Amor nas Urgências - 2ª Temporada

Capitulo 18

MATT: Estou a pensar que com você, vai ser diferente. Que tu e a minha ex não têm nada a ver uma com a outra. Mas na minha mente, ainda há uma pequena preocupação de que a mesma coisa irá acontecer, devo admitir.

NICOLE: Eu não sou a sua ex! Através da minha formação médica, tenho uma compreensão muito boa daquilo em que me estou a envolver. Por isso, eu não vou fazer a mesma coisa.

Eu sei que os medos de Matt não têm nada a ver comigo, mas com a sua experiência passada. Por isso não levo a peito. Eu compreendo.

Há coisas que deixam a sua marca, e o passado às vezes mancha o futuro. Mas serei eu a negar que as mesmas experiências sejam repetidas.

Matt temperou um pouco a comida e depois sorriu para mim.

MATT: E você? Eu nunca te perguntei, mas com o teu ex, vocês viverem juntos?

NICOLE: Não. A nossa relação durou cinco anos, mas no inicio éramos muito jovens. Começamos a namorar no final da escola. Era um pouco cedo para arranjar um apartamento e morar juntos!

MATT: De facto...

NICOLE: Ambos nos mudamos para Paris depois, por isso é verdade que podíamos ter feito, como colegas de quarto... Mas nunca o fizemos. Em retrospetiva, acredito que fazer isso teria reduzido ainda mais a vida útil do nosso relacionamento. Porque Adam teria me reprovado ainda mais por não estar disponível, por estar ausente por causa dos guardas da escola ou por estudar demais...

Eu encolho os ombros na frente da pia, enquanto lavo as mãos depois de terminar de cortar os vegetais.

NICOLE: Então foi uma coisa boa. Finalmente, resta saber se o que é bom é perceber rapidamente que não vai funcionar por muito tempo... Ou tentar que dure o máximo que pudermos, às vezes contra todas as probabilidades!

À minha direita, Matt faz uma cara feia.

MATT: Acho que é uma questão de ponto de vista?

Ele abre a gaveta dos talheres para pôr a mesa, e eu pego nos pratos para o ajudar.

MATT: No que me diz respeito, acho que teria preferido que ela me tivesse contado mais cedo. Porque, de repente, explodiu e não percebi o que me estava a acontecer. Ela literalmente me esfaqueou no meio da minha cama sem avisar, e foi como se uma tempestade estivesse me atingindo. Mas uma tempestade que não se anuncia com grandes nuvens negras... Ela nunca me tinha dito antes que não estava vivendo bem sob os constrangimentos da minha doença. Ela jogou tudo na minha cara naquela manhã, tudo o que ela tinha dentro dela que estava acumulando há meses.

Ele se vira para mim para me olhar.

MATT: É por isso que prefiro que você me fale de imediato quando as frustrações surgirem. Pelo menos me dá a oportunidade de ver se não posso fazer algo em relação aos problemas... Não me posso curar, serei diabético até morrer. Mas talvez eu possa fazer mais esforços, ou...

Eu avanço para onde ele está entre a cozinha e a mesa da sala de jantar. E coloco um dedo nos seus lábios.

NICOLE: Você não tem que fazer qualquer esforço. Você está a fazer o suficiente pela sua saúde não precisas de o fazer por mim. Eu juro, se alguma vez reparar que não estou vem, eu te digo. Eu vivi o oposto, o Adam era o oposto da sua ex. Ele se queixava o tempo todo sem interrupção, somando as acusações franco-agressivas ou passivo-agressivas o tempo todo. Então vi o que estava reservado para mim, e foi por isso que decidi acabar tudo. Não nos levava a lado nenhum.

Além disso, se não o tivesse feito, ele ter-me-ia deixado logo a seguir, isso é certo.

Falar sobre a minha situação com o Adam levanta de repente uma questão preocupante em mim.

NICOLE: Mas a propósito, estamos a falar de mim, mas... Você se importa de viver com alguém que dorme por turnos várias vezes por semana? Regulamente aos fins-de-semana? Não tenho sempre o nariz nos meus livros de medicina, mas o horário do hospital... E depois haverá a minha tese que não se escreve sozinha, mas tu sabes como é! Tenho de começar em breve, já agora... A faculdade de medicina é longa o suficiente para eu não a prolongar!

MATT: Eu posso te ajudar a lê-la novamente se você quiser! Eu não vou ser capaz de julgar o conteúdo, mas se você está procurando alguém para revisar o estilo, eu estou disposto a fazer tudo isso.

NICOLE: Isso é muito querido da tua parte! Aceito a oferta generosa com gratidão!

MATT: Além disso, tenho a certeza que vou aprender muito com a leitura do teu trabalho.

NICOLE: Vai estar cheio de jargão médico, por isso prepare o motor de busca! Mas ao que estávamos falando... Você não me respondeu. Você não se vai aborrecer depois de um tempo por ter uma namorada e 'companheira de quarto' com tais horários?

Ele abana a cabeça e os seus cabelos se espalham.

MATT: Não, não me incomoda nada. Eu também sei no que me estou a meter. Tive tempo para ver como o seu trabalho te ocupa e como a sua agenda é irregular, nesse ultimo ano. Mas eu não me importo, porque isso não nos impede de nada. E isso não se compara à incrível oportunidade que eu tenho de viver com você, Nicole.

Ele coloca um ultimo garfo na mesa e se aproxima para me beijar.

O cheiro do jantar flutua na sala, nos envolve enquanto as nossas línguas se envolvem uma na outra. Não é o ambiente mais romântico, mas esta cena é tão cheia de um dia a dia feliz, de um futuro como eu sonho com todo o meu coração com o Matt...

Acho que é a circunstancia mais bonita do mundo.

Alguns dias depois...

Saí pelas portas do hospital e corri até Matt, que está me esperando na calçada do outro lado da rua com uma xícara de chá.

NICOLE: Estou finalmente aqui! Hora de fazer as ultimas prescrições, de passar tudo para o turno da noite... Devia te ter dito para vires meia hora depois do fim do meu turno, na verdade! Desculpa não ter pensado nisso.

Matt engole o seu gole de chá e abana a cabeça.

MATT: Não me importo de esperar um pouco, não se preocupe! Aproveitei esta oportunidade para apanhar ar fresco.

Eu rio.

NICOLE: O ar puro de uma rua parisiense, ideal para os pulmões!

Matt também ri.

MATT: Temos que usar o que temos!

Ele se inclina um pouco para mim que estou de pé, e trocamos um beijo leve e terno. Um beijo de saudação que diz que estamos felizes por nos encontrarmos de novo no final do dia.

Depois passei a minha língua sobre os seus lábios, eles sabem ao chá que ele bebia enquanto esperava por mim.