Tudo normal até...

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~~Boa leitura~~









Eu realmente tinha a intenção de acordar cedo, ligar para o padre Dominico e avisá-lo sobre o Félix.

Mas como já dizia o ditado "de boas intenções o inferno está cheio". Na moral eu não presto mesmo para nada, pois só consegui acordar quando minha mãe veio ao meu quarto e ficou me sacudindo, e àquela altura já eram sete e meia e minha carona já estava indo embora.Ou pelo menos era o que eu achava, tava uma confusão lá embaixo.

Não entendi o que estava acontecendo, mais isso meio que deu tempo para eu me arrastar da cama e enfiar-me numa roupa qualquer - não me perguntem qual. Fui descendo as escadas meio zonzo, parecia que alguém tinha batido várias vezes na minha cabeça com um saco de pedras, enquanto isso comecei a entender o que estava acontecendo, Jake não estava encontrando a chave do jeep, e os meninos estavam pistola com ele, e Dave contava para todo mundo que a irmã Catherine tinha avisado que se ele faltasse a mais uma formatura teria de repetir o ano.

E como se minha mente fizesse um estalo, eu lembrei que as chaves estavam no bolso do meu moletom desde a noite anterior.

Discretamente, fui subindo de novo a escada e fingi que tinha achado as chaves no patamar da escada. O pessoal comemorou um pouco mas reclamou um bocado, pois Jake jurava que as tinha deixado penduradas no gancho da cozinha e não sabia como tinham ido parar no patamar.

- Deve ter sido o fantasma que o Dave ver - disse o Brad, olhando de soslaio para o Dave, que ficou totalmente sem graça.

E então, finalmente entramos no carro e fomos embora. Claro que estávamos atrasados, mas como não era tão longe, tenho certeza que chegaríamos a tempo.

Na Academia da Missão, a formatura começa às 8 horas em ponto e nossa trupe, digo, nós chegamos uns dois minutos depois. Nessa formatura da Missão, que dura mais ou menos quinze minutos antes do início das aulas, eles fazem a chamada e são lidas comunicações aos alunos, no qual estão enfileirados separadamente por sexo, os garotos de um lado e as garotas de outro, como se fôssemos missionários ou algo do tipo. Quando nós chegamos, claro que a formatura já tinha começado.

Eu pretendia passar agachado direto para o gabinete do padre Dom, mas evidentemente não tive a menor chance. Irmã Catherine nos pegou em cheio e nos fulminou com um olhar enfurecido até que cada um de nós entrasse em forma. Eu não estava ligando muito para o que irmã anotava a meu respeito em sua caderneta, mas percebi que seria impossível chegar ao gabinete do diretor, por causa das fitas isolantes amarelas que impediam a passagem pelos arcos ao redor do pátio - e, eventualmente, por causa de todos aqueles guardas que estavam lá.

Não preciso ser nenhuma advinha para saber o que estar acontecendo, é bem provável que todos os padres e freiras e o pessoal todo se levantou para a primeira missa da manhã, e encontraram com o caos na Academia. Lá fora estava a estátua do fundador da igreja sem cabeça, a fonte quase sem água nenhuma, o banco onde eu estivera sentado completamente retorcido e revirado e a porta da sala de aula do professor em cacos.

Era compreensível que eles tivessem surtado e chamado a polícia. Os mesmos, com seus uniformes estavam espalhados por toda parte, colhendo impressões digitais e tirando medidas, como a distância que a cabeça de Junipero Serra percorrera e a velocidade em que precisava ter voado para fazer tantos buracos numa porta feita de madeira com espessura de sete centímetros, e coisas assim. Enquanto eu varria o local a procura do padre Dom, eu vi um sujeito metido num jaquetão de couro azul-marinho, este que parecia mesmo muito, mais muito cansado, ele estava conversando com alguém, que percebi ser o padre Dominico. Infelizmente, não consegui que ele me visse, e concluí que teria de esperar o fim da formatura para sair de fininho e me desculpar com ele.

A Terra das Sombras - Taekook Ver. - [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora