chapter 1

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olá, pessoal!

essa fanfic é uma adaptação de uma fanfic faberry com o nome de "o preço da volta". a história é incrível e espero que vocês gostem.

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O par de tênis desgastados faziam seus pés doerem pela corrida desgastante que a garota de mexas rosas fazia pelas ruas de Londres enquanto olhava para trás na tentativa de despistar os guardas que passaram no fatídico momento em que a jovem estava com a bolsa Prada em mãos, de uma garota fútil que olhava distraída a London Eye.

O beco emanava mau cheiro, mas Toni não viu problema e se esgueirou no pequeno espaço atrás de um contêiner de lixo.

Os guardas tolos passaram correndo enquanto seguravam seus cassetetes e a garota morena suspirou aliviada, enquanto abria um sorriso logo após e arrumava a touca na cabeça, seguida de seu grosso cachecol, guardando a bolsa vermelho sangue dentro do casaco cinza velho, porém quente.

O caminho de volta foi tranquilo. A jovem observava as paisagens e as pessoas e não percebeu quando esbarrou em um homem de meia idade que trajava um terno impecavelmente alinhado ao corpo sob um grosso sobretudo de couro, segurando uma maleta preta do mesmo material na mão esquerda e um celular na direita.

O senhor analisou a adolescente dos pés à cabeça e esboçou um olhar de desdém, proferindo em seguida palavras mais frias que o clima daquela tarde.

— Olhe por onde anda, garota! Não me faça ter contato com gente da sua classe social. — O senhor falou com escárnio e em seguida pôs o celular de volta à orelha e desculpou-se com a pessoa do outro lado da linha, voltando a andar como se nada tivesse acontecido.

Toni já havia sofrido diversos tipos de humilhações e as palavras não a afetaram, porém sua língua não se manteve quieta.

— Oras! Então arrume um carro que ocupe sua bunda murcha e não ande em uma rua pública, seu velho nojento. — A voz rouca e firme da morena fez o homem virar-se, mas Toni já havia dobrado a rua sem esperar a resposta, que com toda a certeza, não seria agradável.

Cheryl provavelmente ficaria calada se fosse ela em tal situação. Veronica bateria no senhor até ele pedir perdão e Betty choraria horrores, todavia Toni só sentia pena e repulsa por pessoas assim.

Se perguntava todos os dias se seus pais eram pessoas desse tipo. Também perguntava-se se estavam mortos como os pais das amigas ou se estavam sabe se lá Deus onde, como os de Cheryl.

Levando em consideração o colar com um brasão de ouro maciço com a letra T no verso que estava envolto em seu pescoço quando foi abandonada, Toni deduzia que fossem ricos, porém não compreendia o porquê de nunca ter os conhecido e ter sido deixada na porta do orfanato. Talvez fosse por causa da sua diferença, era a única explicação plausível.

Suspirou tristemente com o pensamento, isso com certeza, a morena nunca descobriria. Ao menos ela pensava assim.

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Foi inevitável não sorrir ao ver a figura já conhecida coberta por roupas grossas sentada no banco do parque Hampstead Heath.

O cabelo ruivo e liso que ia além dos seios estavam desarrumados, mas não perdiam sua beleza e maciez.

A pele pálida e ao mesmo tempo bronzeada era um diferencial que Toni amava na namorada, levando em consideração as peles sempre pálidas cadavéricas dos londrinos.

A touca vermelha fazia contraste com o sobretudo da mesma cor que era duas vezes maior que a ruiva e as botas que iam até os joelhos estavam desgastadas, em igualdade com os tênis da morena.

Cheryl percebeu a presença da namorada assim que Toni parou atrás do banco e virou-se dando o sorriso que iluminava a morena.

O sorriso amoroso.

O sorriso feliz.

O sorriso de Toni.

Levantou-se rapidamente e agarrou-se como um filhote de coala ao corpo alvo coberto por roupas.

— Demorou mais do que o normal. Fiquei preocupada. — A voz doce e protetora saiu abafada pelo rosto pálido encostado contra o pescoço de Antoinette.

— Tive que correr praticamente toda a cidade porque os guardas idiotas me viram pegando a bolsa de uma garota mimada que estava distraída. — Respondeu olhando nos olhos castanhos que agora encaravam os chocolate e deu-lhe um selinho delicado.

