manter segredo sobre essas coisas quando estão acontecendo conosco), que por sua vez diria a mais alguém e eu sabia que em algum momento alguém acabaria dizendo a minha mãe.

E minha mãe entraria em surto. Claro que é isto que as mães costumam fazer, e a minha não é diferente das outras. Ela já tinha me obrigado a fazer terapia e eu tinha de me sentar lá e ficar inventando mentiras complicadas na esperança de explicar meu comportamento antissocial. Eu não tinha a menor intenção de ir parar num asilo de loucos, que certamente era onde eu iria acabar se minha mãe alguma vez tivesse descoberto a verdade.

O que me faz sentir-me totalmente agradecido por ter Jungkook ao meu lado, embora ele me deixasse meio nervoso. Depois de toda essa catástrofe que houve lá na Missão, ele me fez companhia até em casa, um perfeito cavalheiro. E até insistiu em empurrar ele mesmo a bicicleta, por causa da minha ferida. Se alguém tivesse olhado pelas janelas das casas por onde íamos passando, teria pensado que estava vendo coisas: eu me arrastando com dificuldade e aquela bicicleta deslizando ao meu lado sem o menor problema - com o detalhe de que minhas mãos nem tocavam nela.

Ainda bem que estávamos em uma área onde as pessoas não ficam pelas ruas até tarde.

O tempo todo, enquanto voltávamos para casa, a única coisa em que eu conseguia pensar era no que havia saído errado no confronto com Félix. Não voltei a falar do assunto - já o havia feito bastante; não queria ficar parecendo um disco quebrado, ou uma pianola quebrada ou o que quer que se usasse na época do Jungkook. Mas era o único assunto em que eu conseguia pensar. Nunca, mas nunca mesmo, em todos aqueles meus anos como mediador, eu havia encontrado um espírito tão violento e irracional. Eu simplesmente não sabia o que fazer. E eu sabia que precisava encontrar uma saída, e bem depressa; faltavam só umas poucas horas para começarem as aulas e o Minho cair direitinho na armadilha mortal que estava sendo preparada para ele.

Não sei se o Jungkook percebeu por que eu estava tão calado, ou se ele estava pensando no mesmo que eu... Só sei que de repente ele quebrou o silêncio e disse:

- Quem é capaz de explodir de amor, também é capaz de explodir de raiva.

Eu olhei para ele.

- Está falando por experiência própria? - Ele deu um pequeno sorriso à luz da lua.

A Terra das Sombras - Taekook Ver. - [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora