Pandemônio (Parte 2)

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— Conheço uma passagem que nos levará direto para a saída, mas preciso que você confie em mim, tudo bem? — Questionou a menina olhando fixamente para os olhos de Bonnie, que, sem falar nada, balançou a cabeça concordando. 

Não era por um motivo especial, mas a mestiça sequer estava compreendendo o andar daquela carroça, o ritmo que as coisas estavam tomando parecia um absurdo de tão surrealista que estava. Novamente, apenas conseguia ficar como telespectadora, vendo o que acontecia feito uma boneca de pano sendo carregada de um lado para o outro. Não era hora e nem momento para se sentir um fardo para o mundo e todos os que nele habitam, mas, sim, não conseguia parar de ponderar aquilo. 

Suspirou ao sentir-se sendo mais pressionada contra os seios macios de Angélica, a qual estava totalmente focada em se esconder dos outros e a proteger. Notou outro grupo de terroristas passarem por elas e, então, a lupina correu, pulando sobre umas pilhas e quase derrubando a companheira. A ruiva era habilidosa com os seus passos silenciosos e movimentos contados, tinha em mente tudo o que iria fazer e como iria fazer, o mapa do local estava totalmente encravado em sua cabeça e não tinha como dar errado. 

— Um grupo fugiu, eles mataram o Jack próximo da bomba. — Rosnou um dos companheiros terroristas para outro grupo. — Eles não foram muito longe, as câmeras de segurança gravaram duas meninas correndo, estão perto daqui, precisamos achá-las, ninguém pode sair. 

Bonnie olhou para Angélica de forma sofrida, então se agarrou mais um pouco nela. Há tempos não escutava a voz de Kelly a criticando e ofendendo por suas atitudes infantis, estava com saudades, por mais incrível que parecesse daquela personalidade animalesca que a surpreendia com diversos tipos de frases complexas ou indelicadas. Não sabia o que tinha sido injetado em si, mas já não gostava bem um pouco daquilo. 

Angélica esperou os grupos se afastarem mais um pouco para poder voltar a caminhar com Bonnie em suas mãos, não queria correr o risco de ser pega por algum homem armado. Passou correndo pelas escadas, não ligando para o barulho que estava fazendo, a qualquer segundo a bomba iria explodir e não conseguiriam sobreviver caso não escapasse dali. Viu um homem com uma arma, distraído, então saltou sobre ele chutando sua cabeça e a fazendo se chocar contra o chão, explodindo-a. Pegou a arma do corpo dele e começou a correr, seus passos deixavam rastros de sangue pelo chão branco e limpo. 

Estavam perto da saída que havia mencionado, uma passagem próximo ao estacionamento, provavelmente, cercada de soldados terroristas. Sua calda se moveu mostrando a adrenalina, entretanto, uma bala passou pela sua orelha felpuda a assustando. 

— Encontrei elas. — Rosnou um homem apontando seu sniper na direção de sua cabeça. 

Rosnou para ele, então correu, entretanto viu sua única saída cheia de soldados. Não tinha como sair rapidamente dali, precisava de outro plano. Escondida, encarou Bonnie.

— Vamos morrer? — Questionou Bonnie rindo de sua própria desgraça. Esperava morrer velha, não indo para um hotel dito como cinco estrelas. 

— Não diga isso, eu lhe proíbo de dizer isso. — Rosnou Angélica sentindo, finalmente, o ardor da bala e o seu sangue quente escorrer pela ferida em sua orelha. — Sei uma outra saída, mas você precisa confiar totalmente em mim. — Falou sorrindo fraco. 

— Eu confio em você. — Comentou a menina à ruiva. 

— Preciso que suba as escadas, quando chegar em uma porta metálica, você deve atravessar ela, então terá uma porta que te levará para fora daqui, para um túnel próximo do fim da cidade, não pare até chegar ao final dele, não se preocupe comigo, eu vou voltar para você. — Comentou. — Nunca olhe para trás, apenas continue a caminhar, não importa o que escute. Compreendeu? — Sequer deixou a garota responder e beijou a mesma, segurando em sua nuca com força, dizendo um alto "Eu te amo" e, logo depois, correndo e gritando, chamando a atenção do povo para si, que começou a atirar em sua direção.

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