10- Contas...

240 20 24
                                    

Ama-se quem se ama e não quem se quer amar.
– Florbela 

           O Mark e eu somos um perigo como casal pelo fato de ambos ser o mais economista possível, é por isso, que no final do mês nós dois nos sentamos na cadeira da mesa redonda da cozinha e tentamos aplicar nosso salário em nossas dívidas.
  O Mark fica responsável pela contas da casa em geral e eu com o pão colocado em nossa mesa, o Mark ajuda também com isso. Nosso salário no começo nos causava dor de cabeça e horas extras no trabalho. Agora, só ficamos um pouco apertados depois do meu ato de bom samaritana por uma informação.

— Esse mês é a última parcela da hipoteca da casa. — Diz o Mark.

Faço que sim com a cabeça.

— Acho que vamos ficar apertados com as faturas do cartão de crédito, eu estourei o limite nesse último mês. — Suspiro, vendo às fraturas.

O Mark às pega da minha mão e dar uma olhada com uma ruga na testa. Por um momento penso que ele vai me dar um sermão, mas apenas suspira e devolve a fratura a montanha de papéis no meio de nós.

— Temos uma boa economia do mês passado, podemos pagar a fratura no prazo.

— Sério? — Respiro aliviada.

Ele puxa uma mecha do meu cabelo e sorri. Em plena sexta á noite e estamos organizando nossa planilha familiar. A vida a dois é bem mais complexa do que às pessoas acham. O casamento em geral.
A partir do momento que um homem e um mulher decidem morar juntos em uma casa própria, o cenário de namoro e vários presentes em datas comemorativas se torna um martírio.

   Enquanto continua no namoro, tudo vai bem, mas depois do casamento realmente percebemos que às contas são mais importantes que presentes para aniversário de namoro, casamento entre outros – mas o de casamento realmente não pode faltar.

— Ainda é cedo e eu tenho dinheiro na carteira. O que acha de irmos comer uma pizza fora e você apaziguar seu estresse com uma cerveja gelada? — sugere.

Ergo a sobrancelha:

— Você realmente tem dinheiro sobrando? — brinco.

Ele levanta, caminha até a sala onde seu blazer está e volta com a carteira, verificando. Olha para mim e assente.

— Podemos até comprar alguns churros no caminho para casa.

— Você quer me ver gorda e dependente de você, não é? — Riu.

— Isso nem passou pela minha cabeça, senhora Cornell. Vá se trocar e eu organizo esses papéis.

Dou um pulo da cadeira e agarro seu rosto dando vários beijinhos nos seus lábios antes de tirar minha roupa surrada e substituir por uma regata branca com uma jaqueta jeans e um short; prendo meu cabelo em um coque firme e encontro com o Mark já arrumado com seus jeans e blusa de animação que é sua marca registrada.

— Está pronta? — pergunta quando me ver descendo às escadas.

— Como pode ver, querido.

Ele sorri pega às chaves do carro e da casa antes de saímos e trancar tudo.
Temos uma noite relativamente romântica, com direito ao Mark ficando ranzinza ao me ver bebendo além da conta e ficando mais animada que o normal. Ele odeia quando fico bêbada, ou melhor, ele odeia pessoas bêbadas. Mas como ele mesmo deixou claro é melhor eu beber na presença dele.
Me sinto mais leve e feliz quando saímos da pizzaria de mãos dadas e caminhamos até o lugar onde estacionamos o carro. Olho de lado para meu marido absorvendo a sensação da mão grande e quente dele segurando de forma firme a minha, e seu perfume discreto e másculo. Algumas pessoas olha para nós andando de mãos dadas e outras apenas continua com seu caminho... Se ela ao menos soubessem o quanto me sinto sortuda por está assim nesse momento.

(...)

Horas depois estamos deitados na nossa cama enrolados no endredom completamente nus depois de temos feito amor, fitando um ao outro.

— O que foi? — sussurro.

Os olhos negros estão no meu rosto de maneira terna, ele estica o braço e com o polegar começa a circular o desenho da minha maçã do rosto.

— Às vezes me pergunto se realmente é real eu está casado com uma mulher linda e inteligente como você — .Responde, a voz rouca.

Abro um sorriso e seguro a mão que está no meu rosto levando ela para meus lábios logo depois. Ficamos apenas nos olhando, e pela primeira vez percebi que eu deveria ter dado mais valor a esse momento.

Recém casados.Onde histórias criam vida. Descubra agora