Amor nas Urgências - 2ª Temporada

Capitulo 16

Tenho sorte de ter tempo para contemplar o lindo rosto do Matt relaxado sob os raios do sol nascente.

Eu passo os meus dedos por cima do rosto dele, recompondo um fio de cabelo que caiu no nariz dele e quase fez cocegas nele.

Desta vez, as pálpebras dele estão a tremer, e eu sussurro o nome dele.

NICOLE: Matt...

Eu continuo...

NICOLE: Quem me dera poder acordar assim todos os dias. Quem me dera que nunca mais nos deixássemos um ao outro.

Não sei se ele me ouviu. E se o fez, a sua mente ainda está um pouco enevoada...

Não sei se ele compreendeu o compromisso a longo prazo oferecido por este pedido. O desejo depois de mais um ano de relacionamento de dar o próximo passo.

O desejo de que as nossas duas vidas se tornem uma só.

Quando as suas íris douradas se revelam à minha vista, certamente não revelam nada. Matt apenas sorri para mim.

MATT: Dormiu bem, Nicole?

NICOLE: Há muito tempo que não dormia tão bem!

MATT: O mesmo para mim.

NICOLE: Você vai se tornar um acessório essencial para o meu sono descansado!

Matt se ri, divertido.

MATT: Um acessório? Não sei como devo reagir a isso!

NICOLE: Eu mencionei essencial antes de acessório!

Trocamos um beijo com ternura.

Quando nos afastamos, Matt se reposiciona sobre a cama com a cabeça na almofada. Ele me puxa contra o peito e eu me deixo ir.

MATT: Você está tranquila quanto à minha saúde agora? Desculpe ter te preocupado, anteontem, e ontem.

NICOLE: Deu-me uma desculpa para te vir ver! Estava preocupada, claro, mas também aproveitei a oportunidade. Sinto muito a sua falta. E sim, claro, para responder à sua pergunta, vejo que você está bem e isso me tranquiliza.

MATT: Também tenho saudades suas, Nicole. Muitas. Como já te disse, estou realmente feliz por estar aqui e não lamento esta oportunidade. Mas também só reforça a minha ideia de que se for bom experimentar este tipo de coisa durante algum tempo, o que realmente quero fazer agora é estar contigo e partilhar experiências contigo. Sonhei durante muito tempo em vir estudar para a Grécia... Mas na altura, eu não te conhecia. Os meus projetos e aspirações evoluem necessariamente de acordo com o presente... E acho que encontrei outro sonho que me parece mais importante agora! Não quero me mudar para cá a longo prazo, com antiguidades gregas ou não!

Matt olha para mim com um olhar tão seguro e amoroso que me sinto como uma idiota por um momento por ter tido tanto medo que a Alix fosse um problema.

Estas duvidas me aprecem tão estúpidas neste preciso momento que um pouco de riso me escapa. Se calhar devia contar para ele... eu sei que ele não vai gozar comigo.

NICOLE: Matt... Você sabe que tenho varrido Paris nas ultimas semanas?

Os olhos dele são imediatamente carregados de preocupação.

MATT: Porquê? Aconteceu alguma coisa?

NICOLE: Tinha medo desta distancia, também das pessoas que estavam mais próximas de ti.

Enquanto falo, aponto para a cicatriz branca debaixo do peito dele. A marca do tubo torácico que lhe pusemos, Ryan e eu.

MATT: De Sandro, Alix e todos os outros, queres tu dizer?

Eu aceno com a cabeça, as bochechas um pouco cor de rosa com a vergonha, apesar de tudo.

NICOLE: Tinha medo de Alix, em particular. Você parecia estar muito perto dela, e eu estava longe... Acho que tinha medo que ela tomasse o meu lugar! Que você se sentisse bem melhor como está, e não quisesse voltar...

Matt se ri quando passa a mão à frente dos olhos. Não sei como devo interpretar este riso.

MATT: Sabe, Nicole, que eu estava a ter exatamente os mesmos medos sobre você!

Eu franzo a sobrancelha, sem entender.

NICOLE: O que você quer dizer com isso?

MATT: Tinha medo que você percebesse que, no final, a vida em Paris era a mesma, quer eu estivesse lá ou não. Que percebesses que a minha ausência não estava a cavar um grande buraco, que te sentias muito bem sem mim. Ao me dizeres que estavas a pensar em mim ao ponto de temeres algo semelhante do meu lado...

NICOLE: Não, mas sim!

Matt ainda está rindo, e eu ouço notas de alivio voando em sua voz apesar da minha resposta que não significa nada.

MATT: É muito esclarecedor!

Também me rio, e também me tranquilizo.

NICOLE: Quer dizer, a tua ausência me deixou um vazio tal que só consegui preenche-lo pensando em ti e em psicotestar quase sem parar...

MATT: Percebo isso agora, sim. E o mesmo para mim, como te expliquei... Então, acho que estamos mutuamente satisfeitos com o assunto?

NICOLE: Exatamente! E sabe bem.

Ainda bem que me atrevi a partilhar com ele o que me estava a incomodar. É melhor comunicar para não manter dentro de si preocupações que estão crescendo fora de proporção...

E que pode infelizmente ocupar um lugar grande entre os dois membros do casal, e separá-los.

Matt pega então na minha mão, delicadamente. Ele está a entrelaçar os nossos dedos. Ele inclina um pouco a cabeça e abre a boca.

O meu coração começa a bater a um ritmo acelerado. Tenho um pressentimento de que ele me vai dizer algo muito importante. Estou com medo...

MATT: Nicole... Espero que não aches que isto é ir depressa... Espero que também queiras, mas se não, eu compreendo... Porque eu sei que mesmo que a bomba de insulina torne a minha vida muito mais fácil, a minha vida diária é governada pelos meus diabetes... O que significa que há coisas que não posso fazer, uma disciplina, regras e horários a respeitar... Então eu sei que partilhar a vida diária com uma pessoa como eu pode ser um desafio, e eu não vou te culpar de forma alguma se você disser não.

Sem abrandar o ritmo dos seus rápidos batimentos, o meu coração está um pouco apertado com todos estes avisos. Encontro aqui fragmentos do medo da rejeição que o assombrou quando nos conhecemos.

Mas apenas fragmentos, porque hoje, isso não o impede de continuar o seu pedido sem tremer. Os seus olhos dourados me embrulham debaixo dos seus cabelos castanhos.

MATT: Na verdade, gostaria de sugerir que você venha viver comigo depois do meu regresso a Paris. Você estaria interessada em viver junto a partir de agora? Porque da minha parte, eu quero mesmo. Esta distancia apenas reforçou a minha convicção de que estávamos prontos para dar este passo. Ou pelo menos, me parece que estou pronto... O que você acha...?