20- Novo trabalho.

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Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo.

- Ana Jácomo

         O Mark vai para sua viagem a trabalho e eu me concentro no meu trabalho como redatora. Admito que é uma maravilha trabalhar com editor-chefe que te escuta e concorda com suas opiniões. Acho que nós dois temos a mesma ambição sobre o jornal.
   No final da manhã, eu vou almoçar na casa dos meus pais e ficar um tempo com meu irmão. Assim que chego noto uma agitação da parte deles ao esconder o celular com minha chegada.

— O que estão vendo aí? — Pergunto.

Meu irmão limpa a garganta.

— Nada.

— O seu irmão estava mostrando uma foto do seu marido de braços dados com a secretária em um jantar ontem a noite. — Diz minha mãe.

Peço ao Eric para me mostrar e ele reluta, mas minha mãe toma a frente e meu pai sai para a sua oficina.
Vejo a foto do Mark de braços dados com a secretária Less, os dois estão muito elegantes.

— Não estou vendo nada demais nessa imagem. — Digo.

— Viu? Eu disse que a minha filha é uma mulher confiante. — Minha mãe me abraça.

— Por quê eu deveria ficar insegura?

Largo minha bolsa no sofá e caminho para a mesa, o Eric vem atrás sentando ao meu lado. A nossa mãe serve nossa comida.

— O papai não vai almoçar?

Minha mãe suspira alto.

— Ele só quer ficar sozinho. Você sabe, estamos perto da data da morte da vovó.

Meu sorriso se desfaz ao lembrar da dor que meu pai deve está sentindo nesse momento. Minha avó morreu há cinco anos de câncer de mama e quatro meses depois meu avô faleceu de causas naturais. Essa é a época  que meu pai se isola na sua oficina.

Termino de almoçar e ajudo a mamãe com a louça antes de ir até a oficina onde meu pai está pintando uma cadeira de balanço feita por ele mesmo. A oficina cheira a tinta e madeira. Observo ele por um tempo até que ele note minha presença. Ele levanta do chão e tira às luvas das mãos.

— Já está indo? — Pergunta.

Ignoro sua pergunta e vou até ele o abraçando, ele é pego desprevenido.

— Eu estou sujo e suado, você vai se sujar.

Abraço mais sua cintura e deixo minha cabeça descansar no seu peito. Ele fica parado sem emitir uma reação, porém não precisamos falar.

— Eu sei o quão triste o senhor está agora e ainda mais quando me ver. Sei que pareço com a vovó e isso o faz ficar mais triste. — Suspiro. — Mas, pai, sabe de uma coisa? A vovó e o vovô viveram bem e tiveram um filho maravilhoso como o senhor que herdou deles a capacidade de ser um ser humano responsável, amoroso e um ótimo pai. Por favor, não fique triste. Ver o senhor assim dói em mim.

Ele não responde nada, apenas me abraça de volta e começa a chorar silenciosamente. Afago suas costas e choro com ele porque a dor é maior nele, mas a compartilhamos já que os amamos com intensidades diferentes.

Recém casados.Onde histórias criam vida. Descubra agora