Tentei imaginar como seria, se duas pessoas compartilhassem o mesmo pensamento, porém, atitudes diferentes. Logo que é uma relação estranha, sem a compreensão das partes. Mas quem diria que eu estaria errado? Quem diria que ia acontecer comigo.
Início de uma jornada
Como sempre, gostava de caminhar na beira da praia, minha preferência sempre foi ao entardecer, pois gostava de ver como a paisagem mudava conforme anoitecia.
Nunca parei para conversar com ninguém em minhas caminhadas, gostava apenas de ficar me imaginando em lugares diferentes a partir dali. Por isso optava pelo silêncio e solidão.Por um tempo fiquei feliz, bem feliz por mais uma caminhada. Decidi que naquela noite de Terça, me sentaria a beira da praia, e apenas aprecia o relaxante barulho das ondas. Pensei em seguida: 'Será que no mundo há pessoas que gostam de sentar a beira mar para apreciarem apenas o som de águas turbulentas?', pois eu sempre fui de curtir dias assim, meu melhor descanso era quando eu o fazia. Pode parecer meio estranho, mas o sentimento que eu tinha era como um rio, e eu transbordava de felicidade.
Levantei-me da areia, apenas para me espreguiçar, sentei-me no mesmo lugar onde estava, e nesses momentos, gostava apenas de me sentir fisgado na cena perfeita do meu ser contemplando o céu.
Estrelas, o vento a me abraçar, gostava até de pensar que a lua estava me seguindo (Via láctea maravilhosa!), pois ela sempre estava ao meu redor, e na verdade, ao redor de todos, mas eu gostava de me sentir especial. Corria para despistá-la, mas lá estava ela, perfeita como sorriso de criança.
Naquela noite, me ocorreu um imprevisto, assim que preparava para retirar-me da areia, apenas inventei de dar um salto na água antes de sair. Certo... não sabia ao certo o que havia dado em mim para fazer algo que fosse tão aleatório.Corri de onde estava, até as margens da praia, e logo dei um um salto tão gostoso, que me veio naquela hora, uma grande alegria, me senti por um momento, um idiota! Depois que acabei de dar o meu tão desejado salto nas águas (è sempre bom nos sentirmos como crianças em certas ocasiões), não pude perceber que uma pedra estava pouco atrás de mim, e logo senti meu calcanhar sangrar. - Não entendi ao certo como havia me machucado ali.
Deitado na areia, eu sentindo uma imensa dor, uma dor tão chata, que nem havia notado que uma pessoa me observava. Antes dela chegar e me oferecer ajuda, já tinha tomado um susto, pois não a tinha visto antes (sim!! Eu estava muito distraído), muito menos esperava uma pessoa ficar naquele horário em uma parte isolada. Quando percebi que ela estava se aproximando, achei que fosse alguém com más intenções, pois quem não gostaria de se aproveita da fraqueza alheia?!! Mas logo me aliviei, tão linda e serena era tal. Assim que acabei de olha-la completamente, vi que ela estava sorrindo, sua face era tão bela, logo pude perceber seu jeito delicado, mas logo desviei o olhar.- Você está bem? - Disse a moça.
- Como poderia está melhor?! Acabei de tropeçar em uma pedra. -Eu sei que pude parecer meio grosso nessa hora, mas não foi a real intenção.
- Seu senso de humor até que é engraçado. Quer que eu te ajude a levantar? Você deve ter se machucado feio.
- Não precisa, muito obrigado!
- Tudo bem então. Qual o seu nome?
Nessa hora, fiquei relutante em dizer meu nome para uma total desconhecida.
- Qual o seu nome? - Disse ela mais uma vez
- Bob.
Disse meu nome para ela, e logo percebi que ela estava se ajeitando para ficar ao meu lado, e assim que ela se sentou, olhou em meus olhos e disse que é bom saber o nome de pessoas que se machucam fácil. Nessa hora não pude evitar uma leve risada, embora tenha sido disfarçada. Perguntei o nome dela.
