Julho de 2000
O que essa marca de chegarem significa? – perguntou Fumiko, olhando para a página onde estavam os nomes de Hana Brady e George Brady.
Ludmila hesitou, então falou cuidadosamente.
– A marca significa que a pessoa não sobreviveu.
Fumiko abaixou os olhos e olhou a folha novamente. O nome de Hana estava marcado. Como as quase quinze mil crianças que passaram por Theresienstadt, Hana morreu em Auschwitz.
Fumiko abaixou a cabeça e fechou os olhos. Ela já desconfiava da verdade. Mas vê-la
confirmada no papel era um golpe. Fumiko sentou-se ali, em silêncio, tentando assimilar o que ouvira.
Então, recompôs-se e olhou para cima. A história de Hana não estava acabada. Agora, mais do que nunca, Fumiko queria saber tudo sobre ela: para si mesma, para as crianças que esperavam no Japão e para a memória de Hana. Estava absolutamente determinada de que esta vida, tirada tão injustamente, não seria esquecida. Era sua missão. E a busca não tinha acabado.
– Não há marcas ao lado do nome de George – disse Fumiko. – Será que há um jeito – gaguejou – de descobrir onde ele está? O que aconteceu com ele? Para onde ele foi? Ele ainda está vivo? – se ela pudesse encontrá-lo, ele poderia lhe contar mais sobre Hana. Fumiko sentiu que tremia de ansiedade.
Ludmila olhou com tristeza para Fumiko, do outro lado da mesa. Podia ver como Fumiko queria saber.
– Não tenho ideia do que aconteceu com ele – disse, suavemente. – A guerra foi há tanto tempo, você sabe. Ele pode ter ido para qualquer lugar do mundo. Pode ter mudado o nome. Ou pode até mesmo já ter morrido de velhice.
– Por favor – implorou Fumiko –, ajude-me a encontrá-lo.
A mulher suspirou e virou-se para as estantes com largos volumes com nomes e listas.
– Podemos procurar pistas aqui – disse ela.
Por uma hora, Fumiko e Ludmila olharam os livros cheios de nomes, procurando outra menção a George Brady. E, finalmente, encontraram uma.
Estava na lista de prisioneiros do Kinderheim L417, a Casa dos Meninos em Theresienstadt. Os nomes estavam agrupados em listas de seis, pois dois garotos compartilhavam o mesmo colchão
num beliche de três andares. Quando Ludmila checou os nomes do grupo de George Brady, olhou para Fumiko, assustada.
– Kurt Kotouc – disse ela. – Kurt Kotouc – repetiu. – Eu conheço esse nome. Ele está vivo.
Acho que esse colega do beliche de George vive em Praga, mas não tenho ideia de seu
endereço. Se o localizarmos, talvez ele possa nos dizer o que aconteceu com o irmão de Hana.
Infelizmente, não há mais nada que eu possa fazer por você aqui. Tente o Museu Judeu em Praga. Talvez alguém ali consiga ajudá-la.
Fumiko agradeceu Ludmila muitas vezes, por tudo o que ela havia feito. Ela a abraçou e prometeu contar os resultados de sua busca. Ludmila desejou toda a sorte para Fumiko. Então, Fumiko pegou sua pasta e correu do museu até a praça. O ônibus para Praga sairia a qualquer momento
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A Mala De Hana - Parte 2
Non-Fiction*Essa é a parte 2 do livro* que eu publiquei em 2015 e não pude continuar pois eu perdi a conta infelizmente não consegui recuperar, peço desculpas a todos que estavam acompanhando, mais agora eu consegui uma conta definitiva e que eu não vou perder...