Capítulo 1 (Recomeço)

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"Narra Ana"

Meu nome é Helena Urquiza, mas gosto que me chamem de Ana, é difícil de explicar, mas vocês já devem conhecer minha história. Faz três anos que finalmente decidi reencontrar minha família, foi um caos no começo. Eu diria que eles ficaram tão chocados que pensaram que talvez estivessem loucos, mas eu não posso culpá-los, pensavam que eu estivesse morta, seria estranho se eles não tivessem essa reação.

Após algumas semanas voltei a morar com eles, não foi fácil deixar a residência Kunst, Pietro fez um delicioso bolo pra mim, com os dizeres "obrigada Ana, sempre será bem-vinda", e minhas lágrimas foram instantâneas. Daisy me abraçou tão forte que me senti esmagada, não tinha dúvidas de que iria sentir falta daqueles dois apaixonados. Mas infelizmente, a hora mais difícil chegou.....Thiago.

O agradeci por toda ajuda que tinha me dado, pelo apoio, moradia, amizade e por nunca ter desistido de mim. Foi uma despedida um tanto sofrida, e apesar de que sempre iríamos nos ver, senti que era um adeus e admito que não controlei minhas emoções e nem ele. Parecíamos duas crianças se despedindo em um fim de semana, dolorosamente, mesmo sabendo que no próximo iríamos nos ver outra vez. Eu não tinha palavras para explicar o quanto o apoio dele me ajudou, me deu forças para enfrentar meus medos, não deixando eu me sentir sozinha, ao lado dele eu me senti segura e nunca iria poder agradecer de forma suficiente.

Estou muito feliz de finalmente ter descoberto quem eu sou de verdade, de poder entender finalmente como eu fui ingênua ao não perceber que o mal existe no mundo, de ter desobedecido minha própria família, que só queria o meu bem e eu não conseguia enxergar isso. 

Mas, finalmente, eu aprendi com os meus erros, não tenho mais dúvida de como o mundo é, já percorri um longo caminho para descobrir isso e agora eu sou feliz, estou finalmente em paz.

Minha relação com meus pais não podia estar melhor, apesar das exageradas preocupações que eles tinham comigo, o que não poderia reclamar, pois eu fiz por merecer. E a Bia, ah a Bia. Meu diamante mais precioso, minha melhor amiga, minha irmãzinha. O vazio que existia nos nossos corações não existe mais, a música está presente como nunca e eu sinto que ela parece mais corajosa agora e isso me alegra. Ela sempre foi uma menina corajosa, mas depois do acidente, foi como se algo estivesse prendendo ela, impedindo que conseguisse seguir em frente e deixasse ela sufocada, sem poder mostrar o incrível talento que tinha.

Víctor também ficou transtornado com a notícia de que eu estava viva, foi parar no hospital e eu me culpei novamente, pensando se tinha tomado a decisão certa em voltar. A família Gutiérrez se descontrolou e por pouco a polícia não foi chamada por causa dos gritos e das tentativas de violência por parte da mãe de Víctor à mim. Eu me senti a pior pessoa do mundo, um lixo de ser humano, como se já não bastasse tamanha dor que eu já havia causado aquela família.

Mas graças a Deus nada de ruim aconteceu, mas fui impedida de falar com o Víctor, os pais e o irmão proibiram minha entrada e eu tive que respeitar a decisão, que era mais do que compreensível.

Apenas duas semanas depois, Bia me disse que descobriu que os pais de Víctor tinham dito a ele que ele havia sofrido um surto pensando que eu estava viva. Fiquei furiosa e tomei a decisão de ir vê-lo novamente. Com Bia fizemos um plano para que nada desse errado. Iríamos esperar na frente da casa dos Gutiérrez e assim que o primo de Víctor, Manuel, avisasse Bia que somente meu primeiro amor estaria na casa, entraríamos.

E assim fizemos, e deu certo, depois de duas horas conversando com Víctor e explicando tudo me senti aliviada. De início ele se assustou e pensou que estava tendo um surto novamente. Mas depois de poder me tocar e conversar comigo ele finalmente entendeu tudo. Ficou com uma mistura de alegria e raiva que eu conhecia muito bem. Estava aliviado por eu estar viva, porém com tanto ódio da família dele por fazer ele pensar que estava ficando louco e por ter privado ele da felicidade, como sempre faziam, achando que o melhor pra eles era o melhor para Víctor também.