-Como você se chama? - Eu perguntei.
- Quer mesmo saber? -Disse à moça.
- Você pode não ter se machucado, mas eu quero saber.
- Jasmim. Prazer em conhecê-lo Bob!
Acabamos rindo da situação, e conversamos por horas, tanto tempo, que nem percebemos que aos poucos o frio chegava. Ficamos contando histórias superficiais de nossas vidas, e quando percebi, que em meio a suas risadas, havia um desconforto, achei que fosse por minha causa. Logo pensei em como deixá-la mais confortável, e já que estava frio, acabei tirando meu agasalho e a cobri. Ela logo se esquentou, e em seguida, queria me devolver, acho que ela se preocupou por eu estar com apenas uma blusa. Tive de explicar para ela que eu não era de sentir muito frio, e mesmo que eu sentisse um pouco, mesmo assim ela seria prioridade.
- Como você pode ser tão cavalheiro? A maioria das pessoas que eu conheço, nem me ofereceria um agasalho. Se bestasse, ia pedir o meu.
- Não sei te explicar! Eu sempre fui assim.
- Pois bem! Que continue.
Nos levantamos de onde estávamos e fomos seguindo uma trilha que nos levava para fora da praia. Levei-a até o seu carro, e antes de entrar, ela pediu meu número. Assim que ela acabou de anotar, me disse que foi uma das noites mais legais pra ela, pois não era todo dia que tinha o privilégio de ver alguém se machucando, e claro, eu não gostei, mas não pude evitar um leve sorriso.
Quando deu a partida no carro, e foi seguindo seu trajeto, me deparei com um sentimento que não sentia a anos. E por incrível que pareça, fiquei feliz em conhecê-la naquela noite, pois eu sempre evitava conversar com pessoas, gostava de ficar atolado em meus pensamentos, e embora já tivessem casos de pessoas conversando comigo, mesmo eu fazendo de tudo para terminar a conversa, percebi que com ela foi diferente.
Cheguei em casa, pensando que aquela noite, foi apenas uma noite fora do contexto, e que ela supostamente pediu meu número, talvez por educação, e tudo tivesse acabado no estacionamento. Peguei um copo de suco na geladeira e guardei as chaves do meu carro. Fiz uma comida bacana naquela noite, macarrão com farofa e um bife mal passado. Sentei-me no sofá, na esperança de esquecer aquela noite, ainda mais aquele sentimento. Mas o mundo sempre foi irônico para comigo, e assim que coloquei o garfo em minha boca, surge uma ligação com um número desconhecido para mim. Preferi não atender naquela hora, porém quando fui arrastar pra desligar a chamada, o touch do meu celular entendeu errado, pois minha mão estava um pouco engordurada (Sim!! O erro foi esse mesmo, não entendam errado!). Ainda com a comida na boca eu disse 'Olá'.
- Olá Bob. È a Jasmim, nos conhecemos na praia hoje. Como você está?
Esperei alguns segundos para digerir a comida, e acabei me engasgando. Mas não pude negar minha surpresa, e me aliviei de eu estar enganado com relação a ela.
- Bob .. Está tudo bem com você? Parece que está se engasgando.
Quando tomei o suco e me recompus, disse: -'Sim!! Eu estava me engasgando.'.
Esperei ela me responder.
- Bob .. Bob .. Você é do tipo de homem bem desastrado sabia? -risadas- Gosto de pessoas assim.
- Que bom Jasmim. Achei que você iria rir de mim novamente, e se fosse o caso, até iria te oferecer um pouco de bife pra você se engasgar igual a mim, e pior que o trem estava gostoso, mas vejo que talvez, só talvez, eu esteja errado -risadas.
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Amor Heterogêneo
Lãng mạnComo seria amar uma pessoa com pensamentos iguais aos seus, porém, com atitudes diferentes. Um amor recíproco, ou desigual? Um amor verdadeiro? Ou apenas mais uma inda e vinda do amor.