35 - Decisões.

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Viva o inesperado. O imprevisível. O impossível. O desconhecido. O improvável. Afinal, qual a graça de ter uma vida planejada?

jeanrosana

    No final de semana eu faço uma viagem sozinha pelo interior de San Francisco, o clima está frio mas bom o suficiente para pescar e se desligar de tudo. Eu sempre adorei pescar, a calmaria que isso nos acolhe é libertador. Acordo de madrugada no sábado e dirijo por duas horas até está na costa dos pescadores.
  Chego por volta das seis da manhã, tiro minha cadeira dobrável, a garrafa térmica com chá e o meus instrumento de pesca. Tem algumas pessoas na areia perto do lago, algumas são conhecidas. Me sento o mais distante possível e lanço minha vara de pesca no lago.

  Sento na cadeira fechando ainda mais o casaco e ajeitando minha touca na cabeça. Está mais frio do que imaginei, mas também tem todo silêncio que eu preciso. Me ajeito na cadeira enquanto me sirvo de um copo de chá de erva doce. Embora eu ame pescar isso não significa que eu sou boa.
   O silêncio nesse espaço faz minha cabeça clarear sobre o último acontecimento há três dias atrás; ainda não contei a ninguém sobre minha gravidez, nem eu mesmo acredito que eu esteja grávida. Porém, não é algo que eu possa negar.
Ignorar as chamas do Mark também não é muito adulto da minha parte mas é melhor que seja assim para que minha cabeça não fique mais confusa nesse momento. O cenário mudou com a notícia de uma terceira pessoa resultante dos nossos atos.

A única certeza que tenho é que não quero continuar ao lado de uma pessoa que eu não conheço, aturar insultos da sua mãe e ser tratada como uma falha. Eu cansei disso. Não quero que meu filho venha ao mundo sendo tratado de forma maldosa pela Cecília. Ela vai me acusar de ter engravidado para obter um pensão milionária do seu filho. E não, não estou preocupada quanto a mim, mas sim com o meu filho. Ele mal está formado dentro de mim e já se tornou a pessoa que mais devo proteger no mundo.

Irei considerar tudo nesses dois dias por ele.

Perto das nove da manhã, um grupo de pescadores me chamam para se juntar a eles nas mesas improvisadas onde estão reunidos assando peixes. Me aproximo de um senhor de idade com um sorriso gentil.

— Você pegou uma boa truta. Vai levar para casa ou compartilhar conosco no almoço?

Sorrio.

— A segunda opção. Onde quer que eu coloque? — Pergunto.

Ele aponta para uma cabana ao longe, é simples e tem algumas pessoas sentadas na varanda.

— Minha esposa pode cuidar dele.

Agradeço e caminho até a casa, a porta está aberta e ouço vozes vindo do interior. Uma senhora me convida a entrar.

— Kate, o Samuel mandou mais um peixe para você. — Avisa a mulher enquanto entro.

Encontro uma mulher da idade da minha mãe com o cabelo negro preso em um coque alto, ela é baixa e gordinha. Está de costas para mim na pia, ela olha para trás e sorri ao me ver. A mesa no meio de nós está repleta de bacias com peixes.

— Mais um? Coloque aqui ao meu lado, por favor. — Pede.

Faço o que ela manda recebendo um sorriso de agradecimento. De repete o cheiro forte de peixes faz meu estômago embrulhar, levo a mão até a boca enquanto a mulher me olha assustada.

Recém casados.Onde histórias criam vida. Descubra agora