chapter 26

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Os olhos castanhos se abriram com dificuldade, fitando o extenso lugar com gramas verdes e árvores robustas.

Toni observou atentamente os balanços mais adiante, seguido do banco velho ao lado dos brinquedos e pôr fim a enorme construção antiga. O Strawberry Fields.

As madres conversavam entre si e dirigiam os olhares para as crianças esporadicamente. O barulho de tantas vozes juntas quase fazia daquele lugar um local feliz, se não fosse pelas cicatrizes que aqueles pequeninos carregavam dentro de si.

- Sabe... você já deveria estar melhor e não ter se entregado assim. - Uma voz infantil chamou sua atenção e Toni olhou para o lado, olhando para... ela mesma.

- O que... - A morena mais velha tentava formular algo coerente, mas nada vinha em sua cabeça. Onde ela estava, afinal? Em uma espécie de plano depois da morte?

- Você não está morta, sua boba. - A Toni mais nova respondeu revirando os olhos.

- Você consegue ler meus pensamentos? - A mais velha questionou assustada.

- Tecnicamente somos a mesma pessoa, então o que você pensar, eu penso também. - Bateu o dedo em sua têmpora.

- Certo, e por que estou aqui? - Indagou, tentando organizar as informações na sua cabeça.

- Por que todos os seus pensamentos enquanto está no hospital foram direcionados para cá. Você pensa demais na infância. Em Cheryl mais especificamente. - Sorriu ao pronunciar o nome da ruiva.

- Você parece ser bem adulta, apesar da idade. - Analisou a Toni mais nova. Os cabelos na altura dos ombros, a blusa verde com listras azuis e a calça jeans de lavagem clara desgastada, assim como o par de tênis.

- Isso aqui. - Fez um gesto indicando todo o local. - É coisa da sua cabeça. Estamos ligadas e eu tenho quase a sua mentalidade. - Explicou calmamente.

- E qual o propósito de eu estar aqui, conversando com meu eu de dez anos? - Perguntou impaciente, de repente gemendo de dor e pondo a mão sobre o dorso. - Droga! - Praguejou baixinho com os dentes trincados.

- Você está quase se entregando à dor. Isso não pode acontecer! Você tem noção de como todos ficariam se você morrer? - A mais nova se levantou batendo o pé impaciente.

- Você não sabe como isso dói. Eu só quero que passe logo. - Respirou profundamente.

- Vai passar se você lutar contra isso e voltar para a vida normal. Pare de fraquejar! - Esbravejou. - Quer deixar Cheryl sozinha?

- Eu não... - Tomou uma longa respiração. - Não... posso deixá-la sozinha. Droga, droga... - Toni apertava a lateral do seu tronco, sentindo a dor aumentar consideravelmente.

- Aceite os remédios. Não os expulse de dentro de si. Vai doer por um tempo, mas vai passar. É como um corte. Sempre fecha, por mais profundo que ele seja, tudo bem? - Pôs a mão no ombro da mais velha, que estava sentada na grama.

Toni apenas assentiu agoniada, sentindo o suor escorrer em sua testa.

- Toni! - Uma voz fina chamou a atenção das duas morenas, e uma ruiva baixinha apareceu em seu campo de visão.

Os cabelos ruivos lisos, os olhos castanhos grandes, o nariz afilado e os lábios grossos.

Cheryl.

A pequena correu na direção da Toni de dez anos e segurou a mão dela. A morena mais velha sentiu o toque em si.

- Vamos! Você prometeu terminar de ler O Pequeno Príncipe e ainda não acabou. - Fez um biquinho nos lábios grossos.

world on fire - choni & beronicaOnde histórias criam vida. Descubra agora