Taluna: Mar e Sangue

COISAS NOVAS

Como marcado chego à praia pela manhã,Haji já estava me esperando,me aproximo dele e então ele começa a falar.

- Você veio,por um momento achei que não viria.

- Desculpe, estava ocupada - tentando sair sem que Enko notasse - mas eu falei que viria não foi? Então, estou aqui.

- Claro,claro - ele sorri - aqui está, isso é um cardápio, vê? Essas são as refeições que eles oferecem,assim fica mais fácil para as pessoas que vão ao lugar escolherem o que querem comer.

- Oh,santos corais,isso realmente parece interessante.

- Não é? Tem muitas coisas interessantes por aqui,pena que você não pode vê-las.

- Pois é..

- Mas posso trazer algumas coisas para você ver,ao menos você pode conhecer um pouco sobre o mundo fora do oceano sem precisar sair dele.

- Porque você faria isso?

- Não sei,gosto de você, e como disse você me lembra alguém especial - ele suspira - não me entenda mal,não faço apenas porque você me lembra alguém que eu gostava,também gostei de você,você me parece curiosa e como não pode sair não vai me custar nada ajudá-la com isso.

- Está bem,virei sempre aqui para ver suas novidades.

- Certo senhorita,quero dizer...na verdade,além do seu nome tem outra forma que eu possa te chamar?

- Não sei,por que não escolhe?

- Ok,bom,senhorita não me parece ruim - diz sorrindo - desculpe,não tenho tanta criatividade.

- Tudo bem,pode me chamar de senhorita então.

- Certo senhorita Taluna,quer me contar um pouco sobre você?

- Acho que não, não me sinto confortável para falar sobre mim,menos ainda para um vampiro,sem querer ofender.

- Compreendo - suspira - imagino que todos do mar nos odeiem.

- Eu não odeio - replico - apenas não confio em vocês,eu e todo o meu povo sofremos muito por causa de vocês.

- É,fiquei sabendo,porém,mesmo que não confie em mim eu posso lhe afirmar convictamente que não foi nossa intenção machucar nenhum de vocês, embora tenha sido há bastante tempo,nós eramos aliados e eu lembro disso,mas não só isso éramos amigos,mas após tudo aquilo....bem,isso já não importa mais.

- Hm,tudo aquilo? Fala da morte da rainha Âmbar?

- Disso também.

- Entendo. Porquê mataram Âmbar?

- É uma longa história,você não parece saber muito sobre isso,pensei que todos do mar soubessem o que aconteceu.

- Bem,todos sabem,mais ou menos...nunca dá pra saber tudo com exatidão.

- Pelo jeito que fala você parece não saber de nada - ele sorri - acho que você ainda era uma criança quando tudo aconteceu.

- E você não? Você não me parece tão velho assim,mesmo que possa viver muitos anos assim como eu.

- Bem,eu tinha quinze anos na época.

- Viu só, não tão mais velho que eu. Mas já que você sabe melhor do que eu,porque não me conta tudo que aconteceu?

- Não gosto de falar sobre isso - ele responde - e na verdade nem eu sei bem como tudo aconteceu,além do que nenhum de nós fala sobre isso.

- Entendo...aqui é a mesma coisa,ninguém fala sobre isso,mas eu queria saber mais sobre o que aconteceu.

- Porque quer tanto assim saber?

- Eu...eu preciso saber - suspiro - tem muitas coisas que eu não entendo, e sobre Âmbar,gostaria de saber mais sobre ela.

- Ela era uma boa rainha,todos à amavam,imagino que você também gostasse dela.

- Sim,você a conheceu?

- Sim,pode se dizer que sim.

- Como ela era?

- Sempre sorrindo,era como uma mãe para todos [....] , ela me chamava de filho,embora eu não merecesse ser chamado assim.

- Ela parecia maravilhosa,gostaria de tê-la conhecido melhor.

- Sim ela era,se pudesse tê-la conhecido melhor você veria que ela era bem mais que só uma rainha.

- Creio que sim.

Falo de forma triste, quem me dera lembrar,como pude esquecer dela? É como se eu nunca a tivesse conhecido.

- Pode me contar mais sobre ela?

- Algum dia quem sabe.

- Está bem,vou esperar até você estar pronto - dou um leve sorriso.

- Esta bem - ele também sorri.

- Você parece uma boa pessoa,se é que posso lhe chamar assim.

- Tudo bem,mesmo sendo um vampiro ainda sou uma pessoa.

- Não sei se entendo.

- Depois eu lhe explico melhor sobre isso,se você quiser saber é claro.

- É claro que quero - falo entusiasmada.

- Tudo bem,lhe contarei tudo,mas agora me fale um pouco sobre você Taluna.

- Bem, não sei muito o que falar.

- Fale sobre você,o que gosta de fazer,sobre seus pais.

- Bem,minha mãe morreu há alguns anos,meu pai ficou desolado.

- Sinto muito.

- Está tudo bem,sobre o que gosto de fazer,eu fujo de vez em quando para ver a praia,gosto de ver os corais e algum dia ainda pretendo comer um caranguejo.

- Caranguejo? Você nunca comeu?

- Não,ainda não.

- Porque você não pega um para experimentar,estão bem alí na pra... oh,é verdade,você não pode sair, desculpe eu esqueci.

- Sim,eu não posso - falo desgostosa - as vezes eu gostaria de poder sair um pouco,usar minha aparência humana e andar na praia ver o mundo humano.

- Talvez você possa.

- Como eu poderia? Já é bem difícil conseguir sair para olhar a praia sem que ninguém note,imagina para sair do mar,da última vez que saí sem permissão fiquei de castigo por um mês, e olha que eu nem saí do mar.

- Isso é ruim,mas se algum dia decidir se aventurar pode contar com minha ajuda.

- É mas e os vampiros? Quero dizer,como você tem certeza de que eles não vão me machucar? Melhor ainda,como posso saber se posso mesmo confiar em você?

- Você é bem direta - ele sorri - gosto do seu jeito. Tudo bem, você não precisa confiar em mim,ao menos não agora,posso te mostrar as coisas que quiser ver e se algum dia quiser sair eu te ajudo,talvez algum dia eu prove que seja digno de sua confiança.

- Ok então, então...pode me trazer um caranguejo?

- Mas é claro senhorita,farei o seguinte,trarei um desses da praia vivo e alguns da forma que os humanos comem, aí você me diz de qual gostou mais.

- Pode ser.

- Então está combinado,em três dias voltarei e os trarei para você.

- Três dias é bastante tempo.

- Eu sei,mas é que tenho muitas coisas para fazer esses dias,então em três dias tá bem?

- Certo,preciso ir agora,nos vemos depois.

- Certo,vejo você depois.