— Você precisa prestar mais atenção. — A mais alta retirou a touca preta da cabeça da menor e arrumou os fios rosas e longos da namorada. — Se te pegassem, não iriam ter pena só porque tem dezesseis anos. Aqui ganham os mais ricos e nós... — Apontou de si para a morena. — Não somos nada aqui. — Completou enquanto recolocava o objeto sobre os cabelos um pouco mais arrumados que antes de Toni.

— É por isso que não deixo você ir comigo. Além de ter a mesma idade que eu, é desastrada e frágil. — Respondeu enquanto caminhavam para sentar no banco antes ocupado pela ruiva.

— Eu não sou frágil, Cha-Cha. — Retrucou com um bico nos lábios carnudos. — Sei me defender muito bem. — Completou enquanto cruzava os braços.

— Eu sei que sabe. — Sorriu dando-lhe alguns selinhos, desmanchando o bico nos lábios fartos. — Mas eu cuido de você também. Cuidamos uma da outra. — Sorriu amorosamente.

— Eu amo você. — Respondeu enquanto descruzava os braços e segurava o rosto alvo entre suas mãos cobertas pelas luvas.

— Eu amo você. — A maior respondeu com os olhos fechados. — Muito. — Completou enquanto beijava-lhe os lábios amorosamente.

As duas trocavam afetos com a mesma intensidade de quando iniciaram o namoro, aos doze anos de idade. Eram novas e imaturas, mas o amor não tem idade, e a prova disso foi a proteção e amor que Toni sentiu assim que a ruiva foi transferida para o mesmo orfanato da morena por conta da super lotação do local onde residia anteriormente, aos dez anos de idade.

Cheryl e Toni tornaram-se amigas no mesmo dia em que a ruiva chegou. Seria clichê dizer que a alma de ambas se conectaram se não fosse verdade. Nenhuma vivia sem a outra.

E as memórias ainda eram vívidas, principalmente do dia em que contou para Cheryl de sua intersexualidade. Foi vergonhoso, triste e agonizante quando as palavras saíram, pois na cabeça da morena, seria tratada como aberração, como sempre fora pelas freiras do orfanato.

Toni não tinha pretensões de ter algo com a ruiva aos dez anos de idade, mal sabia o que era sexo, mas eram amigas e Veronica e Betty também sabiam.

Cheryl teve a reação mais adoravelmente fofa que Toni jamais esperaria...

A mais alta apenas deu de ombros e disse que a morena nunca seria uma aberração, e sim especial. E a ruiva amava coisas especias, então amaria mais ainda a morena.

Aos doze anos Toni via a forma como Veronica e Betty olhavam-se e se pegava olhando assim para a ruiva. Soltava suspiros involuntários quando ouvia a amiga fazer monólogos ou quando sorria largamente.

Quando a jovem de origem latina veio contar-lhe saltitando que pediria Betty em namoro, Toni resolveu contar que sentia coisas estranhas por Cheryl, e depois de muita conversa, as duas amigas decidiram fazer o pedido juntas.

Toni suava frio e sentia o corpo tremer. Veronica não estava diferente. Ambas vestiam as melhores roupas que receberam em doações e a morena penteou os cabelos que eram sempre revoltos.

O jardim do orfanato era sempre composto pelo barulho das crianças do local, então na noite silenciosa quando todos haviam dormido, as duas garotas levaram Cheryl e Betty até o banco de madeira próximo aos balanços e fizeram um pedido desajeitado, porém amoroso.

A reciprocidade de amor que Toni recebeu ao ouvir o sim choroso pela emoção de Cheryl após o pedido, seguido do primeiro beijo de ambas, fez sua vida valer à pena.

Desde então, as quatro amigas comemoravam no mesmo dia o aniversário de namoro, e nunca tiraram os anéis simples de compromisso que Toni e Veronica compraram aos catorze anos com uma boa quantia de dinheiro que furtaram da carteira de uma senhora de classe alta.

A vida era difícil, mas com Cheryl e suas amigas, tudo sempre ficaria bem.

world on fire - choni & beronicaOnde histórias criam vida. Descubra agora