Capítulo 4 (Refúgio)

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"Narra Thiago"

- Ana? O que aconteceu? - perguntei preocupado enquanto tirava meu casaco para colocar em seus ombros - por favor entra - eu disse abrindo espaço para que ela entrasse. 

Ela vestiu meu casaco ainda com a cabeça baixa, parecia perdida, confusa, com os olhos vidrados no chão, não conseguia dizer uma palavra, e eu sabia que ela estava tentando evitar não chorar novamente, com um nó na garganta. Assim que fechei a porta, me virei pra ela com a intenção de dizer alguma coisa, mas fui pego de surpresa quando ela me abraçou com força e voltou a soluçar.

Retribui o abraço, enquanto fazia carinho em sua cabeça. Me partiu o coração vê-la daquele jeito. Ela estava tão frágil que fiquei com medo de dizer algo que pudesse magoá-la ainda mais.

- shii calma, vai ficar tudo bem - sussurrei no ouvido dela, acariciando suas costas e seu cabelo.

O perfume dela me deixava maluco, e o cheiro do seu cabelo era o mais doce que já tinha sentido. Seu corpo começou a tremer, não sabia se era ou não por causa do frio, já que sua pele estava fria.

- Ana, respira...eu to aqui....ta tudo bem - ela me abraçou ainda mais forte e fez que sim com a cabeça.

- não me sinto bem - ela sussurrou com dificuldade entre soluços.

- está se sentindo tonta? - perguntei olhando nos olhos dela.

Ela fez que sim com a cabeça novamente, e pareceu se desequilibrar, mas eu a segurei a tempo. Peguei ela no colo e a levei até o meu quarto, colocando seu corpo fraco na minha cama. Coloquei minha mão em sua testa e percebi que ela estava com febre.

- vou pegar um remédio pra você, não se preocupa ta bom?! - eu disse segurando sua mão.

- obrigada - ela sussurrou enquanto uma lágrima caia sobre o travesseiro.

- se cobre, está frio - eu disse cobrindo seu corpo com meu cobertor - já volto.

Desci até a cozinha e encontrei com o Pietro,  preparando um chá.

- que susto Thiago! Pensei que eu era o único acordado - disse recuperando a respiração com a mão no peito.

- desculpe, não queria te assustar - eu disse procurando o remédio no armário.

- o que está procurando? mais remédio pra dor de cabeça? - ele me questionou irritado - eu já te disse que se continuar tomando esse remédio o tempo todo vai acabar morrendo - agora ele parecia preocupado.

- não, na verdade estou procurando um remédio para febre? sabe onde está?

- febre? quem está com febre? a Daisy? - disse desesperado - ah não, eu devia ser um namorado mais cuidadoso, pode deixar comi....

- não, a Daisy está bem, relaxa - ele suspirou aliviado e voltou a tomar seu chá.

- então quem ta com febre?

- Ana - eu disse e ele pareceu chocado.

- A Ana está aqui? Desde quando? - ele disse colocando sua xícara na mesa.

- acabou de chegar, longa história, depois eu explico - ele concordou com a cabeça, compreensivo como sempre -achei! - peguei o remédio e um copo de água - boa noite Pietro, até amanhã.

- boa noite.

Agradeci aos deuses por não ter encontrado Daisy na cozinha, ela não iria me deixar em paz, e me faria um monte de perguntas. Voltei ao meu quarto, a ajudei a se sentar e tomar o remédio.

- obrigada Thiago - ela respondeu com um pouco mais de força na voz, enquanto voltava a se deitar.

- não precisa agradecer, quero que você fique bem - acariciei sua mão e fiquei analisando seus lindos olhos - pode ficar aqui essa noite, descansa, tranquila, amanhã se quiser me conta, se não quiser tudo bem também, me conformo em te ajudar.

- você é incrível Thiago - ela deu um pequeno sorriso.

- que isso, imagina... - fiquei um tempo perdido nos olhos dela - bom, posso te emprestar um pijama se quiser, você não deve estar muito confortável nesse vestido.

- o meu maior erro foi ter colocado ele - desabafou olhando pra baixo.

- como assim? - ela me olhou e rapidamente mudou de assunto.

- um pijama seria bom - ela sorriu forçadamente, fazendo com que sua cabeça doesse, resultando em uma careta de dor.

Peguei uma camiseta comprida e o menor shorts que eu tinha e entreguei a ela.

- vou sair para você ficar a vontade, estarei do outro lado da porta, se precisar de mim é só me chamar. 

- okay. 

Sai do quarto e fiquei atento a qualquer indício de barulho que indicasse que ela precisasse da minha ajuda. Alguns minutos depois ela avisou que eu poderia entrar e ao abrir a porta, não pude deixar de reparar como ela estava linda. Seu cabelo ainda estava bagunçado, seu rosto com um leve tom vermelho causado pela febre e por chorar, mas principalmente como ela ficava perfeita usando minha roupa. Seria possível que cada dia eu me apaixonasse mais por essa mulher? Que ao invés de esquecê-la, meu coração tivesse sendo atraído cada vez mais? Me surpreendia sempre com sua beleza, e aquela visão com certeza nunca iria sair da minha cabeça.

- o que foi? - disse ela me tirando dos meus pensamentos.  

- na..nada - sorri falsamente atropelando as palavras - eu...só....estava reparando como você está vermelha - tentei parecer convincente.

- sempre fico assim quando a febre me pega - ela sorriu levemente sentando na beira da cama- puxei da minha mãe.

Sorri de volta e suspirei aliviado por ela não ter percebido como eu a estava olhando.

- bom...pode ficar aqui no meu quarto, descansa, se precisar estarei no quarto ao lado.

- não precisa se incomodar, eu posso dormir no quarto ao lado - ela disse se levantando da minha cama.

- não, não, não, nada disso, você precisa de uma ótima noite de sono, e quer saber um segredo? - ela sorriu e concordou com a cabeça - a minha cama é a mais confortável da residência.

Ela riu, e que sorriso lindo, o que eu daria para poder ver esse sorriso todos os dias.

- bom, boa noite, precisando é só chamar.

- boa noite.. - ela disse sorrindo

A olhei intensamente e apaguei a luz, quando estava fechando a porta, ela disse meu nome.

- o que? - eu disse voltando a olhar pra ela.

Mas ela já estava sonhando, com um sorriso no rosto, linda, como sempre. A observei por mais alguns minutos imaginando por que ela havia ficado daquele jeito, qual seria o motivo de sua dor? Talvez alguma coisa tivesse acontecido com a Bia, ou com sua família. Ou seria o Víctor o motivo de tudo aquilo? Não sabia ao certo, mas eu desejava que aquele sorriso não desaparecesse nunca mais. E ao notar que o meu tinha reaparecido depois de um longo tempo entendi que precisava protegê-la.... por que nada mais importava no mundo do que aquela pessoa. Eu estava apaixonado por ela....


EAI SENHORAS E SENHORES, O QUE ACHARAM?? O CHEIRO DO THIAGO DEVE SER TUDO NÉ? 

YO QUISIERAOnde histórias criam vida. Descubra agora