chapter 6

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A mulher de meia idade desceu as longas escadas que levavam ao hall de entrada e deparou-se com a filha já pronta para sair.

— Finalmente! — Exclamou a jovem em tom de surpresa. — Depois da sua síncope após a abertura do testamento, achei que nunca mais sairia do quarto.

— Poupe-me do seu sarcasmo, Prudence. — Falou friamente. — Sua professorinha já saiu? — Perguntou com desdém.

— Pare de chamá-la assim! — Esbravejou. — O nome dela é Dorcas, é minha esposa e mãe da minha filha.

— Você jogou seu futuro fora ao não querer casar com o filho dos Blossom. — Acusou pela enésima vez.

— Meu futuro está bem garantido com a herança de papai. Eu nem precisaria trabalhar. Com o dinheiro eu criaria até minha décima geração. E todos sabem que Jason não aprecia do que eu tenho no meio das minhas pernas. E eu não gosto do que ele tem... Se bem que com aquelas calças coladas, duvido que haja algo ali. — Respondeu fria.

— Não fale assim dele! — Ordenou. — Ele é um ótimo garoto que sacrificou sua sexualidade para unir duas famílias tão amigas que construiriam um império juntas.

— Ah, claro! O império da grife dos Blossom e o império de jóias dos Topaz. — Riu em desdém. — Pare de pensar em dinheiro e pense uma vez na vida com o coração, se é que ainda bate um aí dentro. — Apontou para a mãe.

— Eu não vou ficar aqui ouvindo idiotices. Há coisas melhores para fazer. — Caminhou até a porta.

— Onde a senhora vai tão cedo? — Questionou seguindo a mãe para fora da mansão.

— Resolver algumas coisas para o enterro do seu pai e para a chegada da sua... irmã. — Proferiu a palavra com nojo.

— Escute aqui. — Aproximou-se da mulher. — Se ousar encostar um dedo sequer em Antoinette, eu esquecerei que sou sua filha e expulso você dessa mansão que agora só pertence à mim e a minha irmã. — Despejou tudo entredentes.

— Não me ameace, Prudence Topaz. — Apontou o dedo no rosto da filha.

— Então mantenha-se longe de Antoinette, ou verá as consequências. — Finalizou descendo os degraus de cimento até o carro preto estacionado em frente à fonte luxuosa do jardim, partindo com o mesmo pelos enormes portões de ferro e sumindo do campo de visão da mãe.

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— Eu a criei como uma boa mãe, para no final defender a anormal da irmã dela. — Contava andando pelos corredores da mansão Blossom, entrando no escritório acompanhada dos dois homens.

— Mary, querida, você sabe que Prudence sempre será uma tola como Thomas. — Clifford respondeu sentando em sua poltrona enquanto Hiram sentava-se na outra ao seu lado.

— Estávamos preocupados depois do seu surto no dia do testamento. — Hiram comentou.

— Eu ainda não acredito que passei vinte e cinco anos casada com aquele idiota, sendo a esposa perfeita e recatada para no final ser traída por ele e estar nas mãos de uma mulher que coloca os sentimentos na frente e de uma pirralha anormal que eu nunca desejei. — Esbravejou passando as mãos no rosto e acomodando-se no sofá de dois lugares.

— Isso será por pouco tempo. Onde está Reginald? — Indagou para o marido.

— Está vindo com Jason. Já deveriam estar aqui. — Clifford respondeu olhando o relógio em seu pulso.

Mal terminou de falar e o rapaz alto adentrou no escritório trajando um terno totalmente preto, desde a camisa até a gravata.

Jason logo apareceu atrás do amigo. O rapaz de traços delicados trajava uma calça justa demais ao seu corpo e uma gravata borboleta azul, em contraste com a camisa branquíssima.

Reggie jogou-se no sofá de três lugares, enquanto Jason sentava ao lado de Mary no menor.

— Quando a aberração irá voltar? — Reggie indagou afrouxando a gravata.

— Jones irá ligar avisando e aí teremos que colocar o nosso plano em prática gradativamente. — Hiram respondeu.

— Mal posso esperar para conhecer a filha de vocês. — O rapaz sorriu torto. — Espero que seja bonita.

— Penelope era uma mulher bonita. Cheryl com certeza herdou sua beleza. — Clifford divagou sorrindo ao lembrar da filha.

— Se essa maldita não a tivesse sequestrado, ela estaria aqui conosco. — Hiram bateu a mão na mesa do escritório.

— Isso não importa. O que importa é que depois de procurar esse país todo por Cheryl, nós finalmente a encontramos por acaso quando pedimos para Jones averiguar nesse local. Ela estava em Londres esse tempo todo. — O marido respondeu.

— Naquele lugar com gente daquela classe social. — Fez cara de nojo. — E ainda por cima morando com aquela anormal. Assim que ela chegar, iremos remover a impureza que deve estar na minha filha. — Clifford passou as mãos nos cabelos.

— E então... — Mary levantou-se e aproximou-se de Reggie. — Faremos Cheryl casar-se com Reggie. — Sorriu pondo a mão no ombro do rapaz, que sentou-se de imediato, sorrindo orgulhoso.

— Mas antes...— Clifford começou. — Temos que fazer Cheryl casar com Antoinette e garantir que nossa filha herde tudo o que for da esposa. — Completou.

— E então Reggie, como um bom amigo, aparecerá com seu charme e enlaçará Cheryl em sua plena fragilidade, tornando-se assim o dono de tudo junto com nossa menina. — Hiram segurou a mão do marido.

— Vocês vão arder no inferno por isso. — Jason zombou.

— Não venha com essa. — Reggie debochou. — Você irá lucrar sendo parte da família. Sempre quis a filial de jóias de Miami e a mansão de veraneio daquele lugar. — Lembrou ao mais novo, atingindo o ponto fraco da ambição do rapaz.

— Faremos o que for preciso, então. — Jason decretou.

— Você é o meu orgulho. — Mary sorriu orgulhosa. — Thomas serviu para algo ao adotar você ao meu pedido. — Passou a mão pelo rosto liso de Reggie. — Quando olhei para você naquele sinal de trânsito, soube que era lindo e inteligente demais para ser pobre.

— E você... — Clifford levantou-se e pôs a mão sobre o ombro de Jason, que olhou para o pai. — Me conquistou com esses cabelos ruivos, assim como os meus, e esse seu jeito astuto quando tentou me furtar naquela praia quando tinha apenas seis anos. — Completou, fazendo o rapaz sorrir.

— Quando sacrificou sua sexualidade para casar com Prudence, nos deixou mais orgulhosos ainda. — Hiram começou.

— Mas tola como o pai, colocou o amor na frente e casou-se com Dorcas. Uma mera professorinha de dança. — Mary suspirou.

— Mas Antoinette e Cheryl serão perfeitas. — Clifford sorriu. — Serão apoiadas por nós, casarão e depois a doce anormal irá sofrer um fatídico acidente, deixando todos esses milhões para Cheryl, e Reggie será o amigo e futuro marido perfeito do jeito que sempre foi esse homem de fibra.

— E depois do casamento, eu controlarei tudo. — Reggie sorriu de canto. — Esse plano será fantástico.

— Estaremos a sua espera, Antoinette. — Mary sorriu friamente. — Essa volta será perfeita.

world on fire - choni & beronicaOnde histórias criam vida. Descubra agora