Recém casados.

28 - Eu sabia?

Algumas pessoas nunca dizem uma mentira - se souberem que a verdade pode magoar mais.

–Mark Twain

   Como se fosse um presente dos céus, consigo ir para casa um dia antes do previsto, isso vai me dá mais chances de receber a família do Mark que chega amanhã, quarta-feira, para ir embora na segunda-feira da próxima semana.
Meu vôo é a noite; resolvi não dizer nada ao Mark para fazer uma surpresa, vou chegar por volta das oito da noite e se ele não estiver em casa pretendo fazer um jantar e o esperar. Ninguém além do David sabe que estou chegando hoje.
    Pego um táxi até em casa assim que o avião aterriza, quero compartilhar com o Mark a nova conquista do jornal e sobre a viagem na sexta-feira pessoalmente, tenho certeza que ele ficará tão feliz quanto eu e espero que ele me acompanhe; quero ele comigo durante toda a premiação para que me ajude a controlar a minha ansiedade.

— Aqui está. — Entrego uma nota de 50 dólares ao taxista deixando ele ficar com o troco.

Paro na frente da minha casa que está completamente iluminada e suspiro feliz, arrasto minha mala pela entrada até abrir a porta e entrar no vestíbulo. Ao passo que estou entrando consigo ouvir vozes... A voz do Mark e de mais três pessoas. Chego na sala e encontro meu marido, a secretária Less e outra mulher mais velha parecida com a secretária Less e minha sogra sentados no sofá conversando alegremente e bebendo vinho.

O Mark é o primeiro a notar minha presença.

— Elizabeth?

Deixo meu sorriso entusiasmado ser substituído por um forçado. O Mark levanta e vem até a minha direção.

— Essa é Amanda, ela é a mãe da secretária Less. Amanda, essa é minha esposa Elizabeth.

Faço um breve cumprimento a senhora e um silêncio de alguns segundos pairam no ar, os olhos da minha sogra estão sobre mim com a expressão de insatisfação.

— Quando você chegou, Cecília? — Pergunto.

Ela suspira.

— Hoje pela manhã. Resolvermos passar o dia de ação de graças na casa do Mark, o irmãos do Mark e o meu marido estão chegando amanhã. — Ela sorri para a senhora Less. — Espero que não se incomode por eu ter chamado a Hailee e a sua mãe para passar o dia de ação de graças conosco.

Sim! Eu me incomodo porque é a minha casa e eu odeio a secretária Less.

Olho para o Mark:

— Podemos conversar um minuto?

Meio constrangido ele assente, subo às escadas deixando minha mala para ele trazer para cima. Espero ele no quarto respirando fundo e controlando minha raiva.

— Por quê não disse que estava chegando hoje? Eu teria indo te buscar no aeroporto. — Diz entrando.

Me viro para ele.

— Teria ido mesmo? Eu tentei falar com você uma porção de vezes essa semana e só ouvir da secretária Less que você estava em reuniões. Mark, eu passei uma semana sem falar direito com você e tento fazer uma surpresa, mas sou eu! Eu que sou surpreendida — Rio sem humor algum. — Sério? O pai dela também vai passar o dia de ação de graças com a gente?

O Mark passa a mão no cabelo.

— Querida, o pai dela faleceu há algum tempo e não fui que convidei, foi minha mãe.

— Sinto muito pelo pai dela. Mas dia de ações de graças é uma reunião de família!

Ficamos em silêncio olhando um para o outro, ele dá um passo na minha direção e eu recuo.