Eu e Víctor voltamos a namorar, na verdade nunca havíamos terminado. Eu podia sentir a felicidade dele e isso me fazia mais feliz do que eu já estava. Obviamente não foi uma notícia agradável, para nenhuma das duas famílias.

Depois de alguns meses de discórdias entre nossas famílias, Víctor achou melhor sair de casa e eu insisti que não era uma boa ideia, mas ele não me deu ouvidos. Ele estava cansado de viver com eles, e eu entendia, mas viver sozinho em cadeiras de rodas não era uma ideia apropriada.

Até que, por fim, Manuel decidiu que moraria com ele, os dois bancariam um apartamento compartilhado, o no final deu super certo, apesar de Víctor ter se distanciado da família. Mesmo que sua mãe ligasse todos os dias, era difícil ele atender, no máximo mandava uma mensagem dizendo que estava bem.

Eu tinha total certeza de que ela pensava que a culpa era minha, que eu estava obrigando Víctor a ignorá-la, mas mesmo se eu tentasse explicar que não era nada disso não adiantaria, era inútil eu me preocupar com isso, e eu só percebi depois que ele abriu meus olhos.

Estávamos vendo um filme no sofá, eu deitada sobre seu peito, perdida nos meus pensamentos, sem conseguir prestar atenção no filme.

- Ei....o que você tem? - ele me perguntou depois de me dar um beijo na testa.

- não é nada, não se preocupa - eu disse mexendo no meu bracelete. 

Ele suspirou, pegou o controle e pausou o filme.

- se não é nada por que você não está rindo? Você adora esse filme! - e era verdade, se eu estivesse realmente prestando atenção estaria rindo igual doida.

- me pegou - confessei.

Ele sorriu e eu soltei uma pequena risada.

- me conta...sabe que não faz bem guardar só pra você - ele acariciou minha cintura me olhando fixamente nos olhos.

Por um momento eu me perdi neles, esquecendo totalmente onde eu estava, quem eu era e o que eu estava sentindo.

- eu achava que tinha o controle de tudo depois que voltei, que eu podia recomeçar minha vida, mas parece que estou cometendo os mesmos erros de sempre - ele me olhou preocupado, depois pareceu entender e me deu um beijo.

Eu não esperava que ele fosse me beijar, o que tornou o beijo melhor ainda. Fechei meus olhos e me deixei levar, ele voltou a acariciar minha cintura e me puxar para mais perto dele. Inconscientemente envolvi minhas pernas ao redor do seu corpo, ele suspirou e me beijou com mais vontade, acariciando minhas pernas. Parecia que todos os meus pensamentos tinham desaparecido e eu me sentia tão bem.

Quando o ar nos fez falta, ficamos nos olhando intensamente. Dei um selinho demorado em sua boca e juntei minha testa na dele.

- você não precisa se preocupar com os problemas da minha família - ele disse e eu o encarei duvidosa, ele me conhecia tão bem - você não tem culpa nenhuma sobre nossas brigas e por eu ter me afastado deles.

- eu sinto que eu estou fazendo de novo, levando você....

- pro mal caminho, eu sei - ele me interrompeu.

Ficamos em silêncio por um tempo, pensando em o que dizer.

- meus pais têm que entender que eu amo você, eles são teimosos o suficiente para não conseguirem enxergar que você me faz bem e não o contrário - eu sorri e dei mais um selinho nele - o que aconteceu no passado, ficou no passado, você não tem culpa, ninguém tem.

- mas...

- mas nada! Você é incrível, e eu não vou permitir que você se sinta assim por culpa da minha família e da infantilidade deles.

- você é tudo pra mim - sorri e voltei a beijá-lo da forma mais doce que eu consegui.


OIEEE, EAI POVO? GOSTARAM? VOCÊS SÃO VILENA OU THIANA? 

YO QUISIERAOnde histórias criam vida. Descubra agora